Rainha Sombria - A Ordem da Rosa #2

Capítulo 35

Uma semana tinha se passado desde a minha conversa com Lara, suas obrigações políticas estavam mais intensas do que nunca. Encontros com duques e jantares com a corte pareciam tomar todo o seu tempo.

Tentei conversar com o rei, mas ele parecia me evitar, sempre com alguma desculpa de compromissos importantíssimos, ou quando conseguia trocar meia dúzia de palavras, ele sempre falava para não me preocupar, que logo Dakar cumprira seu destino.

Sondei outros comandantes e até mesmo os soldados, para ver se tinham alguma noticia de nossas tropas que estavam fora. Eu estava desconfortável com a nossa precária segurança.

Resolvi que enquanto eu estava dando soco em ponta de faca com o rei, pelo menos poderia ajudar a melhorar as minhas tropas. Todo dia fazia os soldados treinarem arduamente, ficava fazendo vigilância para eles não fazerem corpo mole e também, aprenderem a não deixarem mais nenhum intruso escapar.

No final da primeira semana, o rei convocou uma reunião. Estávamos no salão de guerra, uma mesa redonda, com cadeiras dispostas ao se arredor, se destacava na sala.

Sentados a mesa, se encontrava o rei, sua filha, os conselheiros financeiros e dois duques, esses eram os únicos homens que tinham um exército considerável pessoal em suas terras.

Eu fiquei de pé ao lado da mesa perto de sua majestade. O rei começou a discursar sobre como Dakar estava para encontrar templos de glória, que finalmente, após tantos anos, conseguiríamos entrar num período de paz.

Todos os olhavam com curiosidade, pois sua majestade estava empolgada com sua fala e muito seguro do que dizia. Quando seu discurso estava para chegar no fim e ele finalmente, iria apresentar os fatos que interessavam, dei um pequeno passo para mais perto da mesa, para poder escutar e ver o que ele tinha trago nos papéis que estavam enrolados.

- Nos últimos tempos, eu encontrei uma aliada que nos fará ganhar essa guerra de uma vez por todas – Ele encarava cada um sentado ali – Ela possui um exército mortífero e por isso, enviei nossas tropas para treinarem com eles nesses últimos meses.

- Quem é essa aliada meu pai?

- Quem ela é não vem ao caso agora, tudo que vocês precisam saber, é que ela está do nosso lado e nos ajudará a destruir os malditos elfos e ninfas de uma vez por todas.

- E como ela fará isso majestade? – Um dos conselheiros lhe perguntou.

- Amanhã nossas tropas retornaram para Dakar, junto delas viram o exército da rainha. – Ele se vira para mim – Comandante, peço que providencie habitações para nossos convidados se hospedarem, eles fiaram conosco durante uma semana.

- Quantos devo espera majestade?

- Fora nossas tropas, arrume quinhentos alojamentos.

Fiquei sem reação, era impossível recebermos quinhentos soldados da noite para o dia, com hospedagem e alimentação descente.

- Mas majestade, é impossível alojarmos tantas pessoas da noite para o dia.

- Não seja estúpido comandante, eles não precisam de tanto conforto, lhes forneça comida e um pedaço de chão para dormir.

O rei me olhou com um olhar cortante, avisando que a discussão tinha sido encerrada.

- Vossa majestade, entendo o que está fazendo, mas ainda não entendi qual o meu propósito aqui, assim como o do duque de Cascais.

- Caro duque, vocês estão aqui pois solicito que enviem seus exércitos pessoais até o final da semana para Dakar. – O duque empalideceu e o sorriso do rei se ampliou – Iremos fazer um ataque a floresta de Emlax no final da semana, vamos finalmente derrubar aquele maldito escuto.

- Mais majestade, enviar todo o nosso exército é imprudência, nossas terras ficariam desprotegidas.

- Caro duque de Cascais, isso não é um pedido e sim uma ordem, e que bom que vossas terras ficam longe da fronteira de guerra, afinal, temos que avançar com nossa linha e se conseguirmos, suas terras continuaram em segurança.

Os duques ficaram em silêncio, não podiam contestar uma ordem direta do rei, ainda mais com os termos de fidelidade que assinaram ao se juntarem ao reino de Dakar.

A reunião se estendeu por mais algumas horas, onde os conselheiros faziam cálculos de gastos, os duques informavam quantos homens iriam mandar e quais armamentos disponibilizavam.

Lara foi de extrema importância nas negociações com os duques, pois mesmo com uma ordem direta, eles ainda estavam temerosos, e lógico, não queriam sair de mãos abanando.

Quando as negociações acabaram, todos nós fomos dispensados, as estratégias de gastos já estavam montadas, e eu precisava arrumar acomodações para os soldados que chegariam, além de ter que ampliá-las quando as tropas dos duques chegassem.

Passei a noite em claro dando ordens, para conseguir preparar tudo a tempo para o dia seguinte. Estava exausto quando os primeiros raios de sol apareceram no horizonte.

Uma corneta soou alta, avisando que as tropas tinham chegado, me posicionei no pátio central para recebe-los. Os portões se abriram, nossas tropas estavam vestindo uma armadura negra da cabeça aos pés, os homens tinham uma postura diferente e seus rostos, pareciam estar sem vida.

Conforme eles foram adentrando, fui os direcionando para seus respectivos alojamentos. Vi uma movimentação diferente no portão, resolvi ir ver o que estava acontecendo.

Quando cheguei perto, vi o motivo de tanta agitação, o exército que o rei iria abrigar não era de homens, mas sim hordas gigantescas de Raruks. Nunca tinha visto tantos daqueles monstros juntos.

Meu corpo todo congelou, um filme sobre o que um daqueles monstros fez eu sofrer, passou diante dos meus olhos. Eles adentravam o pátio com sua maior imponência.

Vi que os humanos que treinaram com eles não tinham reação alguma a esses monstros, mas o pessoal do palácio estava apavorado e eles gostaram dessas reações.

Um raio de sol refletiu em meus olhos, levantei a mão para proteger meu rosto da luz. Olhei em direção ao horizonte, um sorriso triste pairou em meus lábios.

- Por você raio de sol eu serei forte e descobrirei mais sobre esses monstros.