Anti Park Chanyeol

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O ouvido de BaekHyun ainda doía depois de um sermão de horas. É claro que ninguém ousou tirar sua razão, todos em sua casa entenderam mais do que bem o porquê dele ter feito o que fez, porém, todos também concordaram que havia formas menos problemáticas para lidar com o assunto. Ele poderia, por exemplo, começar falando com os pais. Querendo ou não, é muito difícil um adulto dar atenção ao que um adolescente tem a dizer e o levar realmente a sério. Talvez se o garoto tivesse conversado com os próprios pais, não estaria de castigo em seu quarto há dias, sem direito a videogame ou ligações.

Essa provavelmente era a pior parte. Não saber como as coisas estavam no colégio, o que diabos aconteceu depois que foi arrastado para direção e saiu de lá acompanhado pelos pais, tentando manter a cabeça erguida, porque no final, não se arrependia nem um pouco do que fez.

Estava preocupado com o clube, com os chineses, com ChanYeol. Se acostumou tanto em falar com o rapaz todos os dias que agora parecia estranho aquele amontoado de horas sem ele.

Rolou o corpo na cama e bufou, a franja outrora grudada em sua testa voou um pouco. Já havia tentado fazer de tudo, montar e remontar a Estrela da Morte, mas desistiu no começo do processo. Ler os livros de Game of Thrones que seu avô o deu de natal, mas não passou da página 100 do primeiro. E então, tudo que sobrou para si foi pensar em Park ChanYeol, seus bonés, as orelhas de abano e seus 19 dentes exibidos a cada sorriso sincero.

E sempre que pensava nisso, um sorriso era inevitável.

Quando não pensava em Park ChanYeol, pensava no clube e nos chineses, com um leve receio de ter piorado as coisas para todo mundo. E, nesse meio tempo, se ocupava com a formatura de BaekBeom, idealizando o momento onde o diretor o veria acompanhado por sua família, todo bonito e recebendo todo apoio dos pais, que o próprio velho jurou que ficariam tão decepcionados que tiraria o nome de BaekHyun dos registros.

Falando no Beomie, o Matleta era um péssimo fofoqueiro. Toda noite BaekHyun o implorava por novidades do mundo lá fora, mas BaekBeom vinha com as informações mais inúteis possíveis, só fofocas sobre professores. Pouco importava para o Byun menor se o professor Kang ganharia o prêmio de melhor professor do ano por forjar a votação. Ele queria saber de fatos completamente diferentes, mas até mesmo sobre o ASSC, Beom recusava-se a contar, alegando que não sabia muito sobre o que estava ou não acontecendo pela sala 485.

— Posso entrar? – ouviu batidas na porta, e logo o rosto do irmão mais velho invadiu seu quarto.

— Claro, você a única companhia que me resta nessa prisão – suspirou dramático, levando a mão até a cabeça – Por favor, não fique ofendido, Loey – disse olhando para o cachorro de pelúcia deixado em sua cadeira, um presente de ChanYeol na noite da peça – Sabe que tem sido um ótimo ouvinte enquanto meu irmão ignora minha existência.

O mais velho riu e adentrou o quarto.

— Trouxe hambúrguer para você – sentou-se na cama mostrando a embalagem de papelão.

O sorriso de BaekHyun se abriu e o garoto rapidamente se endireitou no colchão.

— Você é o melhor irmão do mundo, Beomie – sorriu rasgando a embalagem.

— Ah, pensei por um segundo que eu era aquele que ignora sua existência, não? – brincou passando o braço ao redor do ombro do menor e o trazendo para mais perto ao apoiar as costas na cama – Como estão as coisas por aqui?

— Ainda não enlouqueci, mas ontem pensei em esculpir um amigo com o purê de batatas – brincou – Cinco dias na solitária pode tornar qualquer homem louco, caro BaekBeom.

Ambos riram baixinho enquanto o menor devorava o hambúrguer. BaekBeom era grato por esses momentos com o irmão. Podia às vezes ser muito protetor, mas para ele era difícil ver que BaekHyun, seu filhotinho, havia crescido tanto.

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