δ'

181 17 7
                                    

   Acordei com Jimin batendo palmas ao lado de minha cama, parecendo extremamente animado, mesmo que fossem seis da manhã. Abri os olhos um pouco atordoado e o encarei com uma expressão de "o que você tá fazendo?", enquanto ele só riu e pendeu a cabeça para o lado.
    — Hoje é domingo e vamos fazer um monte de coisa. — puxou meu lençol. — Sua calça do Patolino é fofa. — disse sem maldade. — Se arrume e me encontre no pavilhão do refeitório.
   Mal consegui falar, só o observei sair do chalé naturalmente, com todo o seu charme natural. Esfreguei os olhos, tentando digerir as coisas, e olhei em minha volta, as meninas não estavam lá. Para acordar, tomei um banho gelado rápido e não me preocupei em secar o cabelo, apenas passei uma toalha. Fui até o closet, peguei a camiseta do acampamento dada por Naeyon na noite anterior, a vesti, a mesma serviu perfeitamente, e guardei meu pijama, pensando por alguns segundos na entonação sem deboche de Jimin, que de alguma maneira, me acha fofo. 
    Corri para o refeitório, onde achei que estivesse cheio de campistas, mas na verdade, apenas Jimin, Namjoon, Hoseok, Seokjin e o garoto da mesa de Hades estavam lá. Andei até os meninos e apenas acenei pequeno ao entrar na rodinha.
    — Achei que todos já estivessem aqui pro café da manhã. — franzi a testa.
    — É só às sete, faltam vinte minutos. — Namjoon explicou e eu apenas soltei um pequeno "ah" como resposta.
    — Acho que não não te apresentei ao Yoongi. — Jimin apontou para o menino do chalé 13. — Min Yoongi, filho de Hades. Jeon Jungkook, filho de Hecate. — Yoongi apenas acenou curto e eu fiz o mesmo.
    — Cadê o Taehyung? — Jin perguntou olhando ao redor. 
    — Se brincar, ainda está no bunker. — Hoseok torceu o nariz.
    — Mentira. — o filho de Deméter balançou a cabeça. — Vamos tirar ele de lá, se não vai criar raiz naquele lugar.
     Começamos a caminhar juntos, Seokjin e Namjoon mais para frente, conversando sobre algo que não consegui entender direito, Jimin entre mim e Yoongi, enquanto Hoseok permaneceu ao meu lado, percebi que ele e Min evitavam se olhar muito. Chegamos até uma espécie de galpão, de onde duas pessoas saíram assim que chegamos. Um deles era Leo, um dos diretores do acampamento, pude vê-lo mais de perto, e constatei que o mesmo parece um elfo, ou duende (não sei bem a diferença, todavia, carregava um sorriso travesso nos lábios) e aparenta ter por volta dos vinte e tantos anos. O outro garoto parecia ter acordado agora, a roupa e rosto sujos de algo que não sei identificar, mas parecia graxa ou óleo de motor, e tinha o semblante de quem não estava muito feliz de ser tirado dali.
    — Ay, Tete. — Leo cruzou os braços. — Se eu não te tirasse daqui seus amigos iriam fazer isso, mas com eles ia ser na base do tapa. Eu deveria fazer isso também porque sou teu hermano, ou hyung, como chamam aqui, mas sou bonzinho demais. — apenas quando disse isso notou a nossa presença. — Falando neles... Oi chicos
    — Oi, Leo. — os meninos disseram quase ao mesmo tempo.  
    — Preciso ir encontrar a Calipso e avisar que tirei ele da toca. — o latino olhou mais uma vez apreensivo para Taehyung. — Mas não te conheço ainda, você é o Jungkook né? — olhou para mim e abriu um sorriso simpático.
    — Sim. — respondi um pouco tímido ainda.
    — Prazer em te conhecer, sou Leo Valdez, almirante Leo, duende de papai noel, como quiser chamar, filho de Hefesto e um dos diretores do acampamento. — apresentou-se. — Agora preciso ir, vejo vocês daqui a pouco. 
     Posso jurar que Valdez saiu quase saltitando. Ele realmente parece ser alguém muito animado. Mas não demorou muito para que todos os olhos se voltassem para Taehyung novamente.
    — Kim Taehyung, você precisa se cuidar! — Seokjin ralhou. — Não pode ficar virando a noite no bunker!
    — Desculpe. — abaixou a cabeça levemente.
    — Tudo bem. — Namjoon suspirou. — Só corra pro seu chalé, tome um banho e vá para o refeitório, precisa comer algo decente. 
    — Ok. — ele parecia cansado. — Encontro vocês lá. — acenou de leve e foi rumo ao chalé nove.
    Nos entreolhamos, como se não tivéssemos muito mais o que fazer, e voltamos para o pavilhão do refeitório, onde Tzuyu e Nayeon já estavam sentadas, não demorou muito para que eu me juntasse a elas. Comemos em silêncio por alguns minutos, Tzuyu, a mais nova,  por ser normalmente quieta, e Nayeon parecia pensar em algo.
    — Hoje mais cedo, Leo chamou Taehyung de irmão, ele também é filho de Hefesto, igual ao Leo? — perguntei enquanto observava os dois, os quais estavam em mesas diferentes, Valdez comia na mesa redonda com Calipso e os moradores não semideuses do acampamento, enquanto Taehyung, surpreendentemente, estava à mesa de Hades, com Yoongi. 
      — Sim. — Chou respondeu. — São os dois únicos filhos de Hefesto daqui. Mas como Leo é diretor, raramente se senta à mesa de Hefesto. 
       Assim que terminamos de comer, fui com Seokjin, Jimin e Taehyung até a estufa afim de arrumar um cantinho para Camila lá. Seokjin fez bastante graça durante o percurso, e nós obviamente rimos de tudo que ele fala. Mesmo que o filho de Hefesto fosse mais quieto, ele não parecia triste, apenas na dele. O filho de Deméter tratou bem de minha pitangueira, certificando-se de que ela ficaria no local adequado dentro da estufa, seu cuidado é bonito de se ver. Assim que terminou de arrumar Camila, alegou que ainda precisaria fazer algumas coisas ali e que nos encontraria mais tarde. 
     Já fora da estufa, troquei um olhar com os meninos, pensando no que faríamos, a final, eu ainda estava perdido nessa história toda. Taehyung cruzou os braços e comprimiu os lábios, talvez pensando no que fazer, talvez pensando que queria voltar para o tal bunker. 
     — Vamos mostrar o vinhedo pra ele, Tae. — Jimin sugeriu e o rosto do filho de Hefesto se iluminou.
     — Sim! — sorriu largo, parecendo mais animado.
      Os garotos praticamente me arrastaram até o vinhedo, e lá ficamos andando por alguns minutos, enquanto eles me mostravam o local, até que nos deitamos na grama verdinha e encaramos o céu com poucas nuvens. Os únicos sons que ouvimos são o do vento fazendo a grama e as folhas dos vinhedos farfalharem, misturado com o de nossa respiração leve. Repousei em direção do chão minha mão esquerda, que anteriormente estava em meu peito, e acabei colocando-a por cima da de Jimin, o que me fez ficar um pouco tímido e retira-la dali rapidamente, porém o mesmo descansou a própria mão por cima da minha. Senti minhas bochechas esquentarem um pouco, mas deixei-a lá. Ouvi Taehyung respirar fundo antes de quebrar nosso silêncio.
     — Como está se sentindo, Jungkook? — perguntou, parecendo sincero. 
     — Estranho. — admiti. — Não parece real, sinto que daqui a pouco irei acordar em casa de novo e voltar pra minha rotina.
     — Como era a sua rotina? — dessa vez a pergunta veio de Jimin.
     — Chata. — ri fraco. — Acordar, correr pra aula, estudar, voltar pra casa, comer, estudar, dormir e repetir o ciclo. 
     — É o que esperam de pessoas da nossa idade. — Kim suspirou. — Sem nem ligar de gostarmos ou não do que estamos estudando.
     — Estudar é importante, claro. — Jimin completou o que Taehyung dizia. — Mas é insensível verem os jovens como máquinas de estudo e depois como máquinas de trabalho. Não que os deuses nos vejam de forma diferente.
      — Máquinas de completar missões. — Tae brincou. A sincronia e conexão dos dois é surreal.
      — Como são essas missões? — franzi a testa.
      — Bem, geralmente há uma profecia, então tentamos ver quem se encaixa nela, e os escolhidos partem para concluir a missão. — Park explicou. 
    O breu de nossas falas voltou, porém não ficamos no vinhedo por muito mais tempo, pois ambos queriam me mostrar o acampamento melhor.

🌕
   
  Ao acabar de jantar, falei uma última vez com os garotos e segui para o chalé vinte acompanhado de Jin e Namjoon, que também haviam terminado, pois Tzuyu fora para lá antes e Nayeon ainda terminavam de comer. Aos domingos não havia cantiga ao redor da fogueira.
    Foi divertido passar o dia com os meninos e sabia que só teria outro momento mais livre no próximo final de semana. Seokjin é bem engraçado, e parece ter um coração enorme, pude notar apenas pelo jeito como ele tratou de Camila na estufa e de como ele tentou fazer o máximo para que eu me sentisse incluído no grupinho. Namjoon também me passou uma boa impressão — todos no acampamento, na verdade — e ele parece ser muito inteligente, não por ser filho da deusa da sabedoria, mas pela forma de falar, que talvez tenha um pouco a ver com sua mãe, só que eu ainda não sei muito sobre essas coisas para chegar a uma conclusão. Ambos trocavam pequenos olhares discretos durante o percurso, como se não admitissem que estavam se olhando. Ao chegarmos em nosso destino, me despedi dos dois e rapidamente entrei em meu chalé, encontrando Tzuyu indo deitar, ela parecia estar com sono, então apenas lhe dei boa noite e fui em direção ao banheiro. 
    Me olhei no espelho e sorri, mesmo em pouco tempo, senti uma conexão estranhamente boa com as pessoas daqui, acho que é a sensação de enfim me sentir incluso em algo, o que nunca aconteceu antes. Já de pijama, com uma calça preta simples ao invés da calça do Patolino, mas com uma camiseta do Homem Aranha, arrumei minhas roupas no closet, já que ainda não havia feito isso, quando sai do mesmo, vi que Nayeon chegara no chalé. Demos um aceno curto, para não acordar Tzuyu com algum tipo de conversa, e então me deitei, pensei em pegar o celular, mas desisti ao me lembrar do chip antes me dado por Calipso — Jimin me explicou que celulares e coisas do tipo facilitam monstros a nos encontrarem, não entendi bem o porquê, mas achei melhor não questionar —  e ponderei se, mesmo com o tal chip, não era recomendado que usássemos, digo isso por simplesmente não ter me dado ao trabalho de usar o celular nesse período de tanta confusão. Deitei na cama, sentindo sono pelo horário em que fui acordado, e dei um "boa noite" baixo para Nayeon, que já ia se preparar para deitar. Não demorei muito para dormir, mas dessa vez, sonhei. 
     Me encontrei em uma rua extremamente movimentada, era difícil ficar parado ali pelo grande fluxo de pessoas, mas eu não estava em Seoul, ao que me parece, e sim em algum lugar nos Estados Unidos, contudo, não consegui identificar com exatidão. Caminhei meio sem rumo, até parar em frente a um café, onde vi uma mulher branca e de cabelos castanhos olhar pensativa para a mesa que ocupava, na superfície dessa havia uma coroa de louros dourada, como se fosse feita de ouro. A mulher parecia ao mesmo tempo intrigada e com um pouco de medo do objeto. Não sabia se ela era capaz me ver também, mas não tive tempo para descobrir, pois a multidão da rua movimentada me carregou para frente. 

🌕
 Espero que tenham gostado! E ai, quem acham que é essa mulher?????
Qualquer coisa, pode me chamar no twitter: organicmyg

O Filho do MistérioWhere stories live. Discover now