Caindo. Eu sentia meu corpo despencando e ao abrir os olhos tudo que vejo é a escuridão, não havia nada ou meu redor e cada vez mais eu estava caindo, olho para baixo e vejo que estava se aproximando do chão cinza cada vez mais, fecho os olhos esperando o impacto, mas nada acontece, abro os olhos, estava numa floresta fria e sombria, as nuvens impediam um pouco os raios solares, sinto-me sendo observada e viro procurando alguém, mas era apenas uma borboleta voando pelo local, observo o animalzinho ir embora, ouso um barulho alto se aproximando cada vez mais e vejo uma espécie de bola de penas, ela caí em minha frente e me afasto, aos poucos vai se abrindo e vejo um homem, cujo rosto não consigo ver, ele se aproxima de mim e tento me afastar, mas não conseguia.
"Faça sua escolha...", ele se afasta e voa para longe, o chão em meus pés se parte ao meio e caio em um buraco, começo a gritar por desespero e fecho os olhos esperando cair.
Me levanto da cama alarmada e sentindo meu corpo tremer, levo minha destra até minha testa, estava suando frio e minha visão embaçada pelas lágrimas, olho ao redor e percebo por fim que não estava em minha casa, tento me levantar mas, minhas pernas fraquejam e quase vou ao chão, estava muito fraca e tudo que precisava é ir até a janela, queria ter a certeza de onde estava e porquê estava aqui, rastejando até a janela tento ver algo e tudo que havia era árvores e mais árvores, sinto um desespero me invadir, onde estava? Quem me trouxe aqui? Por quê me trouxeram? Essa era só umas das várias perguntas que rondavam minha mente, estava apavorada. O barulho de chaves chamou minha atenção e olhei para a porta esperando quem quer que seja, a porta se abre devagar e sinto como se algo tivesse acertado meu rosto. Era ele. O cara da balada, do mercado e que me ajudou com aqueles cara no beco.
"Vejo que acordou.", ele se aproxima e tento me afastar, mas não havia como escapar dele, suas mãos me sustentam e me leva até a cama, me afasto novamente e ele apenas observa. "Você precisa fazer algum curativo nessas feridas e tomar um banho também.", não poderia tomar um banho naquela situação, nem de pé conseguia ficar. "Eu irei dar banho em você...", faz menção de tocar em mim, mas me afasto.
"Não quero que toque em mim.", digo tentando parecer firme, mas por dentro estava com medo dele.
"Se não cuidar disso aí, irá infeccionar e eu não quero que isso aconteça!", diz sério.
"Não quero que toque em mim, já disse!", ele apenas levanta e caminha até a porta, ele não fechou, apenas saiu e voltou com uma bandeja de comida, me entrega e senta na cama, não queria nada que venha dele, mas estava faminta, tão faminta que devorei a comida inteira em 5 minutos, enquanto ele apenas me observa.
"Quando estiver disposta a cuidar dos ferimentos me chame.", levanta recolhendo tudo e saí me deixando sozinha.
Cada segundo ficava mais apavorada do que já estava, sem respostas para todas as minhas perguntas, queria me afogar em lágrimas, mas nem mesmo isso eu conseguia fazer e o tempo foi passando diante dos meus olhos, aos poucos as cores do céu foram mudando e pontos brilhantes surgindo. Ele apareceu para me trazer o jantar, sempre me observando a cada gesto que fazia, pronto para o quê quer que eu possa fazer.
"O que aconteceu?", minha voz falha ao pensar no que poderia ter acontecido com um daqueles vermes, tento me recompor e volto a dizer. "Digo, como me tirou de lá?", ele se levanta e pega a bandeja enquanto recolhe tudo.
"Eles não morreram, se é isso que quer saber.", nossos olhos se encontram e me permito ver a frieza neles, mas não dura muito, pois desvio o olhar. "Eu não entendo...", mesmo sem olha-lo, sentia seus olhos em mim. "Mesmo depois de tudo, ainda se preocupa com o verme do seu pai?", solta uma risada sem humor e segue até a porta, trancando-a.
Se eu agradecia a Deus antes por ter me tirado daquele inferno, peço a ele que me tire daqui...
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