Capítulo 3

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(Na capa: como eu imagino o Hate)

Luci também estava preocupada com isso, mas por enquanto estava mais preocupada com os ferimentos de Hate. Ele e Valiant sabiam mesmo como rasgar alguém em pedacinhos, e ficou muito aflita em pensar o que ambos teriam feito um com o outro se ela não tivesse se colocado no meio dos dois. Tinha sido ferida, mas não se importava, afinal já tinha separado brigas de outros animais algumas vezes, e tinha algumas cicatrizes por isso. O que importava agora era cuidar de Hate.

Já ele não pensava assim, lambendo o ferimento que ela tinha no braço, que ele mesmo havia feito. Era uma bela mordida, e com certeza ficaria a cicatriz.

As mãos de Luci fraquejavam toda vez que a sua língua de textura um tanto áspera, ainda que macia, passava por cima dos furos em sua pele. Não sangrava, e já havia aliviado bastante a dor por ele estar fazendo aquilo, e era até prazeroso. Seu rosto ficou em um tom rubro por estar sentindo prazer com aquilo, mas era muito bom. Quase tanto quanto ter aquela mão forte agarrando involuntariamente a sua coxa. Talvez ele nem tivesse percebido onde segurava, tão pouco que apertava um pouco quando sentia dor por ela estar limpando seus machucados.

-Me desculpe Luci – Passou levemente o polegar pelo seu ferimento.

-Já disse que está tudo bem grandão. Você não fez por mal – Ambos estavam na casa dele, na reserva. Ela estava sentada em sua cama, com ele apoiando a cabeça em seu colo, tratando os diversos arranhões que ele tinha nas costas e algumas mordidas no antebraço e no pescoço. Como aqueles músculos eram enormes e macios...

-Ainda assim. Eu não queria machucar você – Se sentou na cama para a olhar – Por que fez aquilo? Eu poderia ter feito algo pior – Luci achou adorável seu olhar arrependido, superando qualquer olhar que seu cachorro já tivesse feito para a chantagear por um pedaço de carne.

-Eu não queria que você se machucasse mais. Já está todo ferido... – A abraçou. Se sentia culpado, mas feliz por ela se importar com ele.

-Nunca mais vá embora! – O abraçou. Sua voz era autoritária.

-Eu nunca vou te abandonar grandão. Vou sempre voltar para perto de você está bem?!

-Voltar? Não. Ficar! – A encarou aflito, ainda que autoritário.

-Hate, olha, eu estou aqui para cuidar de você está bem?! – Segurou seu rosto para que olhasse para ela – Eu vou precisar ir para os outros prédios para...

-Não! Não saia mais de perto de mim! – A abraçou de novo. Ela suspirou. Não deveria ter o deixado daquele jeito. Deveria ter se despedido em vez de deixar apenas uma pelúcia.

-Me desculpe Hate.

-Pelo que?

-Por ter te deixado daquele jeito aquele dia – Novamente o fez olhar para ela - Eu sinto muito mesmo. Deveria ter falado com você... Eu... Me perdoe por ter feito aquilo - A olhou nos olhos.

-Você foi embora... – Não pode deixar de se sentir abandonado naquele dia.

-É que eu não poderia ir para o mesmo lugar que você. Não naquela hora. E tentei todo esse tempo vir para cá, para ver você de novo.

Verdadeiramente, por todos esses 8 meses, Luci não conseguiu parar de pensar nele. Será que estava bem? Será que se lembrava dela? Será que ele realmente tinha gostado dela ou ele apenas a via como alguma coisa para lhe dar carinho, e já tinha achado alguém para fazer isso por ela? E ele estaria feliz? Será que conseguiu uma companheira ou estava bem sozinho? Será que ele gostava de estar sozinho, por isso sempre rosnava para todos? Ou será que estava sempre com medo? Só queria poder vê-lo de novo para responder todas essas perguntas. E ali estava ela. E agora via como ela tinha sido importante para ele, e tinha desenvolvido afeto por ele apenas por ficar repassando aquelas perguntas em sua cabeça. Estava muito feliz em ver que estava bem, mas preocupada por estar sozinho. E se sentia culpada. Se ela tivesse se despedido devidamente, talvez Hate tivesse aceitado outras pessoas se aproximarem.

Hate - Novas Espécies (Livro 1)Where stories live. Discover now