Capítulo 24

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Sem revisão*

Tá pequeno okay. Sem inspiração.



Erika

Meu estômago está vazio, a sopa que trouxeram não serviu para nada, além de ter um gosto que na verdade nem gosto tinha. Hoje faz quatro dias que estou aqui, sendo monitorada para para garantir que o enxerto e o local doador estejam se curando bem. E está, o doutor disse que o procedimento fora um sucesso e que eu poderia ir para casa.

Outra enfermeira entra no quarto, o mesmo procedimento, monitorar meus sinais vitais e dar os medicamentos para controlar a dor.  

Espero que ela saia, para então levantar da cama. Não posso fazer muito movimento, as próximas semanas são essenciais para o tratamento ser perfeito. Em alguns minutos o doutor virá e me dará alta, Danielle disse que também está vindo. Caminho com calma até a mesinha no centro do quarto, a bolsa com algumas peças de roupas está ali. Ao pegá-la entro no banheiro. Apenas troco o pijama hospitalar pelo vestido soltinho. Olho para o pequeno espelho, poucos vestígios dos socos que recebi, meu cabelo curto. Deixo que um suspiro escape. Nem sempre fui vaidosa, ficava bonita para representar os papéis que Natasha me destinava. Mas agora...

Batidas na porta assusta até minha alma. Jogo o pijama no lixo e saio com a bolsa. Faíscas de dor começa pelo roçar do tecido do vestido contra os curativos da coxa.

Paro no meio do quarto ao ver Lukas. Diversas emoções e sensações consomem meu corpo.

— O que faz aqui?

Ele continua a olhar para mim. Isso me deixa incomodada.

— Levarei você até a casa de Danielle. — Lukas diz. Ele passa as mãos pelo cabelo, parece inquieto. — A gente precisa conversar.

— Não tenho nada para falar com você.

— Mas eu tenho! Você...

Por intervenção divina o médico entra no quarto. Lukas anda até a janela e fica por lá. Converso com o médico, ouço tudo sobre os cuidados que devo tomar e a lista de medicamentos que precisarei. Assino minha alta, confesso que ficar aqui estava sendo um tédio total. Lukas pegou a bolsa e saiu pisando duro. Não queria falar com ele, não agora. Quanto mais distante, melhor.

Lukas não conversou durante o percurso até a casa de Danielle. O silêncio dele foi bom, e ao mesmo tempo incomodo. Quando o carro parou em frente ao prédio de três andares, abri a porta, porém fui impedida de sair. A mão quente envolve meu braço com firmeza.

— Não sairá daqui sem falar comigo.

Olho para aqueles olhos azuis e intensos, observando cada traço bonito. Coloco minha mão sobre a dele, tirando dedo por dedo. 

— Não tive o benefício da dúvida, você me agrediu e fez meu mundo cair em questão de segundos. Por sua culpa eu fui humilhada e destruída.

Saio do carro com o coração batendo rápido. Fecho a porta e me inclino.

— Suma da minha vida, é para o seu próprio bem.

Respiro fundo, deixando ele para trás.

Não encontrei ninguém na sala. Tudo em silêncio, sem o costumeiro barulho de risos e gritaria. Coloco a bolsa sobre o sofá, sentia meu corpo cansado.

— Olá? — chamo por alguém.

— Na cozinha.

A euforia é grande quando ouço a voz de Daryl. Céus! Carol também deve estar aqui. Caminho devagar até a cozinha, ansiosa para falar com ela. Mas encontro apenas Daryl.

— Carol não está com você? — pergunto claramente decepcionada.

— Em um desfile em Milão.

Ele levantou da cadeira e veio até mim. Fui envolvida em um abraço reconfortante.

— Procurei você por tantos anos. — Daryl diz. — Quero lhe dar algo.

Tirando um pequeno caderno de dentro do paletó, ele me entregou e segurou minha mão.

— Quero que leia isso. Sua vida, nossas vidas, vão mudar totalmente. Quando terminar, quero que venha até mim. Me promete isso?

O caderno de capa dura e vermelha parece pesar na minha mão. Não sabia do que se tratava, somente com o jeito que ele me pediu, sei que é algo de importe.

— Eu prometo. — respondo. — Onde todos estão?

— Hoje é dia de compras no shopping. Voltarão mais tarde.

O celular dele começa a tocar, seu semblante obscuro ao olhar a tela.

— Preciso ir. Qualquer coisa peça para Ansel me ligar.

Daryl beija meu rosto e vai embora. Bebi um pouco de água, sento em uma das cadeiras e abro o caderno.

Algumas fotos caem sobre a mesa. Vou separando-as e fico emocionada ao ver imagens da minha mãe jovem, em momentos diferentes e com pessoas que não conheço.

Passo as páginas em branco, e logo na primeira escrita lágrimas surgem, molhando meu rosto.

"Minha pequena guerreira, eu sinto muito que esteja lendo esse caderno. Significa que não estou mais entre vocês. Eu queria te contar tudo pessoalmente, com a índole do Patrick, sabia que não seria tão fácil assim. Por isso escrevi neste pequeno caderno.

Sua vida ganhará novos ares quando chegar na última página. Você não é a herdeira da máfia albanesa. E para entender o que estou dizendo, tem que saber primeiramente sobre a história da sua mãe.

Então respire fundo. Pois nem toda a verdade foi dita para você."

Sinto um aperto no peito, o medo de passar para a próxima página consegue me deixar desabilitada e fora de rumo.

Fecho o caderno e respiro fundo. Que a verdade seja dita.



Até amanhã 😎

Lukas - Trilogia Sombras da Noite #2✔Where stories live. Discover now