cinco

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Outer Banks


O barulho de risadas foi quase que estridente quando a morena se distanciou, a risada deles era ouvida em plano de fundo por mim enquanto ainda estava vidrado em uma pessoa de cabelos pretos se afastando, ela tem aquele tipo de andar de uma pessoa que não liga para nada, o tipo de andar marcante, que parece um desfile disfarçado. Era o tipo de andar de alguém que não tinha nada a perder.

– Oque foi aquilo? -John B gargalha me fazendo voltar a realidade de vez e paro para raciocinar. A garota era simplesmente linda. Quer dizer... Gata. Nunca tinha visto ela muito de perto, muito menos ela parada próxima a mim, ela sempre estava correndo, surfando ou andando de skate, mas os olhos meio esverdeados dela em contraste com o cabelo completamente preto me deixou quase que assustado, era diferente, tive tempo o suficiente para reparar bem no seu rosto e percebi as pequenas sardas, mas não foi só isso que me chamou a atenção e prendeu meus pensamentos a ponto de ficar como um otário paralizado. Ela tinha um corte na bochecha e com partes roxas e amareladas em volta, um lábio cortado e eu queria muito perguntar oque tinha sido aquilo, como ela conseguiu, quando, quem, o motivo.

Eu conheço esses tipos de hematomas.

Mas não consegui falar nada e fiquei parecendo um babaca olhando a garota e pensando que a voz dela é uma coisa dos deuses. Estou parecendo um idiota.

– Tá apaixonado JJ? -Kiara pergunta rindo e nego com a cabeça no mesmo momento.

– Fiquei assustado, achei que ela tinha morrido -Minto. Na verdade realmente achei isso, quando chegamos na praia depois de achar o Grady-White e vimos a prancha quebrada na areia, meu coração congelou, John B achou e disse que era a prancha da surfista, e que viu ela surfando na tempestade com ela quando ele foi. A prancha dela estava partida no meio, e isso fez nós termos certeza que a garota que sempre víamos surfando estava morta.

Não sei como me senti sobre isso, mas fiquei mal, pensei que "cara, ela morreu e eu nem consegui conversar com ela". Foi estranho, pois senti como se já tivesse a conhecido, parecia que eu estava fora do ar, encarei a prancha dela por vários minutos enquanto lembrava das manobras da garota, parecia de outro mundo pensar que aquela garota dos aéreos incríveis estaria em algum lugar no mar, morta, não parecia certo. Meu peito doeu de uma forma estranha e a minha falta de palavras me assustou. Foi aí então que ouvimos um pessoal falando que acharam um corpo e acabamos voltando para o pier, que estava cheio de pessoas reclamando e policiais que não ouviam a gente. Achamos que era o corpo dela e eu acabei ficando com a prancha na mão, admito que só de pensar que a primeira vez que eu a veria de perto seria com ela morta, foi algo que me deixou com náuseas.

Mesmo nunca a tendo visto de perto, naquela hora a imaginei pálida de olhos fechados em uma maca.

Mais estranho foi o alívio que senti quando vi que o corpo ma maca era do dono do Grady-White, Scooter, e não da surfista de cabelos pretos, mas ver ela ali, na minha frente, me deu um susto de verdade. Foi até meio assustador, parecia que eu estava vendo um fantasma e depois me senti um otário. Ela deve achar que eu sou um banana a essa altura do campeonato.

Ótima primeira impressão JJ.

– Sua cara foi demais, ela até ficou sem graça -Pope riu, me fazendo o xingar mentalmente. Não quero imaginar oque ela deve estar pensando de mim ou oque pensou. Deve estar rindo até agora.

– Viram os machucados na cara dela? Será que foi no mar? -Kiara comenta e quase agradeço pela mudança de assunto, não sei que explicação daria para o meu comportamento anterior.

– Conheço bem aquelas marcas, não foram feitas no mar, são de uma briga, e quando ela esticou a mão para pegar a prancha não tinha os ossos do punho machucados, ela não bateu, só apanhou. -Digo lembrando de quando vi ela erguendo a mão para mim, os ossos dos seus dedos não estavam nem vermelhos, em uma briga normal mesmo você sendo ruim você pelo menos tenta um soco, ela não deu nenhum, era como se fosse uma pessoa que ela não pudesse dar. E eu sabia como era isso e acho que já sei quem é.

Pelo menos um lado bom de ter ficado reparando nela igual a um imbecil, eu reparei o suficiente para ter uma visão completamente diferente da que eu tinha antes. Tinha algo acontecendo com ela, e por isso ela nunca ficou perto de ninguém desde que chegou.

– Ela estava longe no dia da tempestade, mas tinha algo na bochecha dela, só que ontem não consegui ver oque -John B diz, então os machucados não foram feitos ontem.

Lembro do acontecimento da praia, foi estranho. Ela correu do tio como eu correria da polícia.

– No dia anterior a tempestade ela saiu correndo da praia com o tio atrás -Digo olhando para o nada, lembrando da cena e de como aquilo pareceu errado. Agora faria sentido ela estar correndo, estava correndo dele. E ele estava correndo atrás dela para bater nela.

– Acham que o próprio tio bateria nela? Estranho, ele é o guardião dela -Kiara diz, por isso mesmo. Ela se quer poderia denunciar, assim como o meu pai.

– As vezes alguns kooks prenderam e bateram nela -Pope dá sua opinião e sinto um frio estranhos nos braços junto a um arrepio pelo corpo só de imaginar nela sendo espancada.

– Não sei -Me pronuncio, de qualquer forma eles não entenderiam, não sabem como é serem espancados pelos próprios parentes, é bem menos improvável do que eles acham, mas não acreditariam nisso.

– Só sabemos de uma coisa, o leash dela estava intacto então ela mentiu para a gente -John B diz, concordo, não tem como ter soltado se a corda de proteção estava inteira. Estava aberta, ela abriu.

– Aconteceu alguma coisa no mar depois que fomos embora -Pope argumenta

– Oque poderia fazer ela ter soltado a prancha no meio de um mar agitado da tempestade? -Kiara argumenta, mas ninguém respondeu, demonstrando que nenhum de nós sabia a resposta.

– Não acho que seja da nossa conta, ela pegou a prancha sem nem argumentar mais nada, ela não quer fazer amigos -Pope diz cruzando os braços.

– Eu acho que ela nem tem amigos, já viram ela acompanhada? -Kiara pergunta e todos negamos, faço careta pensando nisso, ela com certeza deve se sentir solitária, por que ela não se aproximava de ninguém? Não é como se todo mundo da ilha fosse insuportável. Só alguns.

– Isso é muito estranho, eu perdi a oportunidae de conversar sobre o pai dela, mas uma coisa é: precisamos descobrir mais sobre o Grady White -John B lembra e percebo que tinha me esquecido completamente do barco que encontramos afundado mais cedo, cujo dono estava morto.

Só sei que meus tornozelos doíam até agora.

– Podemos voltar lá para ver se encontramos mais algo -John B comenta novamente e concordo ainda meio atordoado, não queria deixar isso da garota de lado. Mas não é como se o cara que ficou mudo na frente dela pudesse correr atrás e procura-la.

Estamos em uma ilha, ela não pode fugir, certo?



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Feliz em dizer que esse foi o último capítulo que só se passa durante uma cena e um local, desculpa se pareceu chato mas não queria que tudo acontecesse muito rápido... Os próximos capítulos serão maiores e mais detalhados. Prometo.

Obrigada a todas que têm comentado nos capítulos e votado, isso ajuda muito e sou agradecida demais pelo apoio! Desculpe caso tenha algum erro. Qualquer crítica e ajuda, como sempre, será muito bem vinda!

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