Grande Dia

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Dominic

*Três dias antes do casamento*

Escuto o tamborilar de meus dedos em cima da mesa do escritório e solto um suspiro pesado, estou exausto.

Desde que voltei da Escócia meu foco tem sido aplacar a ânsia desmedida dos abutres encima da minha viajem repentina e (o que mais me preocupa), da minha possível esposa.

Agi por impulso ao escolhe-la.

Precisava de uma mulher forte o suficiente para o que terá de enfrentar, também precisava que fosse esperta, muito esperta para não sucumbir ao medo que sentirá depois de saber a verdade sobre o que todos se questionam sobre os Mackenzie, mas o que eu fiz? Não parei para analisar todas as coisas de que minha família necessita, somente a vi e decidi que seria ela.

Meu pai Arrancaria meus olhos se soubesse do ocorrido, ele sempre foi tão meticuloso e pragmático, achei que também era, até ela.

Para minha sorte Liz cresceu em uma família difícil, o que deve ter feito dela uma mulher forte, mas também deixou sequelas que teremos que corrigir com o tempo.

Não posso negar que fiz minhas pesquisas sobre a menina antes de exigir que o pai me entregasse a mão dela, a beleza estridente não poderia ser casual, nem aquela áurea sedutora brilhando em volta da jovem aparentemente inocente.

Mexi meus pauzinhos e agora conheço sua origem russa e os segredos bem guardados de sua família, só me é estranho que pareçam tão medíocres e sem valor. Uma herança dessas... Talvez tenha se perdido ao longo de algumas gerações, mas o importante é que Liz tem a estrutura certa para ser minha esposa, só me resta convence-la a usar nossa pequena joia de família.

Vejo subir uma notificação na tela do notebook: outro e-mail de um investidor me pedindo notícias sobre um possível rompimento com minha noiva.

Escrevo a mesma resposta que estou dando a todos: não rompi meu noivado, tive compromissos inadiáveis e a deixei só, apenas por um momento.

Fecho a tela e massageio as têmporas doloridas, acho que não sentirei tanta falta desse ambiente hostil.

***

Saio do banho com a toalha enrolada na cintura e olho para o celular em cima da cama, ainda são sete e quinze da noite. Talvez deva irritar um pouco aquela ferinha petulante.

"Boa noite, meu pequeno girassol, ansiosa para ser colhida?"

Envio a mensagem já na espera da resposta mal criada que vem em seguida.

"Sim, tanto quanto uma raposa anseia ser devorada por um lobo faminto."

Um sorriso brota em meus lábios.

"Gosto da sua comparação. Sou um lobo faminto por você."

"Pois morra de fome."

O que eu vou fazer com essa boca ferina? Consigo imaginar muitas coisas, nem uma delas decente.

"Somente um louco morreria de fome tendo um banquete a disposição."

"Vá lá com seu banquete então"

"Você é meu banquete. Toda você."

A resposta não vem, tento outra coisa.

"Ansioso para te ver vestida de branco e usando meu presente."

"Não vou usar sua tentativa de me comprar."

Como assim, não?

"Eu não posso persuadi-la a mudar de ideia?"

FeraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora