SEGREDO DE LIBERDADE

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17 anos depois

— Eu não entendo pai. Então agora Clarke e Wells estão presos?

Joan pisava firme no chão de metal, inquietamente indo de um lado para o outro na frente de seu pai, que estava sentado no banco com almofadas que chamavam de sofá. Os olhos do homem estavam cansados, pesados como quem não dormia fazia dias. Não era nada fácil o trabalho de vice-chanceler, ainda mais quando o filho do seu chefe ameaçava a nação.

— Bem... É. — Foram as palavras mal escolhidas por Kane. Sua filha logo lhe lançou um olhar afiado.

— Por quê? O que o Wells fez? — Seu raciocínio correndo mais rápido que a fala. — Na verdade, o que ambos fizeram de mal?

Joan mais acusava que questionava. Não sabia o que havia acontecido com seus melhores amigos, mas os conhecia muito bem. Eles não podiam ter feito algo ruim, eram perigosos como algodão doce.

— Joan... — Marcus subiu uma de suas sobrancelhas tentando a amedrontar, ou talvez a acalmar. Falhando miseravelmente ao irritá-la ainda mais. Ele não podia fazer isso.

— Não.. Isso não é possível! Por que você não me conta o que está acontecendo? O que você tanto esconde de mim? — O tom de sua voz subiu a cada passo que se aproximava de Kane. Às vezes não o suportava. Já havia o perdoado pelo que fez com sua mãe, porém... era difícil viver com a pessoa que afasta todos que ama, ainda mais sem receber nenhuma explicação.

— Joan, você sabe que eu não posso contar. — Kane se levantou do sofá em um suspiro cansado e cúmplice, segurando os braços da filha carinhosamente. — Me descul...

— Que seja.

Joan arrancou seus braços dos do pai e se foi para o seu quarto. Ele nada mais era que um canto do bunker separado por cortinas cinza. Tudo naquele lugar era cinza e Joan odiava isso. Sonhava com as árvores verdes, as flores coloridas e os rios azuis esverdeados que sua mãe ilustrou em seu manual de sobrevivência.

Tudo que Joan aprendeu sobre a Terra ela leu no livro que sua mãe escondeu atrás de um quadro de energia na parede. Teve sorte de ter sido ela que o encontrou e não seu pai, pois ele com certeza o destruiria antes que pudesse vê-lo, e assim ela não possuiria nem metade de seu conhecimento atual. Não saberia quais plantas são venenosas, como identificar solos, se localizar, fazer fogo, e a mais útil de suas habilidades: arremessar facas.

Não era como se ela saísse atirando nas pessoas pelos corredores da Arca, mas sempre que estava entediada ou brava, ela descontava no móvel de cabeceira do seu quarto. Seu pai não sabia de tal habilidade, mas suspeitava de alguma coisa, pois a questionava toda vez que notava as novas marcas no tampo do móvel.

Ela acreditava que se fosse para o solo ela saberia muito bem como sobreviver e sempre que pensava na hipótese de realmente pisar na Terra sentia-se... viva. A arca era o lugar onde se sobrevivia, porém não se vivia. Todos aqueles que ela julgava serem felizes na arca acabavam em algum momento, por algum motivo, retidos ou flutuados, assim como sua mãe.

Era fácil para Joan compreender o que passava na cabeça de sua mãe 17 anos atrás. Tudo que queria era fugir da arca e dos fantasmas que a assombram. Era uma pena que Joan não se tornaria uma engenheira renomada como sua mãe - nunca teve facilidade com os números -, se tivesse o conhecimento suficiente ela também consertaria aquela nave e tentaria pousar na Terra.

 Era uma pena que Joan não se tornaria uma engenheira renomada como sua mãe - nunca teve facilidade com os números -, se tivesse o conhecimento suficiente ela também consertaria aquela nave e tentaria pousar na Terra

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Redone | Bellamy BlakeWhere stories live. Discover now