prólogo

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Califórnia, EUA

  O barulho dos passos altos sobre o assoalho de madeira escuro poderia ser um dos barulhos mais irritantes que a filha ouvia vindo do quarto trancado da sua casa. O homem autor dos barulhos já falava agitado e preocupado no telefone. Ligação de trabalho. E como das outras vezes, a espiral de ansiedade no peito do homem consumia tudo conforme ia se alastrando, oque o deixava com mais vontade ainda de executar logo o plano.

Sim, claro. Nos veremos dentre duas semanas -Diz antes de desligar a ligação e suspirar coçando a cabeça, pensamentos sobre as complicações que poderiam e iriam aparecer no plano eram enormes, então ficou um período de duas horas planejando e deixando tudo arrumado para trás.

Filha, arrume suas coisas, consegui uma proposta grandiosa e vamos nos mudar para uma ilha! -Seus cabelos pretos curtos nas laterais ficaram mais evidentes ao homem jogar a parte do meio para trás, que era mais comprida. Assim ressaltando mais os seus olhos azuis claros, e a barba preta crescendo realçava o estereótipo de que ele era um homem ocupado demais para ligar para seu reflexo no espelho.

Oi pai, boa tarde, vamos conversar sobre a possibilidade de nos mudar sim -A garota de cabelos pintados de pretos disse ironicamente, fazendo seu pai revirar os olhos com a adolescente.

Outer Banks, é em Carolina, uma ilha. Só que irei viajar assim que chegar e vai ficar com seu tio -O homem disse agitado, ali, Jamay percebeu que era algo sério, seu pai era um homem agitado e bastante hiperativo mas ela aprendeu com o tempo a diferenciar todos os seus ciclos, de quando era algo normal para quando era trabalho. Afinal, o homem era o único de sua família que ela tinha contato depois de sua mãe morrer em seu nascimento.

Vou ficar com aquele seu irmão que eu nunca vi na vida? Maneiro -Bufou mais uma vez irônica, pelas histórias de seu pai, Jeffrey era totalmente diferente do seu progenitor, e a única coisa que ela sabia era que ele bebia muito e vivia em barcos de pesca para se sustentar.

Ele é um bom tio, e eu volto logo -Seu pai diz e ela acompanhou ele andando até seu quarto, ele tirou uma mala de baixo da cama e começou a guardar suas coisas.

Por que essa pressa? Você achou alguma coisa? -Pergunta se apoiando no batente da porta e olhando curiosa para seu pai, ele trabalhava com barcos, mais precisamente encontrando barcos naufragados, era o melhor, quando alguém queria encontrar um, chamavam ele.

Uma pena que não é sempre que precisam.

No mesmo momento, o olhar pai de Jamay se pousa em sua filha e esboça um sorriso no rosto, com a expressão que ela conhecia bem: era algo grande.

Nothing To Lose¹  • JJ Where stories live. Discover now