XV - Alegria dura pouco

870 147 152
                                    

   Tombei o cadáver para o lado, entretanto, a barra de ferro estava presa em sua boca e tive que apoiar um pé sobre seu rosto para puxar a arma improvisada

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


   Tombei o cadáver para o lado, entretanto, a barra de ferro estava presa em sua boca e tive que apoiar um pé sobre seu rosto para puxar a arma improvisada. O som da carne rasgando meu causou um pouco de ânsia e me afastei da mulher zumbi, indo na direção de Bryan. 

   Ele estava sentado no chão com as pernas dobrados e com os braços jogados sobre os joelhos, parecia estar em transe. Me aproximei devagar e me agachei ao seu lado, fitando-o e tocando seu ombro  com as pontas dos dedos. Estava receosa quanto à reação que poderia ter, pois na última vez que fiz isso, ele foi completamente grosso comigo. Mas tinha suas razões. Virou o rosto e me olhou de um jeito que parecia ser triste, algo estava errado.

— Você está bem? — Perguntou-me com a voz branda e rouca.

— Estou… 

— Foi ferida? 

— Não. — Demorei um pouco para responder, pois tive que parar para me auto-analisar e certificar de que não havia sido infectada. 

   Bryan fechou os olhos por um instante e reparei que deu um leve sorriso, quase imperceptível. Levantou-se com dificuldade e o apoiei para ajudar, ele estava sentindo bastante dores pelo  corpo e, ainda assim, conseguia lutar. Este era mesmo um homem ao qual admirar. 

— Ei, o que foi? — O questionei com a voz baixa, passando os dedos sobre seu queixo e olhando-o com preocupação. 

— Essas crianças, elas… 

— Shhh! Eu sei… — Chiei, interrompendo-o e colocando o dedo indicador sobre seus lábios finos e ressecados. 

   Eu sabia o que ele iria dizer e também sabia como estava se sentindo. Ver as crianças naquele estado zumbificado e ter que matá-las, o fez lembrar de Brenda. 

— Pense apenas na parte que eram zumbis. Tá bom? — Sussurrei, passando a mão em sua nuca e alisando sua bochecha com o polegar. — Tá? — Repeti a pergunta, esperando que fizesse o que pedi. 

   Ele não disse nada, apenas balançou a cabeça em sentido de entendimento e pressionou os lábios um no outro, fungando o nariz uma vez. Fiquei nas pontas dos pés para beijar seu rosto e encostei a testa em seu queixo. Não era fácil superar o que aconteceu com Brenda, eu também me sentia abalada ainda, mas foi melhor ela ter sido morta antes do que ele ter que matar a irmã caçula transformada em zumbi. Seria muito pior vê-la em tal estado. 

   Stevão surgiu, de repente, no final do refeitório, ele estava ofegante e sua espada pingava sangue. Olhou para nós com espanto e se aproximou.

— Vocês estão bem? — Perguntou, ainda ofegante.

— Sim, não graças à sua ajuda! — Disparou Bryan com rispidez.

— Eu ia voltar, mas aí apareceu um probleminha… — Alegou, erguendo a espada e mostrando o sangue sobre ela. — Tive que lutar contra um grandalhão vestido de branco. Acho que era cozinheiro daqui. Por sorte não fui mordido!

INFESTAÇÃO: O princípio (Vol. 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora