dezoito

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Outer Banks

– Finalmente em casa garota -Fecho os olhos e suspiro, tinha tempo que não ouvia aquela voz e preferia não ouvir mais. – Cansou de dormir na rua? -Pergunta apoiado na porta do meu quarto, deveria ter fechado.

– Achei que estava em viagem de pesca -O olho, a barba levemente mais comprida, o cabelo molhado, os olhos castanhos cheios de olheiras e a roupa que ele usava para pesca. Casaco verde musgo, calça jeans escura, botas.

– Voltei mais cedo, todos os peixes já saíram depois do furacão -Concordo, ele não estava bêbado, e quando não está é um dos poucos momentos suportáveis.

– Imagino -Corto o assunto, e volto a olhar para o caderno onde tentava desenhar alguma coisa. Ficar sem internet é chato, e desde que não encontramos o ouro parece que voltamos a estaca zero, tenho medo que agora eles achem que eu não tenho mais motivos para andar com eles.

– Fez faxina na casa? -Assinto e ele finalmente vai embora. No dia em que saí no barco pela primeira vez para encontrar, todos estávamos desanimados, acabei voltando para casa e... Todos os papéis tinham sumido, iria perguntar algo mas no segundo dia John B apareceu querendo procurar de novo, e então quando voltei Jeffrey já tinha viajado.

John B está em fase de negação, ele não aceita oque aconteceu e... Todo dia ele quer procurar de novo no navio, fui as três primeiras vezes, mas essa manhã o desanimo me atingiu de forma tão grande que não consegui ir. Criar expectativas e se decepcionar de novo, soa quase como um masoquismo.

Termino o desenho que virou várias frases e nomes de músicas com símbolos aleatórios e levanto ouvindo um barulho alto. Jeffrey já tinha saído do banho.

Entro na cozinha, e lá estava ele, com uma roupa nova mas cercado das antigas garrafas, ao ver a quantidade de garrafas de vodka na mesa, tento já voltar correndo para o quarto, mas a mão forte fechou meu braço e me empurrou contra o corredor.

– Sabe o que eu lembrei? Do modo como me empurrou naquela noite, me fez passar vergonha na frente do seu amiguinho -A voz dele era nojenta, rouca, falhada. Tento me soltar mas de forma rápida ele tira a mão do meu braço e põem ela no meu pescoço, me empurrando contra a parede.

Levo minhas mãos ao seu braço, mas em vão, ele é bem mais forte e mais velho que eu.

Seus olhos estavam vermelhos, as pupilas saltadas, o hálito de álcool era forte e ele respirava perto demais, sua veia na testa ia aparecendo e ele já estava vermelho. O pior, era que sua mão apertava cada vez mais, e eu estava ficando sem ar.

– Acha que sou um dos seus amiguinhos que pode me tratar da forma que quer? -Sinto minhas bochechas queimarem, e sua voz estava mais embolada, não sei como mas ele bebeu muito e ficou bêbado muito rápido. Com certeza não foi só bebida. – ME RESPONDE! -Grita, e então fecho os olhos ao escutar um barulho alto de vidro se quebrando ao lado do meu rosto.

Na mesma hora ele queima, algo com certeza me arranhou, abro os olhos e sinto sangue escorrendo por um lado do meu rosto, mas nada foi tão assustador quanto a cena seguinte.

Jeffrey me encarando com os olhos lacrimejando, e uma garrafa verde quebrada apontada para mim, sua mão ainda me enforcando, e agora eu já sentia a necessidade de respirar, meus pulmões ardiam, minha cabeça queria tremer, mas só Deus sabia oque aconteceria comigo se eu desmaiasse.

Eu não conseguia falar.

Sinto sua mão no meu pescoço tremer, e então a da garrafa, na qual eu não tirava o olhar, mexia também, Jeffrey seria capaz de me matar?

Nothing To Lose¹  • JJ Where stories live. Discover now