Destinos Cruzados || Henry Cavill

Capítulo 14 - Helena

Eu estava exausta.

Toda essa agitação de divórcio e viagens de última hora, me consumiam de uma forma que poucas palavras seriam capazes de explicar com precisão. Depois da breve discussão com Ian, me vi acordando sozinha em sua enorme cama king size. Eu realmente nunca fiz questão de ficar nesse apartamento durante as minhas breves passagens pela cidade, mas eu tinha que admitir, ele sabia viver bem.

De qualquer forma, qualquer conforto oferecido não diminuí o peso do fato de que o meu marido tinha deliberadamente escolhido não passar a noite ao meu lado. Eu, além de exausta, estava furiosa.

Primeiro por essa história toda de divórcio, depois pela facilidade com a qual ele me desprezou. Isso nunca tinha acontecido antes! Ele nunca tinha negado nada a mim, muito menos sexo. Eu ainda não acreditava no nível da frieza que ele teve ao falar comigo, ao reagir às minhas investidas.

Ian era um Golden Retriever em forma humana. Bastava você se oferecer para coçar a barriga e as suas orelhas, e ele já estava completamente rendido aos seus encantos. Vê-lo me rejeitar, me fazia sentir que eu não estava errada em acreditar que havia, sim, uma outra mulher nessa história. Ele jamais escolheria me deixar, se não fosse por algo de muita importância pra ele.

E o meu marido é um romântico.

Levantei-me e fui até o banheiro, tomei um longo banho quente e fui me vestir.

Optei por um vestido macacão de veludo em tom vinho, com decote oval na parte da frente e um decote nas costas, ornados em pedraria negra. Completei o look com um par de sapatos Valli e optei por não usar joias, com a exceção do anel de noivado que ganhei de Ian. Um anel delicado de ouro negro, com um poderoso rubi central, adornado de diamantes.

Quando desci até a cozinha, encontrei Nora, a governanta de Ian, me esperando com a mesa posta para o café da manhã.

— Bom dia, Sra. Dalgliesh. – ela me cumprimentou educadamente – Espero que o café da manhã esteja do seu agrado.

A mesa estava farta, como eu esperava e, bem, eu estava precisando mais do que eu imaginava.

— Está tudo ótimo, Nora. – falei sentando-me à mesa – Quando eu sair, você pode, por favor, pedir que arrumem novamente as minhas malas e mandem para o Four Seasons? A reserva está em meu nome e eles já estão esperando.

Esperei por uma resposta, mas quando olhei para ela, seu rosto não me dizia muita coisa.

— Como desejar. – limitou-se a dizer.

— É isso? – questionei com certo sarcasmo, observando-a caminhar em direção a saída do cômodo – Achei que haveria algum comentário ácido. Sua língua muitas vezes parece um chicote.

Nora virou-se minimamente, apenas o suficiente para que eu visse o pequeno sorriso em seus lábios.

— Eu me contento em vê-la partir. – seu sorriso cresceu à medida que minha expressão azedava – Com licença, vou arrumar suas coisas.

— Pensei que Ian fosse contra você arrumar malas por aqui. – alfinetei – Você não é paga para ser a irmã dele?

— Eu imagino que você não esteja mesmo familiarizada com o conceito de tratar os seus funcionários com o mínimo de decência. – ela sorriu, me olhando – Mas, felizmente, Ian não é nada como você. – declarou, ainda sorrindo. Abri a boca para respondê-la, mas ela me cortou antes que eu pudesse dizer algo. – Ainda assim, as suas malas, eu faço questão de preparar.

Aquela maldita. Insolente!

Sentia o ódio borbulhar no fundo do meu estômago, mas engoli a fúria e tentei manter a calma ao respondê-la.