Capítulo 2

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Sem Revisão*


Lukas

A chuva de tiro começa assim que coloco meus pés no galpão. Ouvi gritos vindo de todos os lugares. Meu nome foi chamado diversas vezes, até mesmo uma voz feminina. Então porquê eu ainda continuo andando para frente? Eu preciso de respostas, preciso de sangue em minhas mãos. A glock pesava, meu punho se mantém erguido, o dedo pronto para apertar o gatilho e estourar a cabeça de qualquer filho da puta que ousar entrar no meu caminho.

Coloco-me atrás de um parede de concreto destruída, o suficiente para proteger meu corpo até os ânimos se acalmarem. Aceno três vezes para um dos meus soldados, ele correm, disparando os fuzis até não restar muita coisa.

Já em pé, consigo ver dezenas de corpos no chão. Um deles tenta pegar a arma que está a poucos centímetros de sua mão. É ali que piso, ouvindo os ossos estalarem e ele uivar de dor. Pelo rosto dele, percebo que não deve ter mais de vinte anos. O sangue espirra nos meus sapatos quando atiro duas vezes em sua cabeça. Subo os vinte degraus e chuto a porta da pequena saleta.

Um grunhido involuntário sai da minha boca, ao notar que o desgraçado está morto. Massa encefálica espalhada por toda a mesa. Grito para que verifiquem tudo, até mesmo o corpo do cretino se for necessário.

— Senhor?

Devagar eu me viro, observando o homem quem vem até mim.

— Algo de útil?

— Infelizmente o que já sabemos. Ele estava fazendo negócios com Taylor, mas só isso. Sem contas, sem pistas.

Desgraçado! Sem mais uma palavra eu saio do galpão e entro no meu carro. Acelero rumo ao meu apartamento, o único lugar em que realmente posso ter paz. O celular toca e novo dispositivo do carro conecta via Bluetooth, atendendo a chamada.

—  Lukas...

Todo meu corpo entra em alerta.

— Olivia? O que aconteceu?

—  E-eu... sofri um acidente.

— Preciso que você respire fundo, consegue fazer isso Olivia? 

Ouço um ruído. A respiração dela é baixa. Porra! Piso fundo no acelerador.

— Olivia? Onde você está?

— Na lavanderia. O c-chão estava... molhado e escorreguei. — ela diz e geme. — Victor está dormindo, gritei por ajuda mas ninguém respondeu. Sinto muito...

Viro em uma rua bruscamente, o pneu queimando o asfalto.

— Esta tudo bem. Já estou chegando. Não se mexa e aguarde um pouco mais.

Cinco minutos depois entrei com tudo no estacionamento do edifício onde vivo. Entrei no elevador e subi direto para a cobertura. Nenhum dos dois seguranças estavam na porta como de costume, passei o cartão magnético e empurrei a porta. O outro segurança que ficava na sala também sumirá. Segui com a arma em mãos até a cozinha. Abri a porta de correr que dava acesso a lavanderia e vi Olivia no chão.

O chão realmente estava molhado, e havia algo mais. Pelo cheiro de coco diria que era sabão líquido.

— Olivia.

Me ajoelhei ao lado dela e medi o pulso. Não havia qualquer sinal de agressão nela, e pela forma como estava, a queda foi feia. Peguei meu celular e disquei o número.

— Mason? Que porra está acontecendo?

— Estamos no depósito, assim como o solicitado.  —  ele diz, e no fundo consigo ouvir o som de tiros.

— E os seguranças do apartamento?

— Porra Lukas! Você disse que queria todos nessa operação, sem exceções.

Algo como uma explosão é forte pelo outro lado da linha. Aviso que quero respostas e desligo. Dessa vez minha chamada é para uma ambulância, que não demora muito a chegar. Imobilizaram Olivia para evitar quaisquer danos e a levaram. Liguei para a filha dela e avisei sobre o ocorrido, e fui sucinto ao dizer que eu logo iria para o hospital.

Fui para o quarto ao lado do meu. Victor dormia serenamente eu seu berço, a pequena camisa preta da banda Kiss fora presente de Alisson. Deixei um beijo nos cabelos escuros dele e ajustei o ar. Não muito frio, não muito quente, era assim que meu pequeno gostava. Fechei a porta do quarto e fui para o meu. Tomei um banho rápido e vesti uma camisa branca e calça jeans, algo que raramente uso. Depois de duas ligações, e diversos xingamentos consegui resolver poucas questões.

Peguei uma bolsa de Victor e coloquei fraldas descartáveis e duas de pano. Alguns itens de banho e fui até o guarda roupa dele, três peças de roupas e o canguru, nem sei se esse era o nome. Fiz como Olivia me ensinou e prendi o negócio em meu corpo. Primeiro testei se estava bem firme, e só então tirei um Victor risonho e bem acordado do berço. Coloquei-o de frente, mesmo com um ano e oito meses meu garoto já era bem firme. Diferente de meses atrás, quando eu mau o pegava, por ser tão... mole e frágil.

Com a bolsa nas costas e meu bebê seguro, saímos do apartamento e fomos para o elevador. Victor parecia eufórico. Os sons de bebê que ele emitia aquecia meu coração. No estacionamento segui direto para o outro carro. Um SUV preto totalmente blindado e com uma cadeirinha certa para a segurança de Victor. O coloquei ali e prendi cinto. As mãos gordinhas tentaram puxar meu cabelo, mas não deixei.

Entrei no carro e parti para o hospital.

Olivia fraturou a bacia e pelo o que o médico disse, ela precisaria de repouso por algum tempo. Victor não deu tempo para Olivia, chorou alto quando tentei levá-lo dos braços dela. Os dois tinham uma ligação forte, foi Olivia quem cuidou de Victor desde os quatro meses.

A realidade agora seria outra. Eu não teria mais Olivia para cuidar de Victor. O pensamento me rodeou por todo o horário de visita. Me despedi deixando claro que todos os custos do hospital e o que mais fosse necessário seriam pagos por mim. Desejei melhoras para Olivia e fui embora.

Victor dormiu boa parte do caminho. Paro o carro em frente a um food truck e peço uma porção de comida gordurosa.

Meu celular vibra sobre o painel do carro e eu o pego. É Sabrina, filha de Olivia.

— Aconteceu alguma coisa? — pergunto.

— Não! Esta tudo bem com minha mãe. Só liguei para avisar que a faculdade onde estudo teve uma palestra sobre serviços comunitários, e em uma dessas foram distribuídos cartões e folhetos. Vou enviar uma foto para o senhor agora mesmo. Existe um serviço de babá, caso fique interessado. Com todo o tempo corrido do último semestre não posso me oferecer para cuidar do Victor.

— Eu agradeço, Sabrina. Vou dar uma conferida.

Ela desliga e minha comida chega. Faço o pagamento e vou para casa, mas desvio e sigo para o apartamento de Jason Dawson. Passo para ele a imagem que Sabrina enviou e peço que investigue sobre essa empresa de babás. Pelo visto é tudo dentro da lei e todas as babás disponíveis são ficha limpa.

— Irá contratar? — Jason pergunta. Coloco Victor no canguru e pego as sacolas de comida, que devorei tudo a minutos atrás.

— Sim, escolha alguém decente por favor. Para amanhã mesmo.

Ele acena e desta vez vou direto para o apartamento. Faço um leite com a vitamina e dou para Victor, depois de dar banho nele eu o faço dormir. E então é minha vez de cair na cama e dormir agarrado na babá eletrônica.

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Lukas - Trilogia Sombras da Noite #2✔Where stories live. Discover now