Capítulo 4

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Lá fora a noite estava fria, devido a floresta que mantinha sempre aquela temperatura amena pela noite e o tempo fresco pela manhã. Ainda assim, June estava apoiada na janela de seu leito, no segundo andar, olhando as estrelas. Viu que os Nova Espécie que estavam de vigia mantinham as luzes apagadas pela noite, e seus olhos brilhavam no escuro, encarando o breu como legítimos cães de guarda. Provavelmente enxergavam tudo. Isso mantinha a reserva no escuro, o que era perfeito para as estrelas mostrarem seu brilho.

June engoliu um grito ensurdecedor quando uma figura branca surgiu completamente do nada em sua janela. Ele mesmo usou o dedo indicador para a silenciar.

Era o Nova Espécie que havia a atacado mais cedo. Seu corpo era divinamente desenhado. Possuía logos cabelos brancos com mechas negras, e seus olhos azuis ciano brilhavam pelo escuro, como pedras preciosas. Viu acima de sua cabeça um par de círculos achatados e felpudos, que o deixavam com uma aparência adorável. Seu nariz lhe lembrou muito o focinho de um tigre, mas era claro como sua pele.

-Desculpe te assustar - Sua voz era rouca e grave, quase como um sussurro. Provavelmente queria evitar ser ouvido por outros Espécies - Eu posso entrar? - June não disse nada, boquiaberta pela beleza rara que estava a sua frente. Apenas deu alguns passos atrás para que ele pudesse entrar - Obrigado - Pousou silenciosamente dentro do quarto, fechando as janelas e as persianas. Quando se virou de costas, ela sentiu algo macio tocando suas pernas, e percebeu que ele também possuía uma longa cauda, listrada como seus cabelos. Lembrou-se de ver alguém parecido quando resgatou os Nova Espécie junto a seus amigos, mas não lembrava-se que ele possuía características tão animais. As persianas das portas de vidro do leito também estavam fechadas, para lhe dar privacidade para dormir. Se virou novamente para olhar para June, que continuava boquiaberta - Eu queria te pedir desculpas por hoje cedo. Não tinha notado que você era uma fêmea - Agora respirou fundo, para sentir o cheiro dela, se aproximando mais. June teve que olhar para cima para encarar seus olhos azuis, pois ele deveria ter por volta de 1,95m de altura, e pelo menos 100kg. Mas logo desviou o olhar para baixo, e pensou se ele estaria ansioso, pelo movimento que sua causa fazia, serpenteando pela sala - Por favor, fale comigo. Não pretendia te assustar nem te machucar - Voltou o olhar em seu rosto, vendo arrependimento e culpa ali.

-Está tudo bem. Eu... Apenas fiquei sem palavras. Eu entendo que foi um mal entendido.

-Mas eu feri você... Sinto muito mesmo. Lembro-me de ti quando nos resgataram. Que bela forma de agradecer...

-Tudo bem. Sério. Não fez por mal. Só defendia seu território. Desculpe ter invadido - Ele deu um meio sorriso, ainda com um olhar culpado. Ela achou aquela carinha a coisa mais fofa que já tinha visto, superando todos os vídeos de gatinhos que poderia se lembrar - É tão lindo... - O viu corar - Eu disse isso em voz alta? - Corou tanto quanto ele.

-Nunca tinha visto uma fêmea de cabelos curtos... E é muito bonita também. Destaca seu rosto.

-Obrigada - Sorriu tímida - Posso te dar um abraço?

-Eu posso acabar te machucando.

-Ah, não me negue esse pedido garotão... É só ter cuidado - A olhou nos olhos, vendo seu sorriso simpático. Não conseguiria negar um pedido dela nem que quisesse muito. Abriu os braços, sentindo seus pequenos braços o envolvendo, adorando a sensação. Também fez o mesmo, tentando não tocar em suas costelas, que sabia que estariam doloridas. Seu corpo era muito quente, e extremamente aconchegante. Tanto que ficou um pouco sonolenta, se escorando em seu corpo, quase cochilando em pé. Sentiu sua respiração forte em seu cabelo.

-Seu cheiro é bom.

-Obrigada.

-Muito bom... - Continuava insistentemente a cheirando. Rosnou alto, fazendo o som legítimo de um tigre, a pressionando com mais força contra o próprio corpo, o que a fez ficar aflita; mas então viu que ele rosnou para alguma coisa que passava nos corredores do hospital. A pequena sombra parou na porta, mas depois correu - Um gato no hospital? Deveriam ter mais cuidado.

-Ele pode estar aqui de propósito.

-Por que deixariam um gato em um hospital? - Afastou-se apenas o suficiente para poder a olhar nos olhos, com uma expressão curiosa.

-Foi comprovado cientificamente que a vibração do ronronar dos gatos ajuda os enfermos - Ele pareceu surpreso com a informação. Mas ela ficou ainda mais surpresa quando ele a pegou no colo, como se não pesasse nada, e a colocou sobre a cama, se deitando ao seu lado, colocando a mão dela sobre sua cabeça.

-Nós Espécies que fomos misturados a felinos também ronronamos. Posso ajudar você a se curar.

-... - Ela ficou intimidada por ver seus olhos brilhantes assim tão de perto, mas com uma vontade absurda de lhe beijar os lábios rosados. Como aqueles lábios pareciam apetitosos... Nunca viu lábios tão tentadores em um homem. June também gostava de mulheres, mas nunca sentiu tanta vontade de beijar alguém como estava de beijar aquele tigre agora. Sua mão, quase que involuntariamente, começou a lhe acariciar. Se arrepiou em desejo quando ele fechou os olhos e seu corpo começou a vibrar, com um novo tipo de rosnado, preenchendo o ambiente. Seria este o som do seu ronronar? Havia pensado no som de um gato. Mas a vibração de seu corpo realmente a relaxava, o que a fez pegar no sono rápido.

-... Moça? - Sentiu falta de seu cafuné, parando de ronronar. Viu que ela havia adormecido. Não queria mais a incomodar. Já tinha feito o que queria fazer, então foi sair da cama para ir embora, mas na hora de partir, ela o segurou pelo braço, despertando pela falta do calor de seu corpo, implorando silenciosamente para ele voltar a se deitar ao seu lado, e assim ele fez, a aconchegando em seu peito.

-Qual é o seu nome? - A ouviu dizer, ainda com os olhos fechados.

-Snow.

-Combina com você. Me chamo June - Se aconchegou mais em seus braços - Boa noite Snow.

-Boa noite June - A abraçou com cuidado, como se fosse uma pelúcia. O cheiro dela era delicioso... Não pôde deixar de afundar seu nariz na curva do pescoço da mulher, respirando seu cheiro como se fosse uma nova droga, viciante como qualquer uma que poderia existir, fazendo suas pupilas se dilatarem com isso - Minha! - Disse para si mesmo, a abraçando com mais insistência.

Hate - Novas Espécies (Livro 1)Where stories live. Discover now