A CAÇADA

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Clarke, Jasper e Monty seguiam Finn na busca de trilhas de animais. Joan havia se separado deles assim que entraram na floresta, todos concordando que seria mais propenso dela conseguir caçar algo se estivesse sozinha.

O grupo começou devagar com Clarke tendo de ensinar Jasper e Monty o que era, e como montar, uma armadilha boca de garrafa — um simples buraco escondido no chão, com paredes negativas para o animal não escalar.

Assim que aprenderam, Finn foi apontando caminhos favoráveis e cada um fazia sua armadilha sozinho, o que poupou muito tempo. Já haviam feito cerca de doze armadilhas para animais pequenos, mas agora o Spacewalker não conseguia mais encontrar rastros.

— E aí Finn? — Clarke perguntou atrás dele cuidando onde pisava, suas mãos segurando as alças da mochila nos ombros.

— Não sei... está tudo bagunçado por aqui — Finn parou de andar, olhando para os três atrás dele num suspiro frustrado. Era estranho como a terra se comportava, as trilhas estavam bagunçadas e fundas, ou ele lia bem pior do que pensava, ou tinha algo muito errado ali.

— Como assim? — Ela parou de andar também, seu olhar preocupado em destaque no rosto. Finn voltou a analisar a trilha atrás dele, apenas para confirmar o que vira antes.

— É como se mais alguém tivesse passado por aqui e bagunçado todos os rastros...

— Isso não é possível, estamos bem longe do acampamento. — Clarke negou, buscando alguma outra explicação vinda de Finn, que não sabia bem o que dizer.

— Ou é isso ou eu sou péssimo rastreando... — Finn tentou brincar, forçando um sorriso, mas tanto ele quanto Clarke sabiam que se fosse o caso, todas as armadilhas que fizeram seriam completamente inúteis.

O Spacewalker passou as mãos pelos cabelos longos, a respiração descompassada em agonia. Era um erro honesto, mas sentia-se culpado da mesma forma.

A mão de Clarke pousou no topo de suas costas em um toque terno e sincero, o que era novidade para Finn. Diferente de quando Joan lhe chamou a atenção na nave por seu erro estúpido, Clarke o reconfortou, tirando o peso de seus ombros em um sorriso curto. Finn tinha duas mortes para carregar em suas costas, ela sabia que não era hora de acusá-lo de nada.

Monty e Jasper não pareceram notar o momento entre os dois, assim como não viram grande importância no que disse Finn, se entreolhando, cúmplices.

— Não pode ter sido Joan? — Sugeriu Jasper, incerto se devia ao menos tentar chutar, e Clarke negou com a cabeça.

— Ela foi mais para o sul, tentando ficar perto do rio.

— Bom, eu já tenho uma mochila cheia de frutas e raízes, podemos voltar e checar as armadilhas que fizemos. — Monty sugeriu. Tentava deixar o assunto de lado, sabendo que não chegariam a lugar algum com aquela conversa.

— Ok, vamos. — Clarke concordou.

Estavam prontos para dar a volta quando o frio e arrepiante o grito agudo ecoou pela floresta, a sudeste dali alguém corria perigo. O peito de Clarke parou por um mísero segundo em desespero, ela mal teve tempo de raciocinar. Quem mais poderia estar por ali? Ter soltado aquele grito aterrorizante?

— Joan! — Clarke berrou de volta, estava longe demais para receber uma resposta, mas o fez de qualquer maneira, correndo na direção de onde veio o primeiro grito.

— Clarke! — Finn tentou a impedir antes ir atrás dela. Era muito imprudente correrem diretamente para o perigo, mas não podia deixar que ela fosse sozinha, assim como não podiam deixar Joan para trás.

Logo todos eles corriam floresta à baixo lado a lado, o sangue subindo em adrenalina, seus pés como raios na terra sem ligar para rastros, eles desviavam as árvores como podiam entre o desespero, alguns galhos e espinhos de plantas cortavam sua pele no caminho, deixando pequenos arranhões em seus braços e rostos descobertos.

Redone | Bellamy BlakeWhere stories live. Discover now