trinta e quatro

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Outer Banks

Procurado pela polícia -Solto o ar pela boca, negando como se não acreditasse, na verdade não acredito ainda em toda essa história.

Fugitivo -John B diz no mesmo tom, parece que eu estou em outra realidade. Estávamos todos no carro no meio de uma das garagens antigas do pai de JJ, no meio do mato, ninguém conseguiu pregar os olhos mesmo estando claramente de madrugada.

Eu não acredito que Ward Cameron chegou tão baixo -Kie diz, com o banco de motorista um pouco inclinado para cima das pernas de JJ, Pope tinha feito o mesmo com John B. Pelo menos eles estavam confortáveis.

Eu não estou surpreso -Concordo com JJ

Ainda mais depois de tudo que ele fez -Digo, em minha mente passa várias vezes a voz do meu pai gritando, minha imaginação estava começando a ir longe demais. Da licença, vou sair -Digo para John B, que me olha estranho

Vai para onde? -Pope pergunta mas faz a mesma cara de todos.

Só sair desse carro, preciso respirar e ficar quieta -Resmungo, falo pouco mas o suficiente para John B encolher as pernas e abrir a porta, saio do carro sem olhar para JJ porque sabia que se ele olhasse para o meu rosto não conseguiria engana-lo fingindo estar bem. Nunca consigo.

Fecho a porta atrás de mim e caminho um pouco pelo mato escuro, ouvindo os barulhos dos grilos e vendo alguns vagalumes pelo caminho, o céu estava estrelado, a lua grande iluminando, ou melhor, refletindo a luz e de fato trazia um bom sentimento de paz. É exatamente isso que eu preciso, ficar um tempo em paz.

Sento no pequeno tronco de árvore seco e sorrio olhando um vagalume solitário iluminando minimamente a folha que estava sobre. Era bonito.

— Sabia que na verdade, a luz dos vagalumes não ficam na parte traseira? E sim no final do abdômen? -Avan senta ao meu lado nos degraus da escada e estranho seu comentário.

— Desde quando você presta atenção nas aulas? -Questiono desviando o olhar do céu nublado com nuvens escuras que dava a aparência de avermelhado, para os olhos castanhos claros do meu irmão. Nosso pai tem olhos azuis, minha mãe verdes, mas Avan tem olhos castanhos. Quando mais pequenos, ele dizia que era o azarão da família, mas na verdade não o imagino com olhos azuis ou verdes. Castanhos combinam com ele.

Meu irmão encolhe os ombros e ri de leve, com a boca sempre arqueando mais do que deveria e com alguns fios da franja de lado tampando parte do seu olho.

— Presto atenção no que eu acho interessante -Diz sem importância, é uma grande característica dele, meu irmão é uma pessoa relativamente fria, as vezes o chamo de vampiro por ele ser tão branco, com olheiras tão aparentes e estar sempre gelado com feição de tédio para tudo. Nada para ele era muito importante.

— Sempre interessante, nunca coisas que gosta -Comento, é raro ouvir meu irmão dizer que gosta de algo. Talvez disse alguma vez que gostava da sua arma ou da adrenalina de quando fazia alguma besteira. Acho que ele gostava do mar, mas era frio demais para admitir algo, porém o brilho nos olhos sempre que ele vê a água o entrega.

Nothing To Lose¹  • JJ Where stories live. Discover now