REENCONTROS TURBULENTOS

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Ao entrar na nave Joan parou um passo após a porta, seus olhos percorrendo o mar de adolescentes ansiosos.

Buscava por Clarke dentre os já acomodados, preparando-se para lutar a unhas e dentes se fosse necessário, não iria a lugar algum sem saber onde e como  sua amiga estava. Bastou, porém, alguns segundos de atenção para encontrá-la.

Estava ainda desacordada entre duas cadeiras vazias no canto esquerdo da nave, mantinha-se sentada apenas com a ajuda do cinto de segurança, sua cabeça pendendo para frente, deixando com que seus cabelos loiros cobrissem todo seu rosto.

"Clarke resistiu a vir" Ela logo entendeu.

Sua amiga não devia saber para onde estavam indo, ou se sabia, não tinha ciência da tese de Amanda. Para ela os guardas estavam, de um jeito ou de outro, a levando para a morte, e Clarke sempre foi muito esperta e valente, não iria a lugar algum de boa vontade.

Ela lutou e por isso a doparam.

Aliviada por encontrar Clarke, Joan se deixou conduzir pelo caminho luminoso no chão da nave, andando sem pressa pelo corredor de poltronas vermelhas, atenta a cada detalhe. O lugar era escuro, cinza e gelado, uma extensão fiel da arca: fria e sem vida.

A única chama de alegria vinha através dos adolescentes, eles tagarelavam em murmúrios altos, felizes por ao menos serem libertados de suas celas. O som de gente acalmava um pouco o peito nervoso de Joan, mas sua mente mantinha um ritimo agitado, apenas um ponto se manifestando várias e várias vezes: quais informações eles tinham para estarem assim tão calmos? Clarke certamente havia perdido alguma coisa, ou talvez soubesse mais do que todos...

Ao se sentar em uma das poltronas de couro ao seu lado, Joan resistiu a vontade de beliscar Clarke. Queria respostas. Fazia um ano que havia sido retida, e até então ela não sabia o porquê.

— Joan. — Wells teve de se abaixar para não bater a cabeça no batente da porta, nem ao menos parecia se preocupar com os olhares aversos que atraiu com o ato.

Não o miravam apenas por chamá-la em alto e bom tom, mas sim por ser Wells Jaha, o filho do chanceler, o mais próximo daquele que os colocou numa cela.

Com muita cautela, sem querer chamar atenção, Joan levantou o braço onde estava. Wells a encontrou em um suspiro duro e, com o olhar sustento nos seus, ele se aproximou em passos rápidos, ignorando os burburos maldosos dos adolescentes no caminho.

Quanto mais avançava, mais o sorriso de Joan crescia. Os três estavam, finalmente, juntos novamente.

— O que você está fazendo aqui? — Subitamente seu rosto estava a centímetros dos de Joan, os braços do rapaz demonstrando sua força nas beiradas de sua cadeira.

Seu sorriso desapareceu e a confusão tomou lugar em seu rosto, logo seguida da raiva. Joan riu irônica e amargamente. Se fosse para alguém ficar brava deveria ser ela.

— Eu começaria com um "olá", "ainda bem que está aqui", "queria poder ter te avisado sobre a nave que desceria para a terra". — Joan cuspiu as palavras, seus olhos conectados aos dele. Ambos alterados pela situação.

Wells, respirou fundo, dando um passo para trás e recuando sem saber o que deveria fazer, Joan logo captou o pânico expresso em seus movimentos. O conhecia muito bem, o suficiente para saber que algo estava errado.

— Wells? — Chamou, sua voz suave no ar tenso. — O que foi?

— Nós vamos morrer aqui Joan. — Ele soltou em um só fôlego, o peso de seus palavras pairando entre os dois.  — Por que você tinha que vir?

Redone | Bellamy BlakeWhere stories live. Discover now