Capítulo 16

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Ao anoitecer, June ainda mantinha sua atenção nos resultados das amostras. Estava realmente preocupada com a qualidade da água. Uma concentração elevada de agrotóxicos estava ali, tais que poderiam deixar um humano comum intoxicado. Se perguntava como ainda não tinha visto peixes mortos. Na verdade torcia para que nenhum espécie tivesse os comido por ter sido um alimento mais fácil.

-Precisamos subir o rio urgente! Olhe o nível de intoxicação...

-Nível proibido para qualquer plantação.

-E não há plantações por aqui – Ela e Josh se entreolham.

-Acha que estão envenenando a água?

-Se esses malditos malucos tem coragem para atirar em um casal no meio de uma coletiva de imprensa, o que não fariam com os meninos da reserva... Eles não tem coragem de enfrenta-los pessoalmente, mas de envenena-los para depois mata-los, com certeza fariam.

-Malditos doentes... E ainda ousam os chamar de animais.

-... Preciso ir ver o Snow – Seu amigo sorriu em cumplicidade.

-Deve estar preocupada... Vá vê-lo. E converse com a Luci de manhã. Precisamos de coletas de sangue de todos da reserva. E talvez de uns 10 deles para segurar o Hate. Ele tem pavor de agulhas – June riu, imaginando Hate sendo arrastado pelos pés para uma sala de exames, se segurando nas paredes, e talvez até deixado marcas de unhas pelos corredores.

-Aquele grandão só tem tamanho mesmo...

-E raiva. E força. Muita força.

-Mas isso, todos temos – O Espécie que estava fora da sala comenta – Mas realmente... Hate é o único que consegue lutar com Valiant sem se machucar muito.

-Valiant é tão bruto assim?

-Imagine... Apenas precisam de 8 de nós para pelo menos o afastar de alguma vítima.

-E eu inocente com medo do Snow...

-Snow é o mais amigável de nós. Bem, menos com machos humanos.

-É. Eu percebi. Mas não o culpo. Na situação de merda que encontramos eles... Literalmente.

-Bem, vou lá vê-lo. Até amanhã Josh.

-Até amanhã.

-Até amanhã Flame – Se referiu ao Espécie que guardava aporta.

-Até mais. Cuidado na floresta a esta hora.

-Vou ter. Não se preocupe.

Foi até a beira das árvores, não se atrevendo a entrar sem antes chamar por Snow. Alguns lobos já começavam a ficar “folgados”, saindo da floresta e invadindo a área dos prédios. Não queria ser a próxima refeição noturna de um jaguar ou algo maior. Chamou por seu guardião, o vendo sair das sombras em menos de 5 segundos.

-Finalmente voltou!

-Foi só um dia meninão...

-Justamente! Um dia todo! Vamos logo para casa.

-Snow... Sabe que não sou sua fêmea, não sabe?!

-... – Talvez se tivesse lhe acertado com um tiro de escopeta não teria o machucado tanto. O viu colocar o rabo entre as pernas e suas orelhas ficarem tão baixas que mal dava para se ver em meio aos seus volumosos cabelos rajados.

-Não fique... – Lhe virou as costas, sumindo de volta na floresta – Snow... – Suspirou em pesar – Eu não queria te magoar.

-Ué... – Josh estranhou ao ver sua amiga de volta.

-Nem pergunte – Viu que estava triste.

-Pergunto sim. Por que está tão tristinha?

-... Eu disse pro Snow que não era a fêmea dele. Ele ficou bem magoado. Agora estou me sentindo mal.

-Mas você disse a verdade. Melhor dizer logo do que ele ficar pensando que cavalos tem chifres.

-O que? – Flame abre a porta para poder os olhar nos olhos. Ele ouvia tudo o que acontecia ali, e por muitas vezes já tinham conversado através da porta. Não entrava porque tinha que vigiar, e porque a maioria dos cheiros do laboratório o lembravam de seu passado. Detestava aqueles cheiros.

-É uma expressão Flame. Quer dizer “ver coisa onde não tem”. Snow estava achando que June era dele.

-Mas você estava com o cheiro dele – Flame entra no laboratório, se sentando perto dos dois.

-Eu sei. É que... – Corou, não querendo dizer que quase tinham transado – Bem, ficamos bem próximos, e bem rápido. Rápido demais. Acho que ele confundiu as coisas.

-Confundiu ou você o deixou pensar que ele tinha algo a mais contigo?

-Flame, a June nunca...

-Não Josh, ele tem razão. Deveria ter imposto mais limites em vez de ter inventado desculpas. Mas ele é tão fofinho que não consigo dizer “não” para ele. Acabei o deixando me tocar demais, e por isso ele pode ter pensado que tínhamos alguma coisa além de amizade.

-...Não deveria ter feito isso June – Via reprovação no olhar dos dois homens a sua frente.

-Eu sei! – Colocou as mãos na cabeça, apoiando a testa no balcão – Agora eu o magoei! O que eu faço?

-Peça desculpas?! – Josh disse o óbvio.

-Isso se ele quiser falar comigo! Correu de volta para casa... Nem me deixou falar mais nada.

-Ele está chateado. Precisa de um tempo. Aproveite para acabar suas investigações sobre essa água contaminada e se curar destas costelas.

-Verdade. Obrigado Flame

-Desponha – Voltou para a porta.

-Então você deixou ele te tocar né safada?!

-Nem comece! – Corou com a insinuação de Josh, até porque era verdade – A culpa é dele de ser tão gostoso.

-E ele tem chance de ser seu macho?

-Tem 99% de chance! – Viu a expressão sapeca de seu amigo - Parabéns June, você é uma completa hipócrita!

-É mesmo!

-Cale a boca Josh! Vamos trabalhar! – O homem riu, voltando sua atenção ao microscópio.

Hate - Novas Espécies (Livro 1)Where stories live. Discover now