Foram quase duas horas dentro da charrete até que eu avistei as porteiras de uma enorme fazenda e de longe ví as plantações de café. É aqui onde irei viver, só espero sofrer menos do que eu sofri na fazenda Vernice ao lado do Baltazar.
Dentro da própria fazenda o caminho foi longo até a casa grande, nunca estive num lugar tão grande e amplo assim e a casa grande mais parecia um castelo era enorme toda branca e com três andares, para chegar até a porta de entrada era preciso subir uma escada de sete degraus.
Humberto - Vista isso. Disse com a sua voz grossa retirando o seu paletó.
Anastácio - Obrigado senhor. Digo vestindo o paletó.
Humberto - A maioria dos nossos escravos são homens, iria acabar por distraí-los andando por aí com poucas vestes, pedirei para que Joana te vista.
Nós descemos da charrete e adentramos a casa que era linda por dentro, o piso de madeira brilhava e a decoração era bem bonita e cheia de obras de arte. Nós fomos até a cozinha que era bem grande.
Humberto - Olá Joana. Disse assim que entramos na cozinha.
Joana - Olá seu sinhozinho. Disse a senhora negra que devia ter quase 60 anos, vestia uma saia grande rodada branca e blusa bege e tinha um turbante vermelho sobre a cabeça.
Humberto - Esse é o mucamo que eu disse que iria comprar pra lhe fazer companhia e ajudar nos serviços, dê a ele o que comer e vestir e depois mostre o serviço da casa.
Joana - Sim senhor. Disse e então ele saiu.
Joana - Venha cá menino moço. Qual teu nome?
Anastácio - Me chamo Anastácio.
Joana - Como já sabe eu sou a Joana, vou pegar algo pra você vestir, venha.
Eu a segui até um pequeno quartinho, tinha apenas uma cama de solteiro e uma janela.
Joana - Tome. Disse me entregando uma blusa e uma calça e um par de chinelos.
Joana - Depois que se vestir vá até a cozinha.
Ela saiu e eu analisei o pequeno quarto que pelo visto seria onde eu dormiria. Eu olhei pela pequena janela e de longe podia ver a senzala e alguns meninos dançavam capoeira em frente a senzala. Primeiro eu tirei o paletó do seu Humberto e vesti a camisa branca e então pus a calça branca que ficou justa no meu corpo e por último pus o par de chinelos preto e então fui até a cozinha onde Joana estava me esperando.
Joana - Sente aí menino.
Eu me sentei na mesa e ela me deu um preto com pão e frutas e um copo de leite, eu nunca estive tão faminto assim e me surpreendi com a velocidade em que eu comi tudo.
Joana - Eita menino, tava faminto mesmo. Disse rindo.
Joana - Tô passando um café e já vou lhe dar com mais pão.
Ela começou a passar o café no coador de pano e um cheiro delicioso de café invadiu a cozinha.
Joana - Esse café é o café daqui da fazenda Ouro Verde, o melhor café que tem por isso vende tanto, até pra fora do Brasil.
Joana colocou o café em uma chicara pra mim com pão.
Joana - O seu Humberto não se importa de nós comer, já o Damião e a mãe dele, aqueles lá são o cão.
Anastácio - Quem são eles?
Joana - Damião é o esposo do Humberto, quase que o casamento deles foi anulado, pois o desgraçado não conseguia dar um filho pro senhorzinho, mas agora ele tá prenho, eles vão viajar juntos daqui uns dias.
![](https://img.wattpad.com/cover/226583954-288-k529755.jpg)
YOU ARE READING
Anastácio
Historical FictionAnastácio é um jovem escravo em 1800 na época colonial, após uma tentativa de fuga é capturado e violentado pelo seu senhor e então é vendido para a fazenda de café Ouro Verde e lá que Anastácio se descobre grávido de seu mal feitor. Anastácio sempr...