O Brutamonte do apê 210. VII

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Olhei para o céu e vi algumas nuvens carregadas cobrirem os raios de sol daquela tarde, parecia que iria chover forte, dito e certo, logo a chuva caia com força na rua. Eu observava aquela tempestade pela varanda do meu Apartamento e sentia pena das pessoas que passavam correndo por ali se molhando inteirinhas.

Fui tirado dos meus devaneios quando o telefone tocou e o porteiro anunciava que o rapaz que iria conhecer o apê tinha chegado. Confirmei alguns dados com ele e liberei a entrada, alguns poucos minutos se passaram e logo ouvi a companhia tocar, fui em direção à porta e quando a abri havia um menino encharcado na minha frente.

Ele voltou seu olhar para mim e aqueles olhos verdes pareciam ter me hipnotizado por alguma fração de tempo. Não conseguia parar de olhá-lo, ele era tão branco e sua pele parecia ser tão macia que eu desejei toca-lá naquele instante, por sua condição momentânea sua roupa desenhava com perfeição cada detalhe do seu corpo, ele era bem encorpado e suas pernas... nossa, pareciam terem sido esculpidas junto com o seu quadril largo. Ele transpirava uma sensação boa de ingenuidade e isso fez minha mente viajar na hora ao imaginar como seria gostoso possuí-lo e tirar-lhe todo aquele ar angelical, e ao mesmo tempo protegê-lo de qualquer coisa que pudesse o atingir. Eu realmente o analisei de cima a baixo, seu cabelo loiro ouro ainda estava molhado e pingando um pouco, mas ele não poderia estar melhor. Ele de fato era um anjo, um anjo molhado.

Me dei conta do quanto eu o observava quando ele me olhou não mais com admiração e sim, com vergonha. Eu queria dizer alguma coisa, mas nada de bom se formulava em minha. "Caralho, que porra é essa?" porque eu me sentia tão nervoso assim?

-Parece que a chuva te pegou de jeito, heim.

Eu quase me matei por ter dito aquilo, qualquer outra coisa que eu falasse teria sido melhor que aquilo. "Porra Hugo, como tu é idiota cara", minha mente me alertou. Ele me olhou sem graça e eu notando isso tentei ao máximo contornar a situação.

Eu não imaginava que aquilo aconteceria comigo, eu estava afim de arrumar um novo colega para dividir os custos do apartamento em que vivia e isso sempre foi muito tranquilo para mim, afinal não era minha primeira vez, sempre com os outros caras com quem já dividi o apê mantínhamos uma relação de irmandade, mas o último cara com quem dividi era um puta pé no saco. Totalmente avesso do quê procurava como pessoal ideal para conviver. Então, quando eu consegui por ele para fora fiz alguns anúncios na internet e marquei uma visita com um rapaz recém chegado a cidade e apenas sabia que seu nome era Rafael.

Eu não imaginava que Rafael seria aquele menino que estava sentando na minha frente, fazendo meus olhos ficarem fixos nele como se ele fosse um ímã.

Eu não sei explicar para vocês, mas ele era como uma página em branco ansiando para ser escrito, ele me transmitia paz. Eu sei que parece loucura.

O sorriso dele era tão fácil, seus olhos brilhavam e a vida dele parecia ser maravilhosa, ele tinha uma energia tão boa que eu não queria deixá-lo ir embora nunca mais. Quando ele disse que moraria comigo uma alegria interna vibrou em mim, tanto que eu logo me ofereci para ajudá-lo a se instalar, logo eu que sou tão preguiçoso quando o quesito é mudança.

Ele foi embora e eu fiquei ali, ansioso para o dia seguinte chegar logo e eu poder vê-lo novamente e trazê-lo para perto de mim.

De noite deitado em minha cama um frio percorreu o meu corpo, eu estava tão agitado com tudo aquilo que tinha esquecido que todos aqueles sentimentos -ou seja lá o que fossem- estavam sendo nutridos por um homem. "Tu tá doido meu irmão? Tá querendo matar sua velha do coração?", se ela se quer souber disso imagina como ela vai reagir? Ela já passou por tantas coisas Hugo, você não pode e nem tem o direito de dar esse desgosto a ela.

O Brutamonte do ApêWhere stories live. Discover now