Capítulo 28

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Bem cedo, por volta das 6 horas da manhã, Hate sentiu-se ser beijado nos ombros e pescoço. Pelos toques e pelo cheiro sabia bem que era sua Luci. Bocejou, soltando seu mugido de sempre, levantando a bunda e esticando os braços para se alongar, e depois esticando as pernas e apoiando o peso do corpo nos braços. Luci sorriu com isso, lembrando-a de um cão que acabou de acordar de uma soneca longa.

-Bom dia pequena.

-Bom dia grandão – Lhe deu um beijo no rosto, entregando um grande copo de leite. Costumava comer salmão pela manhã, logo depois de monitorar seu território, mas leite não era nada mal. E misturado com mel! Percebeu assim que bebeu um pouco. Adorava mel.

-Acordou tão cedo... Por que já está vestida?

-Meu pai está nos esperando. Se lembra?! – Se esticou mais uma vez, voltando a deitar na cama quando fez. Estava particularmente preguiçoso aquela manhã.

-Ele está?

-Sim. Meu pai acorda junto com as galinhas da fazenda. Mesmo não estando nela – Deitou em cima de seu peito, massageando sua nuca. Sabia como ele adorava isso.

-Diga a ele que as galinhas da reserva acordam mais tarde – Riu com isso, lhe beijando do peito até o seu rosto, depois mordiscando sua orelha.

-Temos que ir grandão – Rosnou, se virando de lado e a abraçando para que também não se levantasse. Luci tentou sair de baixo de seu braço, mas ele era incrivelmente pesado. Demorou pelo menos 6 minutos para conseguir se livrar, depois lhe mordendo forte o braço que a segurava.

-Au!

-Vamos! – Fez uma cara rabugenta.

-...Sua cara fica linda quando está irritada.

-Nem tente me enrolar! Levanta! – O puxou pelo braço, mas nem mesmo se mexia – Levanta!!! – Sua mão escapou da dele, e, por reflexo, se preparou para bater no chão, mas Hate se levantou de súbito e a segurou pela camisa. A puxou de volta para a cama, e para os seus braços, sendo retribuído por isso - Obrigada – Hate esfregou seu rosto a ela, a abraçando com insistência.

Uma vez tinha puxado um dos homens que o escoltava para as gaiolas de luta por uma das pernas, passando uma das mãos pela grade, quando ainda era jovem e pequeno o suficiente para conseguir fazer isso. Tinha puxado a perna do homem para dentro de sua gaiola, e lhe arrancou um bom pedaço. Estranhou por não ter sido chutado ou ter tomado algum choque imediatamente como normalmente aconteceria. Mas logo mais homens lhe fizeram soltar o outro. Uma poça de sangue estava abaixo da cabeça do que ele tinha puxado, e descobriu que humanos morriam de formas idiotas como aquela.

Teve medo que algo do tipo pudesse acontecer com Luci.

-Você está bem?

-Tudo bem grandão. Eu tenho a cabeça bem dura – Bateu na própria cabeça, que fez um som estranho. Não o som de osso que deveria fazer. A cheirou ali, vendo que tinha uma marca de corte por baixo dos cabelos pretos, reconhecendo um cheiro metálico, mas não estava sangrando.

-O que é isso?

-Platina. Sofri um acidente de carro quando era criança. Meu crânio rachou bem feio, e tiveram que colocar esse metal no lugar do osso. Pancadas nessa região da minha cabeça não fazem tanto efeito assim.

-Você tem metal na cabeça?

-Sim. Por baixo do cabelo e da pele. Como próteses que usam em grandes cirurgias. Lembra que eu lhe expliquei?

-Pensei que era só nos dentes.

-Pode-se substituir diversos tipos de ossos. Mas enfim, vamos. Meu pai está nos esperando.

Hate - Novas Espécies (Livro 1)Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum