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Anti traição de melhor amigo

As más línguas dizem que você não vivenciou verdadeiramente o colegial se não chorou dentro do banheiro em algum momento. Byun BaekHyun, quando começou o primeiro ano, tinha a certeza que provaria que todos estavam muito errados. Mas agora, no segundo ano, era exatamente assim que se encontrava: sentado na privada do último cubículo do banheiro masculino, assoprando o nariz com a própria gola da camisa porque não tinha mais forças para alcançar o papel higiênico, o rosto inchado, molhado e vermelho.

Não precisava ser um gênio para saber que ele estava aos cacos.

A culpa de tudo aquilo era Oh SeHun. Seu ex-melhor amigo. BaekHyun não acreditava que pudesse existir "ex-melhor amigo" até que aquele dia chegou.

Esfregou a mão no rosto limpando os vestígios de lágrimas que ainda molhavam seu rosto e levantou-se saindo do cubículo cinza para se olhar na frente do espelho.

Como odiava SeHun com todas suas forças.

BaekHyun e SeHun se conheceram na sétima série, tornaram-se amigos rapidamente pois tinham muito em comum. No começo do primeiro ano, os dois revelaram no mesmo dia um para o outro suas homossexualidades. Em nenhum momento, é claro, pensaram em ficar um com o outro, porque segundo eles seria incesto. Acontece que BaekHyun e SeHun eram os únicos homossexuais assumidos dentro do colégio. Nenhum dos dois tinha vergonha de levantar a bandeira LGBT e falar com todas as letras "Eu sou gay", o que resultou em diversos comentários preconceituosos disfarçados de piadas nos corredores do colégio.

Aquilo tinha sido o suficiente para BaekHyun e SeHun assumirem que 99,8% do colégio não prestava (os 0,2% eram eles dois) e restringissem seus círculos sociais apenas para eles.

No segundo ano entrou um aluno novo. Alto, de cabelos loiros, roupas de grife, um sotaque quase carregado e um gingado maravilhoso enquanto anda. Huang ZiTao era com toda certeza gay.

Tao – como gostava de ser chamado – começou a andar com a turma dos chineses descolados, que naquela época, se limitava unicamente a YiFan - um cara que parecia mais a estátua da liberdade de tão alto – e LuHan - o famoso hétero topper da balada. Mas BaekHyun pensou bem e decidiu que séria bom recrutá-lo para o lado rosa da força, porém a antipatia veio na primeira conversa.

— Você parece um ratinho de tão pequeno.

Ratinho! Veja só, Byun BaekHyun ratinho! Olhou-se no espelho os cabelos castanhos escuros com a franja caindo em seu rosto, as bochechas cheias e a boca muito bem desenhada. Ele não parecia ratinho coisa alguma. E aquela ratazana do ZiTao iria pagar.

Não pagou.

SeHun e BaekHyun marcaram o que chamavam de "dia do arco-íris", que consistia em ir no shopping comprar roupas e dividir o maior sundae da sorveteria, decorado é claro, com granulados coloridos. E claro que encontraram Tao por lá, carregando algumas sacolas da Gucci enquanto andava com sua bota de bico fino e óculos escuros.

— O que é isso que você está vestindo? – perguntou dando uma olhada de cima abaixo em BaekHyun.

Byun nunca foi do tipo que liga muito para roupas. Comprava moletons quentinhos e jeans que favoreciam o quadril que deus havia lhe dado. Mas ZiTao não achava aquilo suficiente.

— Aquela bicha metida vai me pagar. – disse para SeHun, que só balançou a cabeça rindo.

"Quem cala consente" é o que BaekHyun pensa, por isso estranhou quando SeHun aparentemente do nada surgiu sentado na mesa do trio de chineses durante o intervalo. Byun fez questão de ir lá o puxar pela orelha no meio do refeitório.

— O que você está fazendo sentado com a Rataozana? – perguntou indignado.

— Ele não é tão ruim assim, você deveria dar uma chance.