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2020.09.14

12:00

TEXTO 5

Cada dia naquela casa se passava mais devagar pareciam eternidades, ainda mais depois do meu desmaio tudo ficou mais complicado e ele fazia questão de deixar claro todos os dias que não sairia daqui, meu dia era sempre cansativo e cheio, quando acordava tinha que preparar algo para comer e depois lavava a louça, limpava alguns cômodos da casa enquanto outros eram restritos, quando pudia voltar para o meu quarto para dormir sentia minhas mãos e pernas dormentes, minha cabeça sempre parecia que ia explodir e tudo que queria era sumir. Nós sábados e quintas feiras ele sempre gosta de assistir algo na Tv, mas nunca posso me juntar a ele para ver algo, o que me deixa irritada, quando termino de arrumar a casa sempre fico sem nada para fazer.

Nesse exato momento estou sentada esperando que ele sirva o almoço, Yoongi insistiu que iria fazer o almoço e não quis discordar então apenas fiquei parada observando ele fazer tudo, ele cortava tudo rápido e perfeitamente, a comida já pronta ele põe sobre a mesa e se senta se servindo.

"Não é a melhor comida que você já provou, mas...", quase me engasguei ao ouvir sua voz, ele nunca fala quando vamos comer e muito menos tenta puxar assunto comigo, algo de estranho estava acontecendo.

Não o respondi apenas me servi e comi em silêncio, mas ao sentir o sabor da comida pela primeira fiquei maravilhada com tamanha delícia, se essa não for a sete maravilha do mundo, com certeza é a primeira!

"Você não precisa lavar nada hoje, apenas suba para o seu quarto...", dessa vez eu não pude deixar de me engasgar, bebi um pouco de água e o encarei perplexa, e arrumando um pouco de coragem que ainda me restava perguntei.

"Por quê está sendo tão bom?", ele põe os talheres organizadamente ao lado de seu prato e junta as mãos em frente ao seu rosto me olhando como se procurasse minha alma.

"Porque eu não sou tão ruim assim, afinal, quem te tirou daquela casa fui eu...", ele levanta e recolhe tudo, me levanto e também recolho mesmo não tendo comido tudo. "Pode comer."

"Mas..."

"Apenas volte, não sou como ele.", e realmente não era, desde que cheguei aqui e me tornei sua prisioneira ele me trata de forma até gentil, nunca fui tratada dessa forma acho que é por esse motivo que acho tão estranho, ele me trata até bem melhor do que os outros caras, mas ainda sim é o homem que me mantém presa aqui. Volto a me sentar e como o restante da comida em silêncio como sempre, ele lava tudo e sobe me deixando sozinha, termino de comer recolho tudo e levo até a pia, olho algumas vezes para ver se ele está vindo e vou até a porta, mas ela estava trancada tento a janela que também se encontrava na mesma situação que aporta: trancada, suspiro e volto para a mesa.

"Está na hora de voltar pro seu quarto.", me levanto e o sigo até o andar de cima, era angustiante ficar em um quarto vazio e ainda mais sem poder ir até lá fora pelo menos. Deus o senhor não pode estar sendo tão cruel comigo a ponto de me tirar de um lugar e colocar em outro pior!

Já no quarto, me sento na cama enquanto ele me observa, queria sair dali já não aguentava mais viver trancada em uma casa no meio do nada, sem ninguém pra conversar ou até mesmo me distrair, apenas ele, o meu sequestrador e carcereiro, irritada com aquela situação começo a chorar e pego o vaso que tinha sobre a cômoda jogando na direção dele, que acaba conseguindo desvia a tempo, o vaso quebra e um dos estilhaços voa na direção dele cortando a cima de sua sobrancelha.

"O que você...", parto pra cima dele e começo a desferir socos em seu peito.

"Você me prendeu aqui, eu te odeio! Quero sair daqui agora... Me deixa ir!!!", berra e ele apenas segura meus pulsos.

"Pare agora!", diz firme me encarando, mas tudo que faço é desviar o olhar e continuar a me debater.

"Não, eu quero sair daqui. Você é como todos os outros, me prendem e me fazem de empregada, eu te odeio por isso, odeio você e tudo que vem de você...", ele me solta e caio no chão ainda chorando, olho para ele e me levanto saindo correndo, ouso seus passos e continuo a descer rapidamente, tento abrir a porta dos fundos, mas ela também estava fechada, desisto de tentar fugir e me sento no chão chorando, ele com certeza iria fazer algo comigo pelo que fiz. Yoongi aparece em minha frente e o que faz me surpreende, ele com cuidado segura em minha mão e me levanta, caminhamos devagar até o quarto e ao entrar ele solta minha mão fecha a porta saindo em seguida, me aproximo da cama vejo um pequeno livro e leio as letras garrafais "A menina que roubava livros", ao lado do livro havia um bilhete escrito a mão com uma caligrafia perfeita.

"Espero que goste do livro"

Y.

Angels and Demons •myg•Where stories live. Discover now