A FOGUEIRA - PARTE 02

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— Joan! Cuidado! — Grito desesperado de Wells já estava próximo, e assim que Joan pode ver seu rosto, ela perdeu o fôlego em espanto.

Nunca pensou que o veria naquele estado, o inchaço deformava suas feições, sua pele manchada de hematomas escuros e assustadores. O corte em seu lábio era curto, mas profundo, claramente recente, pois o sangue ainda estava fresco em sua camiseta cinza.

Os olhos castanhos de Wells se arregalaram quando o golpe brutal atingiu a parte de trás das pernas de Joan, a derrubando de joelhos.

Novamente de pé, Murphy tinha metade de seu rosto coberto de terra e um sorriso sujo em seus lábios. Ele usava da força bruta para mantê-la no chão, puxando a cabeça de Joan para trás com os dedos enosados violentamente em seus cabelos cobre.

Joan engoliu seco, o calor do corpo de Murphy se cercando ainda mais do dela, inclinando-se em suas costas até que as palavras soltas soassem ao pé de seu ouvido.

— Não está tão corajosa agora, hun? — Sussurrou, seu hálito podre em sua bochecha. As pontas de seus dedos imundos descendo lenta e hostilmente pela cintura de Joan e, ao finalmente chegar na barra de sua calça, ele tirou a faca dela do cinto.

A arma branca mais parecia um brinquedo em suas mãos. Ele sorria sadicamente com sua posse, divertindo-se ao arrastar a lâmina fria sobre a pele suave do abdômen feminino de Joan, subindo o tecido fino de sua camisa, traçando uma linha viciosa de seu umbigo até o ponto mais baixo de seu peito, que covardemente oscilava em arfadas.

— Murphy — A voz áspera de Bellamy cortou o ar ao dar um passo à frente, os seus dedos tamborilando com cautela o cabo da arma de fogo em sua cintura.

Era doentia a maneira que John parecia se entreter com tudo aquilo, ele não desviava seus olhos de Joan, contente ao vê-la tão indefesa sob suas mãos. E apesar de todo o ódio que Bellamy guardava por ela, nunca conseguiria entender aquele sentimento perverso que via a sua frente.

— Solta ela — Ordenou ele com sua voz firme e grave em alto e bom tom. Porém não obteve respostas. Murphy continuou imóvel com sua bochecha colada na de Joan, e a faca firme em seu pulso fechado, ainda apontando para seu coração. — Que merda pensa em fazer, hein?

— Acertar as contas. — O rapaz enfim riu, cuspindo as palavras com graça ao erguer-se, e afastando a faca de perto de Joan ao fazer. — É o que ela merece, não? Por armar contra a gente, por tentar enganar todos nós e...

— E mostrar que você pode apanhar de uma garota? — Charlotte soltou em desgosto, o desafio impregnado em sua voz infantil ao cruzar os braços. — Meio machista de sua parte, na minha opinião.

O punho de Murphy se firmou com maior vivacidade nos cabelos de Joan, e o grunhido de dor quase escapou por seus lábios delicados ao fechar os olhos. Ela se continha para não demonstrar demasiada fraqueza, havia recém ganhado um pouco do respeito dos 100, e não pensava em deixar que aquele garoto estúpido a tirasse isso.

O problema era que assim como Joan, Murphy também queria provar sua força, ainda mais quando havia uma criança o desmoralizando.

Ao molhar os lábios, ele puxou a cabeça dela para trás em um movimento brusco, derrubando-a no chão sem piedade. Um berro agudo e curto veio de Joan, abafando juntamente das arfadas de horror dos adolescentes, o baque surdo de seu corpo tombando na terra. O pânico se instaurava no ar denso, todos em choque com o ataque de Murphy.

— Bellamy, faz alguma coisa! — Berrou Octavia na multidão, seus olhos verdes assustados alternando entre Murphy e seu irmão, que engoliu seco, sem mover um músculo. A última coisa que ele queria no momento era ter de usar aquela arma.

Redone | Bellamy BlakeWhere stories live. Discover now