sete

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Outer Banks


 

  Nunca tinha visto um corpo de perto, alguém morto, pele pálida, os olhos fechados, dedos levemente arrocheados. Nunca. Ainda mais assassinado, ver uma poça de sangue embaixo de uma pessoa é algo assustador para mim. E eu não quero ter essa experiência com dezesseis anos.

Por isso quando me aproximei do que percebi ser o garoto jogado, eu caminhava para mais perto tensa, com pesos sobre os meus ombros e a pressão na minha cabeça de como se eu estivesse embaixo da água.

Ao chegar mais perto, vejo o rosto com vários hematomas. Uma vermelhidão meio arrocheada em um olho inteiro e um lábio inferior machucado, uma marca na bochecha completava e a vermelhidão em seus ossos da mão demonstravam que ele tinha passado por uma briga.

Mas não tinha nenhuma poça de sangue.

– Quem está aí? -Pulo para trás com a sensação de que alguém pegou meu coração com a mão e apertou, minha pele arrepia e meus batimentos cardíacos disparam quando vejo o garoto não tão morto assim, abrindo os olhos.

– Você está de brincadeira? Atiram e você fica estirado no chão como um morto? -Pergunto sentindo uma pontada de raiva pelo susto, o garoto se senta na areia e percebo que já tinha visto ele algumas vezes, era o mesmo do píer, e ele tinha me falado o nome dele, mas eu sinceramente não lembro.

– Eu quis ficar um pouco quieto, chegou atrasada para a festa -Diz irônico e rio nasalado.

– Percebi -Digo no mesmo tom

– Senta aí -Diz e olho em volta, a praia estava vazia, dou de ombros e me sento na areia sentindo-a um pouco gelada.

– Bateram feio em você -Comento, com certeza ele ficaria com um olho roxo por uns dias. Certeza que foi um cruzado.

– Foi o Topper, conhece? -Franzo o cenho, Topper? Que nome estranho – Ele namora a Sarah Cameron, loiro, kook. -Descreve e lembro de quando tive que ir no Figure 8 com meu tio, ele foi fazer uma entrega de alguma peça de barco para o Ward Cameron, os Cameron, uma das famílias mais ricas daqui, ele tem um filho viciado que só de longe percebi a quase abstinência, uma filha mais nova que me encarava de forma estranha e uma filha que parecia uma princesa, e ao lado dela claro que tinha um garoto forte com cara de engomadinho. Kooks.

– O ken humano de blusa para dentro da calça? Ele é forte -Argumento, agora está explicado os machucados.

– Ele tentou me afogar -Deu de ombros – Por isso os tiros -Completa e arregalo os olhos

– Atiraram nele? -Pergunto surpresa

– Oque? Não! JJ atirou para cima... Merda, não conta para ninguém que disse que foi ele -Se atrapalhou me olhando.

Lembro desse nome... JJ.

Claro, era o garoto robótico! O bonitinho que surfa bem. Surfa bem e tem uma arma pelo jeito.

– Minha boca é um túmulo... Mas ele fez certo, Topper é o tipo de cara que mataria um pogue -Digo lembrando a forma que ele olhava para o meu tio sem nem o conhecer.

– Não sei, mas meus amigos começaram a brigar e implorei para ficar aqui, longe disso tudo -Diz e concordo, acho que o nome dele era John B, acho. – Mas você tem um novo curativo na cara, surfando? -Pergunta e me olha

– Mais ou menos -Dou de ombros olhando para a água.

– Você é bem misteriosa, é engraçado- Se deita apoiando o peso no braço e olho para seu rosto, arqueando as sobrancelhas. John B me olhava sorrindo, e até que ele é bem bonito.

Nothing To Lose¹  • JJ Where stories live. Discover now