Capítulo 18: Sonhos cancelados

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AVISO: O CAPÍTULO CONTÉM CENAS DE VIOLÊNCIA E ABUSO. SE VOCÊ É MENOR DE IDADE OU É SENSÍVEL A ESSE TIPO DE CONTEÚDO, RECOMENDO QUE NÃO LEIA ESSE CAPÍTULO.
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     Depois de tudo isso, um pequeno flash de memória se fez presente em minha mente em um momento angustiante de dor. Me senti confusa pois não me lembrava se já havia vivido aquele momento tão nitidamente como me foi mostrado naquele fragmento, mas foi incrível como aquilo se pareceu com um fio de esperança.
     Mamãe acabara de preparar um rosbife com purê de batatas e limonada, precisávamos de uma rápida refeição pois mesmo que não fosse uma viagem planejada, papai não gostava de se atrasar. Meu adorável irmão que não parecia muito animado com a nossa viagem foi o primeiro a finalizar o seu almoço, o sorriso de mamãe ao ver a situação dele foi o melhor.
     Me perguntei sobre o porquê daquele fragmento se fazer presente justo naquele momento, mas então sou surpreendida com mais um. Me vejo em Frankenmuth, a pequena bavaria de Michigan, uma das comunidades de imigrantes mais famosas. A arquitetura do local me encantava e fazia meu irmão Jared querer tirar mais fotos, me lembrei de rir quando por um descuido ele quase deixou sua câmera cair no chão.
     - O que acha de tirarmos uma foto? Precisamos atualizar a prateleira da sala. - sugeriu mamãe, com os braços apoiados em mim e Jared.
     Concordamos, o papai foi o primeiro a se posicionar para a foto.
     Uma foto de três pessoas sorrindo e uma careta ficou registrada no temático ar livre bávaro. Foi a primeira vez que algo daquele tipo aconteceu.
     Por um momento essa lembrança me fez esquecer de tudo o que eu estava passando, de toda a dor, de todo o meu sofrimento. Mas infelizmente isso era só um sonho - um pequeno flash de memória que me fez lembrar dos bons e velhos tempos de infância, em que eu era uma criança feliz - mas um sonho que não durou muito tempo, me trazendo de volta para a minha realidade triste e dolorosa.
     Abri os meus olhos ainda sentindo a dor e a fraqueza que me dominavam, mal conseguia levantar a cabeça para olhar ao redor. Eu estava cansada, só queria que tudo acabasse. Vi Eldon sentado a minha frente, me encarando com aquela expressão indecifrável. Eu permaneci de cabeça baixa, em um silêncio absoluto esperando por um fim.
     - Finalmente a Bela Adormecida acordou. - disse ele, sorrindo.
     Continuei de cabeça baixa, sem ligar para o que ele dizia. Aliás, nada mais importava.
     - É impressionante como você se parece com ela!
     Continuei de cabeça baixa.
     - Sim, você é idêntica à sua mãe quando era mais nova. Você tem o mesmo cabelo castanho caído sobre os ombros, a mesma pele macia... - ele parou, mordendo os lábios. - A mesma boca sedutora que eu já me imaginei beijando.
     Com esforço levantei a cabeça, o encarando.
     - O que?
     Ele se levantou e começou a andar enquanto falava:
     - Sim, eu já fui louco por ela. Você não sabe as vezes que eu já me imaginei fodendo-a com força. Ela com todo aquele corpo colado ao meu e eu a penetrando e gozando dentro dela. - ele soltou um gemido.
     - Chega, cala a boca. Você é um nojento, miserável. PARA DE FALAR ASSIM DA MINHA MÃE! - eu disse, indignada. - Ela nunca iria querer nada com um homem imundo igual você.
     Ele engoliu em seco e disse:
     - Tudo bem, agora eu tenho você.
     Ele me encarou com os olhos frenéticos, como se eu fosse um objeto muito valioso.
     - Tão linda! - ele disse, babando.
     - O que você quer? - perguntei enfurecida.
     - Eu quero você. - ele parecia estar encantado, pois não movia nenhum músculo sequer, apenas me encarava com um olhar malicioso.
     Foi quando percebi o que ele pretendia e comecei a gritar e me contorcer sobre aquela cadeira. Eu soluçava e chorava em desespero, gritando em negação.
     - NÃO... NÃOOO! SOCORRO, ALGUÉM ME AJUDA! - eu gritava.
     Ele deu uma risada de divertimento, os ecos reverberaram pelo porão.
     - Pode gritar o quanto quiser, Eleninha. Ninguém virá para você. Esta noite você será toda minha.
     Eu chorei desesperada tentando me desvencilhar das amarras. Ele começou rasgar as minhas roupas, deixando as minhas roupas íntimas a mostra. Eu vi o volume entre as suas calças.
     - Por favor, não!
     - Sim! - disse, com um sorriso cheio de dentes amarelos.
     Tentei me mover na cadeira em vão, por um momento perdendo as forças.
     - N-não, e-eu...
     - O que? Quer dizer alguma coisa antes de eu fodê-la por inteiro? - completou ele. - Muito bem, então me diga.
     - E-eu, eu sou... - por um impulso eu disse, gaguejando.
     - Virgem? - perguntou.
     Eu abaixei a cabeça com vergonha, virando o meu rosto para o lado deixando as lágrimas escorrerem.
     Sim, eu era virgem.
     - Você é virgem? - ele perguntou, aproximando seu rosto do meu e segurando meu queixo, o sorriso débil não saía do seu rosto.
     - Sim. - respondi envergonhada em um sussurro muito baixo em meio às lágrimas.
     - Ótimo, ah... eu serei o primeiro. - ele disse.
     - Por favor... - disse com a voz fraca.
     Em um solavanco ele terminou de rasgar as minhas roupas.
     - Você tem que implorar, meu doce, gosto quando imploram.
     - Por favor. - as lágrimas vieram abundantes. - Você já teve o que precisava, você não tem que fazer isso.
     - Ainda não, eu preciso de você. - ele disse. Seus olhos medonhos e cheios de intenções me amedrontam, então me calo olhando com medo para o seu rosto.
     Ele avança seu rosto contra o meu, tentando me beijar e desliza seus dedos pelo meu corpo, apalpando meus seios. Um nojo faz meu corpo todo tremer, sinto seus dedos soltando as minhas mãos e em seguida retirando meu sutiã.
     - NÃO... PARA POR FAVOR! - eu implorava.
     Então ele começa a descer beijando todo o meu corpo, ele abaixa a minha calcinha dando alguns beijos em minhas partes íntimas enquanto eu chorava e sentia repulsa. Depois ele desce soltando os meus pés e me pega no colo, me levantando e me tirando daquela cadeira.
     - PARA... ME SOLTA! - eu gritava.
     Eu me debatia em seu colo mesmo com dificuldade por conta dos ferimentos, tentando fugir do meu destino cruel, mas nada que eu fizesse iria adiantar. Ele me deitou no chão e começou a subir em cima de mim, abaixando sua calça e tirando seu membro para fora.
     - NÃO FAÇA ISSO! PARAAA... - eu gritava, desesperada.
     Mas ele não me ouvia, ninguém me ouvia. Eu tentava sair debaixo dele, mas ele era muito forte e me segurava com toda a sua força para que eu parasse de me mexer. Eu o batia e o arranhava até que ele se enfureceu e me deu mais um murro na cabeça, fazendo eu me sentir tonta e desnorteada.
     Com as suas mãos ele afastou as minhas pernas e, em seguida me penetrou com força e sem nenhuma piedade. Eu gritei... gritei de dor, de desprezo, de revolta.
     - Geme vadia... - a sua voz ecoou dentro da minha cabeça. - É disso que você gosta, não é?! GEME, ELENA! - ele tornou a gritar.
     E eu gemia, mas não de prazer. Eu gemia de dor, de sofrimento.
     Eu apenas soluçava e me contorcia, tentando fechar as minhas pernas. Mas eu não conseguia, ele me segurava firme. Senti um líquido quente dentro de mim. Eu ia e vinha no chão imundo daquele maldito porão, me molhando na poça do meu próprio sangue que já estava ali. O chão arranhava as minhas costas.
     - Grita, vagabunda... - ele falou alto no meu ouvido.
     E eu gritei.
     Mas ninguém, ninguém nessa droga de cidade me ouvia.
     Mãe?
     Pai?
     Dean?
     Não.
     Ninguém viria me ajudar.
     Algum vizinho?
     Não, nenhum.
     Deus?
     Não, pelo jeito ele havia se esquecido de mim.
     Eu estava sozinha, morrendo.
     - Já chega... - eu sussurrava.
     Suas estocadas eram rápidas e me machucavam, assim como machucavam meu coração.
     - Termina quando eu disser... quero que você sinta dor. - ele disse, por fim gemendo.
     Eu repugnava olhar no rosto do monstro que estava me matando, que estava destruindo todos os meus sonhos. A garota meiga e inocente se foi, aquela que sonhava com um grande amor. Que imaginava uma coisa linda e perfeita, sem nenhuma pressão. Uma coisa que ela decidiria no tempo certo e com a pessoa certa. Essa garota se foi.
     Agora só resta uma garota fraca e cansada, cheia de mágoa e ressentimento. Uma garota que não acredita em mais nada, tudo o que ela acreditava desapareceu. O amor agora não significa mais nada.
     - Já chega, acaba com isso... - implorava.
     Não tinha mais razões para viver.
     - Ah querida, você não me ouviu? Termina quando eu disser.
     Depois de mais alguns minutos naquela posição ele me virou de bruço e continuou me estuprando cruelmente, enquanto eu permanecia imóvel, sentindo nojo e desprezo. Ele me empurrava com força, me dando tapas e soltando risadas esganiçadas. Aquilo durou por mais alguns minutos, quando o nojento chegou ao limite e saiu de cima de mim. Ele me deixou jogada no chão como se eu fosse um lixo e se levantou, me olhando com arrogância, em seguida cuspindo em mim.
     - Até que você é gostosinha. - ele disse.
     Fiquei em silêncio, deitada no chão esperando a minha morte. Nada mais importava, só queria que tudo acabasse.

Continua...

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Notas da autora:

     Estupro é crime e quem comete esse ato horrível merece ser punido. Se você já sofreu ou sofre esse tipo de abuso, ou conhece alguém que esteja passando por isso, denuncie. Ligue 180.

Até o próximo capítulo!

Sozinha Com Um Psicopata Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon