XIX

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Mariana Narrando

Eu nasci no interior de Portugal, sou de uma família de fazendeiros e sempre tivemos uma vida próspera, aos 17 anos eu me casei com meu falecido marido e tivemos o meu filho Damião, mas após a morte do meu marido nós começamos a passar por dificuldades financeiras, a herança deixada por meu falecido marido se tornou pequena diante das dividas que ele acumulou ao longo dos anos. Nosso único trunfo agora era o nosso nome, nosso sobrenome Barcelos tinha bastante prestígio e graças a esse bom nome que eu consegui casar meu filho Damião com o Humberto um grande fazendeiro do café.

Eles não se amavam, mas assim que Damião desse um filho ao Humberto esse casamento não teria mais volta, porém o problema estava aí. Damião não embuchava de jeito nenhum e quando por acaso conseguia acabava perdendo a criança e eu já estava tensa, pois Humberto tinha começado a insinuar a possibilidade de pedir a anulação do casamento.

Mas graças a Deus a última gravidez do Damião pareceu vingar, até que as coisas se complicaram no dia do parto, estava caindo uma tempestade muito forte e Damião estava no quarto gritando de dor, as contrações já estavam com um intervalo muito pequeno e o bebê já estava pra nascer, eu tinha pedido pro capataz chamar o Dr Marco, mas seria difícil ele chegar a tempo com aquela tempestade.

Damião - Mãe pelo amor de Deus eu não aguento mais! A dor estar insuportável!

Ele gritava enquanto a cama se enchia de sangue.

Mariana - Eu mesma terei de fazer seu parto filho.

Damião - Chama a Joana ela é parteira.

Mariana - Eu já procurei por ela, mas aquela negra inútil sumiu!

Mariana - Eu preciso que você respire fundo e empurre.

Ele empurrou e o parto aconteceu de forma rápida, porém o pequeno menino loirinho já nasceu sem vida.

Damião - Porque o meu bebê não tá chorando?

Mariana - Ele nasceu morto filho.

O Damião não respondeu nada ao ouvir minhas palavras, pois ele simplesmente desmaiou e eu enrolei o bebê em um pano e sai do quarto porém tranquei a porta antes.

Eu saí pelos fundos da fazenda, já que a tempestade já estava mais fraca, a morte desse bebê significava o fim do casamento do meu filho e automaticamente nós estaríamos na miséria. Eu precisava mais do que rapidamente me livrar do corpo daquele bebê e fingir a todos que o Damião ainda estava grávido até eu poder comprar um bebê, haviam muitas mulheres brancas miseráveis que já tinham muitos filhos e então vendiam seus recém nascidos por não terem condições de cria-los.

Eu entrei na floresta que tinha no fim da fazenda, jogaria o corpo do bebê em algum rio, mas então eu ouço um choro de bebê, então eu vou seguindo o barulho até que chego em um casebre antigo de madeira e palha e encontro o Anastácio desmaiado no chão enquanto um bebê branquinho e loirinho chorava, Anastácio tinha acabado de dar a luz a um bebê branco e loiro, muitos filhos de escravos nasciam brancos e escureciam depois, mas aquele não iria escurecer, pois era loiro e tinha os olhos azuis, aquela era a oportunidade perfeita.

Então eu troquei os bebês, deixei o meu neto morto ali e levei o bebê do Anastácio escondido para que ninguém percebesse, ela tinha uma pulseirinha no pulso que eu tirei e guardei na última gaveta da cômoda do meu quarto e banhei e vesti o bebê o levando até o quarto do Damião que já estava acordado.

Mariana - Aqui está ele.

Damião - Como assim mãe? O meu bebê nasceu morto, eu me lembro muito bem!

Então eu expliquei tudo pra ele que parecia chocado com a situação.

Damião - E se essa criança ficar negra depois como vamos fazer?!

Mariana - Ele é loiro dos olhos azuis, não há de ficar negro, ele deve ser filho do Baltazar o antigo senhor do Anastácio. Precisamos manter esse segredo conosco para que o seu casamento esteja a salvo.





                 Dias Atuais

Aquela revelação tinha sido demais pra nós, o filho que o Anastácio está esperando é do Humberto, antes que os ânimos se exaltassem eu levei o Damião até o meu quarto e conversei com ele.

Damião - Que vontade de matar aquele escravo maldito!

Mariana - Vosmicê precisa manter a calma agora.

Damião - Como manter a calma! A senhora tá louca!

Mariana - Cala a boca e me ouça! Nós não podemos fazer nada contra o escravo agora, temos que esperar a poeira abaixar pra podermos agir.

Damião - E o que vamos fazer?

Mariana - Eu ainda não sei...mas nós iremos mandar o Anastácio pra fora dessa fazenda de uma vez por todas.


Depois que o Damião saiu eu peguei o meu diário para escrever, o destrancando do fundo da gaveta.






              Continua...




Agora vocês virão o ponto de vista da Mariana na história e como ela fez a troca dos bebês. Beijos e até o próximo capítulo.


😘😘😘

AnastácioDonde viven las historias. Descúbrelo ahora