O Brutamonte do Apê 210. XXI

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-Amor, to indo pro quarto da minha mãe, tá!

Disse Rafa seguindo direto por entre o corredor.

-Ok, amor. Eu vou ficar por aqui mesmo.

Sem deixar passar muito tempo o Sr.Olavo olhou para mim e me alertou:

-Muito bom rapaz, fique mesmo! Porque agora nós vamos conversar um pouco.

"EITA, PORRA!", foi a única coisa que se passou em minha mente. Confesso que fiquei um pouco nervoso, mas eu viajei de SP até a Bahia por isso então, eu meio que já esperava.

-Ok, Sr.Olavo.

Disse rápido dando um breve suspiro.

Ele mudou a direção de sua poltrona e agora frente a mim ele soltou um meio sorriso.

-Pode me chamar de "sogro" ou apenas "Olavo", meu filho. Eu não quero ter essa conversa para separar vocês, ao contrário, eu só quero conhecer um pouco mais do rapaz que está com o meu filho.

Ao ouvir aquilo uma tranquilidade maior se instalou em meu corpo e, um pouco mais relaxado eu sorri para Olavo.

-Bom, me fala de você... Quem é você? Acredito que você já saiba um pouco sobre nós e agora só precisamos equilibrar a balança.

Eu balancei minha cabeça positivamente para ele e em minha cabeça eu tentava formular as ideias, não sabia se seria totalmente sincero sobre minha vida ou se só falaria o mínimo.

-E aí meu rapaz...

Assim que ouvi novamente o seu pedido eu apenas comecei a falar, sem neuras, sem barreiras e sem medo. Contei tudo sobre mim e sobre minha família, tudo o quê julguei ser necessário para que Olavo desenhasse um perfil bacana sobre minha pessoa. Sem vergonhas eu contei sobre minha vida um pouco complicada, sobre as lutas que passei com minha família e as vitorias que consegui no meio desse caminho. Contei também sobre minha aceitação e de como o Rafael tinha sido a chave importante em todo esse processo, de como minha paixão por ele tinha feito eu me tornar a pessoa leve, aceita e orgulhosa que sou hoje.

-Eu amo o seu filho Olavo, eu o amo como jamais pensei que amaria alguém... Pra falar a verdade: eu nunca pensei que um dia estaria num relacionamento. Eu já tinha aceitado a minha vida clandestina.

Olavo apenas me olhava ajeitando o seu óculos e por alguns segundos nada dissemos um ao outro, eu já sentia que nada a mais tinha a ser dito por mim e, queria saber agora o que se passava na cabeça dele.

-Eu não sei o que te falar meu filho... Estou sem palavras.

Foi a única coisa que ele me falou. Seus olhos me olharam com mais atenção e eu fiquei até um pouco desconcertado com aquilo. Ele soltou um sorriso pequeno e se levantou de sua poltrona e veio ao meu encontro. Sua mão pousou em meu ombro e ainda sorrindo ele completou:

- Que história, heim!

Eu balancei minha cabeça concordando com ele e em uma fração de segundos Olavo fez algo que me surpreendeu: seu abraço veio forte e mesmo sem entender o porque daquilo, eu retribui aquela demonstração de afeto. O seu abraço era silencioso e após do susto que levei comecei a sentir o carinho ali, nada sexual representava aquele momento, estava mais para um encontro paternal. Não sei explicar, mas o abraço que tinha começado estranho para mim, naquele momento estava sendo maravilhoso. Era como se eu pudesse pela primeira vez na vida abraçar um homem que me remetia a uma figura paterna. Não que isso fosse de tamanha importância, de longe eu sabia como minha mãe tinha sido as duas figuras ao mesmo tempo, e de como ela tinha se desdobrado para isso. Mas ali, naquele momento, eu senti que apesar de toda raiva e ódio que eu nutria pelo meu pai; uma leve curiosidade se instalou em meu coração: como seria minha vida se ele tivesse sido um pai presente?

O Brutamonte do ApêWhere stories live. Discover now