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   — É só se concentrar mais um pouco, Jungkook. — Nayeon aconselhou. 
   — Isso é difícil. — cruzei os braços. — Não era pra ser natural?
   — É natural, mas precisa-se de prática. — comprimiu os lábios. — Vamos, feche os olhos. — mandou e eu fiz o que foi pedido.
   Faltava apenas um dia para partirmos à missão, e Nayeon havia aumentado o número de aulas para que minhas habilidades fossem aprimoradas, porém, especialmente hoje, tive mais dificuldade. Já consegui esconder algumas coisas sob a névoa e criar algumas ilusões, contudo, ainda estou longe de conseguir coisas como esconder pessoas ou me locomover na névoa. 
    — Agora, mentalize o livro sumindo. — instigou. 
    Apertei as pálpebras, como se isso fosse me ajudar em algo, e tentei imaginar o livro desaparecer. Respirei fundo, em meu maior estado de concentração, e ao abrir o olhos, vi a conselheira sorrir, não entendi o porquê, o livro ainda estava ali.
    — Por que está sorrindo? Eu não consegui. — pendi a cabeça para o lado.
    — Claro que conseguiu. — bateu palmas, animada. — Se você está vendo, é porque funcionou muito bem, significa que tem bom controle da névoa. Repare que, deve haver uma fina camada de alguma cor envolvendo o livro.
   — Oh. — sorri fraco, mais feliz pela constatação. — Tem sim. — olhei-o com mais atenção. — É roxa, agora consigo perceber.
   — Acha que conseguiu memorizar encantos o suficiente? — perguntou se levantando.
   — Não sei ainda. Tenho boa memória, mas essa situação toda me deixa nervoso. — confessei.
   — Tudo bem se sentir nervoso, eu também me sentiria. — pegou algo em suas coisas. — Tome, acho que vai te ajudar. — me entregou um caderno de anotações pequeno e de capa verde musgo. — Desde que cheguei ao acampamento, venho catalogando alguns encantos, feitiços, receitas de poções. Alguns eu mesma criei, outros aprendi, especialmente com Calipso. 
   — Obrigado. — sorri e peguei o caderno com as duas mãos. — Mas não posso leva-lo, e você como vai ficar?
   — Não se preocupe, é uma cópia, Kijeong me ajudou. Ainda deixei espaço para que fizesse suas próprias anotações. 
  — Muito obrigado mesmo. — fiz uma reverência curta. — Obrigado por estar cuidando de mim aqui. Antes de vir pra cá, eu era muito sozinho, meu pai vive viajando, como disse antes, então me sinto bem quando chego no chalé e você está aqui com a Tzuyu, ou quando comemos juntos. Refeições eram solitárias anteriormente.
  — Entendo. — encarou o chão com um sorriso fraco nos lábios. — Eu também era bem solitária, morava em um orfanato, mas não havia ninguém da minha idade, não era próxima de ninguém. Quando cheguei aqui, eu também era a única no chalé, mas outros semideuses me acolheram, como Namjoon e Seokjin, além da Calipso e do Leo. — suspirou. — Então veio Tzuyu e agora você, me sinto bem de ter conseguido fazer os dois se sentirem bem. — minha irmã admitiu e então não pude evitar lhe dar um abraço. Ela sorriu e me apertou junto a seu corpo. — Vamos dormir, está ficando tarde e você terá um dia cheio amanhã. 

🌕

   Entrei pela primeira vez no arsenal — na verdade, pensava que ali era o bunker, mas descobri que o mesmo se encontrava no subterrâneo do galpão que resguarda as armas — e me animei levemente, enfim teria uma espada minha. Yoongi me mostrou algumas opções e uma delas me chamou a atenção, era uma espada, não muito grande, mas também não tão pequena quanto uma adaga. A segurei e apertei o cabo, sentindo que deveria escolhe-la.
   — É de bronze celestial, como a maioria das armas que usamos. — a analisou em minha mão. — Também há de outros materiais, mais difíceis de utilizar e encontrar, tipo ferro estígio, o material do seu anel.
   — Meu anel? — olhei confuso para meu dedo. — Achei que fosse prata.
   — É ferro estígio, conheço de longe. Apenas filhos de Hades conseguem manusear armas feitas com ele. 
    Fomos interrompidos por passos vindos dos fundos do arsenal, contudo logo descobrimos o autor desses, Taehyung. O menino sorriu ao nos ver ali e foi até nós, arrumando a mochila grande e estufada que carregava nas costas.
   — Viemos escolher uma espada pro Jungkook. — Yoongi explicou.
   — Essa ai é legal, eu que fiz. — Kim sorriu e apontou para a arma em minha mão. — Precisamos nos encontrar com o resto do pessoal, já está na hora. — avisou.
     Nos reunimos na entrada do acampamento. Leo e Calipso nos deram algumas instruções a mais, junto com uma boa quantidade de dinheiro. Valdez nos abraçou como se fossemos seus filhos indo morar em outra cidade — ao abraçar Taehyung, ele deu alguns tapinhas em suas costas, parecia até código morse — e sua esposa apenas nos lançou um olhar com misto de preocupação e esperança. Nos despedimos do casal e saímos do acampamento. 
    Nos emprestaram uma espécie de minivan — sinto que ela nunca será devolvida — para irmos encontrar a amiga de Leo em Seoul, eles nos deram o endereço de seu local de trabalho e disseram que ela estaria nos esperando. Hoseok, que estava ao meu lado esquerdo, parecia um pouco sonolento, como se não houvesse dormido bem na noite anterior, não posso o julgar, tive dificuldades para dormir também. Jimin, à minha direita, recostou sua cabeça em meu ombro, soltando um suspiro baixo. Por alguns segundos, fiquei paralisado e me perguntei o motivo de ficar em pânico todas as vezes em que ele me tocava. A unica vez que senti algo parecido foi quando beijei Cha Eunwoo no banheiro na festa de confraternização da nossa classe ano passado, mas a sensação não chega nem aos pés do que Jimin faz comigo. 
    O percurso foi bem silencioso, todos estávamos apreensivos em relação a situação, contudo, chegamos no trabalho da amiga de Leo, uma pequena cafeteria no centro da cidade chamada Seoul's Heart. Entramos e recebemos alguns olhares diferentes, talvez por sermos sete garotos vestidos iguais, mas uma mulher sorriu ao nos ver e acenou em nossa direção, deveria ser a amiga de Leo. A moça vestia o uniforme da cafeteria, e pelo que pude ler na plaquinha em seu avental, era a gerente do espaço.
   — Vamos conversar lá fora. — apontou para a saída e começou a andar até lá. 
     Fora do alcance de ouvidos curiosos, ela soltou um suspiro e nos  encarou por alguns segundos. 
   — Antes de tudo, prazer em conhecer vocês. — sua fala carregava um pouco de sotaque. — Sou Márcia, amiga do Leo.
   — Também é um prazer conhecer você. — Namjoon respondeu por nós.
   — Indo direto ao ponto. — olhou para os lados. — Tenho um fichário com tudo que sei sobre a situação. — entregou o objeto de capa azul para Namjoon. — resumindo um pouco, os Estados Unidos estão planejando atacar Cuba para "levar democracia"e blá blá blá, além de outras grandes desavenças entre Brasil e França, Estados Unidos, de novo, e China. — balançou a cabeça negativamente. — Como trabalho com relações internacionais, pude acompanhar de perto uma reunião entre alguns diplomatas Ingleses e da Uganda, sem mentira nenhuma, eles tinham uma aura envolta deles, como se estivessem sendo controlados para discutir. Desconfio de que Éris esteja por trás disso tudo.
    — A deusa da discórdia? — Jin arqueou uma sobrancelha. 
    — Exato, a mesma que causou a guerra de Troia. Provavelmente achou pouco e pensou, por quê não algo maior? — ironizou. — Enfim, as coisas estarão melhor explicadas no fichário.
    — Certo. — o filho de Atena afirmou com a cabeça. — Muito obrigado, Márcia. — estendeu a mão para a mulher, que a apertou com firmeza. 
    Nos despedimos de Márcia e voltamos para a minivan, tentando juntar as peças da nova informação. Cruzei os braços, me lembrando do sonho que tive há um tempo, seria a mulher uma personificação da deusa?
     — A gente podia fazer um lanche no café em que a Márcia trabalha, né. — Hoseok sugeriu, quando o carro começou a andar.
     — Tomamos café da manhã pouquíssimo tempo antes de sair. — disse Yoongi, do banco de trás.
     — Comi pouco, tô com fome. — cruzou os braços.
     — Eu sabia que ia falar isso, então trouxe umas frutas. — Seokjin abriu sua mochila e entregou uma banana para Hoseok.
     — Obrigado, hyung. — sorriu em forma de coração e comeu a fruta com gosto.
   Ao chegarmos no aeroporto, com passagens já compradas por Leo, deixamos a minivan no estacionamento, sabendo que ela seria buscada por alguém do acampamento em breve, e fizemos o check-in para nosso destino final, Roma.  

     
   

O Filho do MistérioWhere stories live. Discover now