Destinos Cruzados || Henry Cavill

Capítulo 47 - Allison

Me mudei para Nova Iorque há quase dez anos, deixando tudo relacionado ao Arizona para trás. Aquele tinha sido o lugar onde eu nasci, cresci e garanti lindas memórias, que me acompanhariam pelo resto da vida, claro.

Mas quando eu olhava para o passado, também era impossível desviar os olhos das memórias que eu gostaria de esquecer.

Também tinha sido no Arizona que eu descobri que era falso o amor que eu achava ser pra vida inteira. Tinha sido no Arizona onde eu vivi a pior dor da minha vida; a dor de perder minha filha.

Aquela dor nunca me deixou de verdade, eu simplesmente aprendi a lidar com ela. Anos de terapia foram cruciais para que eu não me permitisse ser engolida viva pela dor.

E, é claro, tinha sido no Arizona onde o meu milagre tinha me encontrado.

Olívia sempre seria a melhor coisa que me aconteceu, aqui e em qualquer lugar.

Ainda assim, eu não tinha prazer algum em voltar e muito menos via o Arizona como meu lar.

— Está mais quente do que eu me lembro.

Foi a primeira coisa que eu falei ao desembarcar do avião.

No instante em que o avião pousou no Phoenix Sky Harbor e as portas do avião se abriram, eu já me preparava para a temperatura externa. Tirei o casaco leve que eu vesti apenas para me proteger do frio do ar condicionado e senti o vento quente contra o meu rosto assim que cruzamos a porta de saída da aeronave.

Eu não tinha palavras pra expressar o quanto eu detestava sentir calor, sempre me deixava mau humorada.

A animação de Olívia era o que me impedia de pensar demais na temperatura.

Ian ria das coisas que ela falava, brincando com ela e apontando lojas no interior do aeroporto.

Não demoramos muito dentro do aeroporto e fomos direto para o local onde pegaríamos o carro, alugado no nome de Kevin.

— Vamos ver a vovó hoje? – Liv perguntou assim que Ian deu partida no carro.

Eu ainda não tinha contado sobre a gravidez para a minha mãe. Eu sabia que ela, naturalmente, faria perguntas. Perguntas que eu não queria ter que responder agora, como, por exemplo:

"Grávida de quem?" que automaticamente viria acompanhada da pergunta "Mas ele não é casado?"

Independentemente de tudo, eu sabia que minha mãe amaria essa criança tanto quanto ama Olívia.

Era eu quem não estava com disposição para perguntas e respostas, mas evitá-las já não era uma opção.

— Ainda não sei, querida. – respondi com um sorriso fraco – Vamos chegar em casa primeiro, ok?

— Ok! – ela concordou rapidamente, empolgada com tudo e com nada.

Dei uma risada.

Respirei fundo e descansei minha mão sobre a minha barriga, a blusa que eu usava era um pouco larga, mas era possível ver a curva da minha nada discreta barriga. Apesar de não estar ansiosa pelas perguntas da minha mãe, eu estava louca para vê-la.

Toda a situação era esquisita, pra dizer o mínimo, e eu não sabia por onde começar a explicar.

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Quando chegamos na casa de Kevin, fiquei realmente impressionada. Não era uma mansão, mas era grande o suficiente para nós três. Sofisticada, mas discreta. Não era difícil acreditar que Kevin tinha escolhido a dedo cada detalhe daquela casa. A decoração era bem simples, mas tudo dava uma enorme sensação de aconchego. Havia porta retratos nos móveis, onde pude ver pela primeira vez o rosto da ex-esposa de Kevin.