IV

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Dr Marco - Ok, isso vai doer um pouco, mas tenho que fazer pra ter certeza.

Então ele apertou um pouco o meu mamilo direito e eu senti dor e então um líquido branco saiu dele.

Dr Marco - Bem...as minhas suspeitas se confirmaram, pode por a camisa.

Eu vesti a camisa e perguntei a ele.

Anastácio - Eu tô doente?

Dr Marco - Não, vosmicê está prenho Anastácio.

Anastácio - Prenho? Tem certeza doutor?

Dr Marco - Tudo indica que sim Anastácio, vosmicê já está até produzindo leite, em poucas semanas sua barriga começará a crescer. Disse se levantando.

Anastácio - E o que eu faço agora? Perguntei já começando a ficar desesperado com aquela situação, eu não poderia ter um filho do Baltazar.

Dr Marco - Bem, se algum dia seus senhores deixarem que você vá a cidade basta procurar meu consultório na cidade, fica em frente ao banco é fácil de achar.

Anastácio - Eu não tenho como pagar uma consulta com o senhor.

Dr Marco - Não precisa se preocupar com isso.

Anastácio - Nossa obrigado doutor. Digo com um sorriso sincero.

O Dr Marco era um homem muito bonzinho, iria deixar que eu me consultasse de graça. Depois que ele foi embora eu fiquei mais um pouco no quarto pensando, de jeito nenhum que eu queria por um filho no mundo pra ser escravo, mas eu também não tinha coragem de tomar nenhum chá para tira-lo e eu me sentia mal com toda essa situação.

Depois que eu saí do meu quarto eu fui até a cozinha ajudar a Joana e ela percebeu que eu estava diferente.

Joana - Eu hein, ficou esquisito depois da consulta com o doutor.

Anastácio - Tô nada Joana.

Joana - Hum, sou velha, mas não sou boba.

Outra preocupação que eu tinha agora era que o senhor Humberto quisesse tirar meu filho de mim depois que ele nascesse. Trabalhar na casa grande ao invés dos campos de lavoura era considerada uma honra entre os escravos, pois significava ter um serviço um pouco menos pesado e mais conforto, porém na fazenda do seu Baltazar eu já ví diversas escravas que trabalhavam na casa grande terem seus filhos arrancados de si, pois o sinhozinho não queria ouvir choro de criança e então o filho da escrava que trabalhava na casa grande era criado pelas outras escravas na senzala. Por falar em Baltazar aquele cão conseguiu enfiar um filho dentro de mim, mas ao contrário do que eu pensei eu não conseguia odiar aquela criança, eu o amava mesmo tendo acabado de descobrir a existência dele, o amava mesmo ele sendo filho de um homem cruel como o Baltazar.

Anastácio - Pra onde o seu Humberto vai viajar? Perguntei pra Joana enquanto preparavamos o jantar.

Joana - Pros Estados Unidos.

Anastácio - Nossa deve de ser muito longe. Como vão chegar lá?

Joana - De navio, dizem que é dois meses pra ir mais dois meses pra voltar.

Anastácio - Nossa isso tudo.

Joana - Pois é, quando eles voltarem é capaz do filho deles já estar nascendo.

Durante o jantar naquela noite eu percebi o Humberto me olhando um pouco diferente enquanto eu o servia. Será que ele já sabia de tudo? Depois do jantar eu lavei a louça junto com a Joana e então eu fui dar uma volta no jardim da casa grande para poder pensar melhor e acabei encontrando o Benzinho, o escravo cego que todos diziam ver o futuro, por lá.

AnastácioWhere stories live. Discover now