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Acordo com os barulhos de panelas e pratos na cozinha, com certeza minha mãe estava revirando o meu apartamento todo, acho que preferia estar presa em uma cela, pelo menos seria menos caótico do que a visita de mamãe. Meu corpo inteiro doía, principalmente os braços, e ter dormido no sofá acarretou um desconforto maior . Depois de ter ficado quase duas horas escutando sermão dos meus pais, eles finalmente me deixaram sozinha e foram dormir no meu quarto.

Levanto do sofá e me arrasto até a cozinha, ao adentrar nela vejo a minha mãe fritando algumas panquecas e o meu pai sentado na pequena mesa que tinha no meio da cozinha.

__ Bom dia. - comprimento dando um beijo na bochecha do meu pai e sentando ao seu lado na mesinha.

Mamãe se virou e sorriu ao me ver ali.

__ Olha quem deu o ar da graça Minjae. - ela debochou para o meu pai, o fazendo rir. - a foragida mais gata da Coreia...

Reviro os olhos rindo, ela pega a grande travessa com as panquecas e se junta a nós.

__ Você está melhor filha? - indagou o meu pai pegando nas minhas mãos. - seus bracinhos ainda doem?

Sorrio com a sua forma de me tratar, embora já tivesse 23 anos eles sempre me tratam como se fosse uma garotinha de 10, e no fundo eu gostava disso, amava a acolhimento e o carinho que essas ações bobas me transmitiam.

__ Sim papai... estou bem melhor. - me estico na mesa e coloco algumas, na verdade muitas, panquecas no meu prato. - quase não sinto mais dor. - minto, a fim de não preocupa-lós mais.

Mamãe pigarra formando uma carreta no rosto, e lá vamos nós de novo.

__ Melhor é minha bunda... eu vou meter um processo tão gostoso neles, que eles vão sonhar com esse rostinho aqui todas as noites. - ela falou balançando a mão em frente ao seu rosto.

Era perceptível que os meus pais eram opostos extremos, mamãe é agitada ao excesso, tagarela e mandona, ao contrário de papai que era um homem calmo e tranquilo, nunca o tinha visto levantar a voz com alguém, enquanto dona Aurora era difícil não a ver gritando. Eles são o Ying e Yang um do outro, e se dão muito bem assim.

__ Deixa isso pra lá mãe. - resmungo logo em seguida atacando o meu café da manhã.

__ Deixar pra lá é o caralho, isso foi abuso de autoridade. - esbravejou mamãe. - você tem que parar de ser tão passivista Sol... as pessoas se aproveitam desse seu jeito.

Reviro os olhos, não querendo ter que escutar as mesmas coisas de ontem a noite.

__Eu sei, mas são pessoas perigosas de se envolver... prefiro deixar isso quieto. - a responder de forma simples

Continuo comendo e sentindo o seu olhar em cima de mim, eu já sabia que a qualquer momento ela explodiria, gosto de comparar minha mãe com uma panela de pressão, embora ela aparente ser inofensiva e faz comidas muito boas, era só questão de tempo até que explodisse. Mas antes que isso acontecesse a campainha ecoa por todo o apartamento. Me levanto rápido da cadeira, antes que a mamãe protestasse, vou em direção a porta e a deixo resmungando atrás de mim.

Abro a porta e então me deparo com uma figura masculina na minha frente, vestia uma calça jeans clara com grandes rasgos no joelho, uma blusa de manga longa preta que batia quase no meio de suas coxas, e seu rosto era parcialmente coberto por um boné. Mas nada disso me incapacitou de reconhecê-lo instantaneamente.

__ Min... - sussurrei o vendo tirar o boné e seus olhos encontrarem os meus. - o que está fazendo aqui?

Seus olhos estavam vermelhos e inchados e suas bochechas levemente ruborizadas.

Eu Consigo Ver Você BrilharTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang