VII - Companhia inútil

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B

ryan abaixou o olhar para minha perna e sua expressão ficou rígida, ele apertou a mandíbula e pude ver o osso molar através da pele.

— Okay... tudo bem. Nós... nós temos que arranjar um jeito de tirar você daí! — disse ele, pausadamente, e olhou ao nosso redor, parecia estar procurando por algo. — Presta atenção! Vou ter que quebrar a madeira atrás de sua perna para aumentar o buraco e conseguir puxá-la para fora.

Bryan repousou uma mão sobre meu ombro enquanto fitava meus olhos.

Balancei a cabeça em sinal positivo e permaneci imóvel. Ele se levantou e mirou para o chão com seu fuzil. Naquele momento, senti uma onda de choque em meu peito, era receio de que ele errasse o tiro e me acertasse. Escutei o som do disparo e apertei os olhos com o susto, então senti o piso atrás de mim estremecer e a pressão em minha coxa diminuir um pouco.

Bryan pisou com força contra o chão até que o assoalho se quebrasse, aumentando a largura do buraco. Ao afrouxar, senti uma pontada forte no ferimento e emiti um grunhido baixo.

— Agora me escuta! Eu vou puxar sua coxa para trás para o pedaço de madeira sair de sua carne. — Ele voltou a se agachar ao meu lado e, novamente, me encarar.

O jeito e a profundidade que me olhava, me deixaram um tanto constrangida.

— Não vou mentir, isso vai doer..., então é melhor você morder algo para seu grito não atrair a atenção que não queremos!

— Tá! Mas morder o quê? — perguntei, mirando-o com as sobrancelhas arqueadas.

Bryan olhou para mim de cima abaixo e confesso que me senti um pouco envergonhada. Não sei por que havia ficado assim, pois ele já havia me olhado várias vezes e sabia meu real estado. Mas creio que, a razão para eu ter me sentido assim, não tenha sido pelo fato de como estava minha aparência, e sim pelo jeito que ele me vasculhou com o olhar.

— Embola a ponta do jaleco dentro da boca — disse calmamente. Bryan se ajoelhou e pôs o meu braço ao redor de seu pescoço.

Suas mãos tocaram as laterais de minha coxa e senti um breve arrepio subir. Embolei a roupa na boca com a outra mão e me preparei para a dor horrível que sentiria no momento que madeira saísse de dentro de minha carne. Bryan começou a contar baixinho, puxando minha perna para trás de uma vez só antes que sua contagem chegasse no número 3.

A dor que senti foi tão grande, que nem o que havia sentido primeiro. Meu grito foi abafado pelo tecido embolado e eu permaneci mordendo-o, pois ainda estava tensa. Bryan me ergueu devagar para tirar minha perna de dentro do buraco no piso e arrastou para trás, colocando-me sentada com as costas no balcão da loja.

A ferida, agora totalmente aberta, não parava de sangrar e minha perna toda estava ficando dormente e dura. Eu estava suando frio e ver o sangue jorrando sem parar me deixou ainda mais nervosa.

— Fica calma! — Bryan disse solenemente e passou a mão sobre minha testa, deslizando até minha bochecha. — Vou cuidar disso, mas antes, precisamos chegar até o carro.

Ele olhou para meu roupão e o pegou pela base, rasgando-o.

— Isso vai parar um pouco o sangramento, mas é preciso fechar a ferida, senão... — Bryan não terminou de dizer a frase, porém, eu sabia o que diria: " Senão você irá morrer!". — Olha, eu tenho que te carregar no colo até lá e não terei como usar minha arma. Então será você que fará a segurança!

INFESTAÇÃO: O princípio (Vol. 1)Where stories live. Discover now