O Brutamonte do apê 210. VI

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A pizza tinha chegado e Hugo devorava as fatias e era até meio cômico observá-lo.

-Tá namorando? Disse ele de supetão enquanto mastigava sua pizza e olhava para mim.

Eu fiquei por alguns segundos o olhando sem entender, de onde ele tinha tirado aquilo? Que loucura gente. Eu juro que queria entender como as coisas se passavam na cabeça dele, ele com certeza tinha uns parafusos a menos.

Voltei dos meus pensamentos e o respondi rindo de sua pergunta descabida.

-Claro que não Hugo, tá louco?

-Ah, seila. O beijo que vi mais cedo parecia de cinema. Ele sorriu timidamente mas parecia que por dentro outro sentimento o dominava.

-Não, estamos nos conhecendo ainda. Somos apenas amigos de sala.

-Hum. Entendi.

Voltamos nossa atenção a televisão e assistíamos sem muita importância o quê passava. Eu sentia uma enorme necessidade de explicá-lo que Thiago e eu éramos apenas conhecidos, claro que poderia acontecer alguma coisa, mas não era o que estava acontecendo. Eu só tinha ficado com ele.

-Mas me conta calouro, como foi o primeiro dia?

Ele realmente estava querendo uma reaproximação e como eu odeio ficar zangado com as pessoas eu resolvi ceder.

-Foi muito bom. As aulas foram maravilhosas, já quero dormir e acordar amanhã e ir pra faculdade.

Ele sorriu e me respondeu:

-Sei bem qual é a sua motivação de querer ir para a faculdade, com certeza não é para estudar.

Sorrindo para mim ele voltou sua visão para frente e parecia um pouco temeroso para ouvir a resposta seguinte.

-Para de ser besta. Disse balançando a cabeça em negativa.

-Já fez novos amigos?

-Urum! Um grupo de seis pessoas. Depois das aulas fomos no shopping e vimos um filme. Foi até legal.

-Fico contente que esteja se enturmando, e que esteja feliz.

Ele me olhava e suas palavras pareciam ser sinceras, seu olhar tinha aquele brilho característico e eu retribui sorrindo.

-Obrigado! Disse verdadeiramente.

Seu olhar estava fixo em mim novamente.

-Eu queria te pedir desculpas Rafa. As vezes eu sou um pouco grosso e turrão, mas não é por mal, sabe! É o meu jeito mesmo.

Seu olhar agora não me fitava, ele olhava para a televisão e eu achei aquilo um pouco fofo, ele visivelmente estava envergonhado.

-Tudo bem. Quem disse que seria fácil morar com outra pessoa?

Eu disse rindo o fazendo rir também.

Era oficial, estávamos em trégua.

Acabamos de comer e eu segui pro meu quarto me despedindo dele e desejando uma boa noite e ele também logo foi para o dele.

-Bom dia. Disse animado terminado de por o café no bule quando vi Hugo saindo de seu quarto. -Não sei porque você acorda tão cedo, suas aulas só voltam daqui alguns dias.

Ele se aproximou da cozinha e pegou uma xícara, servi o café para ele e ele tomou um bom gole sem me responder.

-De fato, o meu café é melhor. Disse ele.

-Idiota! Falei rindo tomando o meu também.

-E te respondendo, eu tô acostumado a acordar cedo. Relógio biológico.

O Brutamonte do ApêOnde histórias criam vida. Descubra agora