D E Z E M B R O

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L O U I S

Às vezes eu me pergunto por que não conseguia ver o que estava acontecendo. Quero dizer, era óbvio para absolutamente todo mundo. Deveria ser óbvio para mim. Depois daquela noite no telhado, não consegui pensar em mais nada por dias. Só na forma como ela terminou, em como meus lábios ficaram macios e diferentes por horas depois, em como eu continuei tocando neles. No acordo ridículo que fizemos. Na minha impaciência para Liam sair logo para a aula nas terças e quintas de manhã, para eu ficar sentado na cama esperando a batida dele. Duas batidas, sempre duas.

Eu ia até a porta e a abria, e lá estava ele, acabando com o medo que eu tinha de aquele ser o dia em que ele não apareceria. Lá estava ele deitando na minha cama e correndo a boca por todo o meu corpo, passando as mãos por todo o meu corpo, respirando ofegante e quente no meu pescoço enquanto eu fingia que meu coração não estava prestes a explodir com os sons, o cheiro e o gosto dele.

Não sei por que eu não compreendia. Acho que estava com medo. Nunca imaginei que pudesse haver tanto êxtase no medo.

Ele está me evitando há uma semana. Mais de uma semana. Dez dias. A princípio, não me dei conta. Estava cego demais sobre o que quer que estivesse acontecendo, então fui encontrar meu pai para um brunch. Ele queria conversar sobre o “meu futuro”. Só que a conversa foi mais desconfortável do que nunca, porque parte de mim assentia alegremente, pensando Sim! Vou conseguir um ótimo estágio no verão, mas outra parte só ouvia o coro de cretinos dizendo Não com a sua bunda na internet!

E, enquanto isso, a nova parte do meu cérebro dedicada a só pensar em Harry estava ocupada comemorando feito uma adolescente: Eu fumei um baseado e fiquei com Harry no telhado, ahmeudeus. Isso quer dizer que viajei várias vezes durante a conversa, disse coisas estranhas e recebi como resposta algumas franzidas de testa do meu pai, que não entendia por que eu estava tão esquisito. Voltei para a universidade no domingo à tarde e mandei uma mensagem de texto para Harry avisando que tinha chegado. Ele respondeu: Bacana.

Bacana.

Quem é que diz bacana?

Não sei, mas me convenci de que era até bom ele não parecer tão animado para me ver. Nós provavelmente precisávamos de algum tempo separados, alguns dias para entender o que aquele episódio no telhado significava. E como eu havia acabado de ter uma conversa séria com meu pai, admito que imaginei que talvez fosse melhor ficar um pouco afastado de Harry, para pensar no que iria fazer.

Assisti muito a TV e vi um monte de filmes ruins com o Liam. Fui ao quarto de Niall com Zayn, bebi cerveja e dei risada com Madrugada Muito Louca. Não pensei no que estava fazendo. Também não apareci na padaria. Teria ido na terça à noite, mas Harry em geral me manda uma mensagem perguntando se eu vou, e não mandou. Então não fui. Preferi dormir. A noite toda, como uma pessoa normal. Fiz o mesmo na quarta à noite. Na quinta, mandei quatro mensagens, mas ele não respondeu.

Na sexta, mandei outra. Porra, Harry?

Ele respondeu três horas depois. Desculpe. Ocupado.

Sábado, domingo – nada. Fui ao treino de rúgbi e consegui fazer meu primeiro bloqueio de verdade. Depois saí com Niall e Liam. Perguntei ao Niall se tinha visto Harry depois do feriado e ele respondeu:

– Sim, por quê?

Por nada.

Na segunda, porém, todas as coisas em que eu não queria pensar ficaram evidentes. Eu estava começando a me sentir péssimo. O coro de cretinos ficou mais barulhento. Você sabia quando o convidou, eles diziam. Sabia quando pediu que ele levasse a maconha. Você queria que ele comesse você em cima daquele telhado. Queria? Não me lembro. Não consigo decidir. Tudo parece muito nebuloso. Naquela noite, eu desmoronei e contei ao Liam o que havia acontecido. Ele ficou furioso com Harry.

ProfundoDär berättelser lever. Upptäck nu