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    Eu estava no meu quarto, no apartamento do meu pai, como se nunca o houvesse deixado, todas as minhas coisas ainda estavam lá. Caminhei até a sala, me deparando com uma mulher sentada no sofá, ela era muito bonita, usava um vestido longo, branco e leve, seus olhos eram dourados e ela carregava um sorriso pequeno nos lábios.
   — Oi, mãe. 
   — Olá, Jungkook. — sua voz era suave e calma. 
  Hecate se levantou e veio até mim, ela parecia flutuar ao invés de andar. Fixou seu olhar ao meu e afagou meu rosto, mas não senti o toque de sua mão, apenas uma sensação diferente, como se o vento fizesse cócegas em minha pele.
    — Acho que preciso dar um pouco de luz para a sua mente. — suspirou e voltou a sentar no sofá cinza.
    Continuei parado, sem saber muito o que fazer, apenas a esperei voltar a falar.
     — Conheci seu pai quando ele foi morar em Londres, eu estava passando uns dias por lá. — sorriu nostálgica. — Fui a um restaurante, mas estava lotado, o seu pai também queria comer lá, acabamos conversando na fila e dividimos uma mesa. Conversa vai, conversa vem, acabei gostando bastante dele, principalmente quando me disse: Ei, você vai me achar meio louco, mas juro que, às vezes, vejo coisas estranhas, como pessoas carregando espadas, homens metade bode e até gente que parece monstro. — imitou a forma a qual meu pai fala como uma profissional. — Percebi que ele conseguia enxergar através da névoa, então me encantei ainda mais por Jeon Jeokyun. De primeira, não contei a verdade, porém, os dias se passaram, nos aproximamos, tive certeza que deveria ter um filho com ele. — riu. — Então, disse tudo ao seu pai, e ele apenas reagiu com: Oh, então tudo faz sentido. Foi uma pena quando tive que dizer que, justamente por isso, não poderia ficar por muito tempo com ele, mas que, se ele quisesse, você poderia existir, Jungkook. — lançou outro olhar maternal. — Quando Jeokyun voltou para a Coreia, tivemos você, seu pai preferiu que achasse que eu estivesse morta, para que não descobrisse antes da hora. — fez um pausa, certificando-se de que eu estava assimilando tudo. — Eu queria que você tivesse uma lembrança minha, por isso deixei seu anel, além do mais, ele te esconderia dos monstros até que a hora certa viesse.
    — Por isso a cor dele mudou quando conheci Jimin. — minha voz quase não saiu. — Você sabia que eu iria esquecer de colocar naquele dia, não é? — perguntei e ela acenou positivamente com a cabeça.
    — Agora você já está crescido e tem uma missão para cumprir. — pegou duas pitangas maduras de Camila, que se encontrava posicionada ao lado do sofá. — Esfregue isso no rosto da mulher com a coroa de louros, mas não a machuque. — mostrou as frutas. — Use o seu anel, ele será útil, apenas se concentre. — sorriu mais uma vez. — Até breve, meu filho.

  Acordei suado e com o coração disparado, aquela projeção durante meu sono certamente não fora planejada por mim. Não fiquei chateado e sim feliz, minha mãe enfim me dera respostas que martelaram minha cabeça por um bom tempo. Olhei em minha volta e apenas Hoseok ainda estava dormindo, os outros já haviam se levantado, a maioria provavelmente mal conseguiu pregar o olho. Após Namjoon nos explicar seu plano, resolvemos descansar por duas horas, pois sabíamos que teríamos um tempo cansativo pela frente. Sai do quarto e me deparei com Taehyung mexendo em algo que não pude reconhecer, mas ele parecia concentrado. Jin continuava cuidando da pitangueira, preferi não o interromper. Pus os olhos em Yoongi, o qual apenas estava limpando sua espada, então fui até ele, tirei meu anel e o mostrei.
   — Sonhei com minha mãe, ela me disse que esse anel seria útil e que foi ele que me disfarçou dos monstros esses anos todos. — expliquei quando o vi fazer uma expressão confusa. — Como acha que posso usa-lo?
   — Bem, você pode usar a névoa para fazer o mesmo. — deixou a espada de lado e pegou o anel. — Pode ser mais fácil do que pensamos antes.
    Uma das partes do plano é que entraríamos no edifício com Yoongi nos levando pelas sombras — sim, ele conseguia fazer isso. — mas ainda tínhamos dificuldade em saber como usaríamos as frutas para, de alguma forma, salvar o mundo. Agora tudo parecia mais simples. Fui até minhas coisas e peguei o caderno dado por Nayeon, folheei um pouco até achar a resposta que queria: Como esconder alguém com a névoa. Corri até Namjoon e lhe expliquei meu sonho, — viagem astral, o que seja — ele assimilou o que foi dito rapidamente, então respirou fundo mais uma vez, com aquele olhar pensativo e ansioso, e sorriu.
  — Pessoal, acordem o Hoseok e venham aqui. — disse se escorando na bancada da cozinha americana. — Temos uma mudança de planos. 

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O Filho do MistérioWhere stories live. Discover now