Capítulo 11 - Ian

1.4K 132 26
                                    

Ainda não conseguia entender como Helena podia ser tão fria com algo tão devastador, tão doloroso, como a perda de um filho. Pensei em sua facilidade em aceitar uma possível traição da minha parte e em troca de quê? Status e dinheiro? Era realmente como se eu visse uma pessoa completamente diferente diante de mim. Como eu pude deixar isso tudo chegar nesse ponto?

Era frustrante. Quando decidimos nos casar, era tudo tão diferente. Éramos apaixonados, tínhamos tanto em comum.

Um belo dia, do nada, tudo mudou.

Enquanto minha mente continuava digerindo os acontecimentos recentes, eu continuava a dirigir sem rumo, até que me vi parado em um endereço relativamente conhecido. Há semanas atrás, seria apenas uma das incontáveis ruas estupidamente movimentadas de Manhattan. Agora, de alguma forma, foi onde eu vim parar depois de uma manhã caótica.

Em todos esses anos morando em Nova Iorque, eu nunca tinha encontrado uma razão para vir até aqui. Para ser sincero, eu nem pensava nisso. Eu só conhecia os doces porque Nora amava os produtos de lá. Só que, agora, meu carro estava estacionado bem na frente daquela confeitaria. Fiquei olhando para a entrada da loja por alguns minutos, até que finalmente decidi entrar.

Quando entrei, não me surpreendi com o que encontrei ali.

O ambiente era aconchegante e acolhedor, definitivamente bem diferente de qualquer restaurante daquela região. Depois de ter estado na casa dela, não era surpreendente pensar que Allison faria daquele lugar um ambiente familiar, ainda que aquele fosse o seu local de trabalho. O estilo era um pouco vintage, os móveis tinham, em sua maioria, um tom de vermelho bordô, mas também haviam elementos em madeira que davam um ar mais campestre para aquele lugar. Era tudo adorável e, mesmo parecendo que eu tinha entrado na sala de jantar da família mais simples e feliz do país, tudo ainda tinha um quê de sofisticação que nenhum magnata do petróleo pudesse sonhar em colocar defeito. Sem contar o cheiro de canela e açúcar no ar, que definitivamente era um atrativo.

Allison estava no balcão e, ao lado dela, estava Liv. Sorri ao vê-las rindo enquanto Liv comia um dos doces dispostos em um pequeno prato que descansava entre elas duas.

— A sua sorte é que eu estou com muita saudade de você. O suficiente para ignorar a possibilidade de você entrar no barato do açúcar. – Allison comentou, enquanto olhava a filha.

— Qual a graça de ter uma mãe que faz os melhores doces, se eu não puder comê-los? – a menina perguntou, usando o charme com o qual eu já estava me sentindo terrivelmente familiarizado – Eu sou sua melhor estratégia de marketing!

— Eu não quero a academia americana de pediatria no meu pé, por deixá-la desenvolver diabetes. – Allison pegou o doce da mão de Liv, que estava prestes a protestar – Hum, realmente delicioso! – Allison declarou ao enfiar o restante do doce em sua boca.

— Mãe!

Ri ao observar a cena.

Eu não pretendia chamar a atenção de nenhuma delas, a cena estava adorável demais para eu interrompê-la, mas, aparentemente, foi inevitável. Só me dei conta de que tinha rido, quando as duas se viraram em minha direção.

— Ian! – Liv foi a primeira a manifestar alguma reação, me recebendo com um sorriso empolgado.

Allison parecia ter sido pega de surpresa, mas disfarçou o choque rapidamente com um sorriso fraco.

— Olá, mocinha! – cumprimentei Liv, aproximando-me do balcão e dando um beijo em sua testa. Ela retribuiu o gesto, beijando a minha bochecha, ainda sorrindo despreocupadamente. – Como você está?

— Estou bem! Sabia que foi meu aniversário semana passada? – perguntou de um jeito que me mostrava que ela já sabia a minha resposta para essa pergunta, e que também não era exatamente a pergunta que ela queria me fazer.

Destinos Cruzados || Henry CavillWhere stories live. Discover now