M A R Ç O

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L O U I S

Tivemos cinco semanas. Brinquei com Harry por ter contado os dias que ficamos separados, apesar de eu mesma tê-los passado me arrastando, duvidando de mim mesmo, arrasado de tanta saudade dele. Mas, quando ficamos juntos – as duas últimas semanas de fevereiro e as três primeiras de março –, foi tão bom que cada dia parecia um aniversário.

Cada um deles parecia especial, digno de ser guardado para sempre na memória, conservado, escondido do mundo. Noites na padaria. Banhos juntos na casa dele, lanches silenciosos na cozinha, tentando não acordar Zayn, rindo baixinho. Manhãs na cama, mãos e bocas misturadas, o ritmo lento e lindo do corpo dele dentro do meu. A forma como ele se mexe sempre me leva à loucura, mas nada se compara com as vezes em que se mexe dentro de mim. Nada. Eu não sabia que podia ser assim. Tão sacana e tão gostoso. Tão maravilhoso e perfeito.

Durante essas cinco semanas, ficamos juntos o tempo todo. Voltei à minha rotina de vampiro, dormindo durante as tardes, acordando no meio da noite e indo me encontrar com ele na padaria. Estudava na biblioteca quando ele estava trabalhando lá – me instalava em uma seção do quarto andar e esperava em silêncio até ele passar com o carrinho de devolução de livros. Enterrava os dedos em seus cabelos quando ele se ajoelhava embaixo da mesa, mordia o polegar para não gritar, gozava nos dedos e na boca dele, escandaloso, transgressor e feliz.

Beijávamo-nos no refeitório. Andávamos de mãos dadas pelo campus. Apostávamos corrida nos trilhos do trem, um em cada trilho, tentando nos equilibrar com os braços estendidos, empurrando as mãos um do outro para ver quem conseguia ficar de pé por mais tempo, quem caía, quem ganhava. Foram as melhores semanas. No final de fevereiro, no pior frio, eu tinha Harry, e nós éramos bonitos e inteligentes, amigos e amantes, rindo o tempo todo. Rindo até meu rosto e minha barriga doerem e eu precisar pedir a ele que parasse, porque era tão bom que doía.

Eu o amava. Não lhe dizia isso, mas era óbvio. Óbvio para mim, óbvio para Harry. Óbvio para qualquer um que estivesse prestando atenção.

Harry está sentado na beirada do colchão, debruçado sobre o telefone. Ele tem aula às oito horas. Eu só preciso me levantar daqui a uma hora, mas já estou acordado. Harry teve ideias. Tudo bem, o pênis de Harry teve ideias. Acordei com ele beijando meu pescoço, a mão pesada e quente na minha barriga, a ereção pressionando a minha bunda.

– Bom dia? – falei.

Não foi uma afirmação porque eu não estava tão certo assim. Nem se era bom ou se já era dia.

– Mmm.

Só foi preciso isso para me convencer. Ele tem um jeito de zumbir baixinho, um som suave e delicioso que me faz vibrar. É tão sexy... Tão Harry. É só ele fazer mmm e eu topo. Quero dizer, como reclamar quando se está com um cara lindo e legal que acorda você com a pressão lenta e inexorável de seus dedos na sua boxer, abrindo suas dobras, deslizando por sua bunda e para dentro de você?

Não há como. Ele me fez respirar pesado, me virou de bruços, posicionou um travesseiro embaixo da minha barriga e entrou em mim por trás, com a mão no meu pênis, beijando meu pescoço e meus ombros até eu gozar tão forte que vi estrelas. Depois de cair em cima de mim como um homem-lesma gigante, ele tomou um banho e agora é o Harry cheirando a sabonete, com os cabelos molhados. Ainda estou aconchegado na cama e relaxado pelo sexo, e ele está assoviando, acariciando a minha perna nua, lendo suas mensagens de texto.

– Quem mandou mensagem?

– A Gems.

– O que ela está aprontando?

ProfundoWhere stories live. Discover now