01. Lei de Murphy

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Tente evitar meus olhos

Tente esconder como você se sente

Tente correr de mim

Quando você abrir os olhos novamente

Quando você pensar em mim de repente

Você vai ser meu de novo

- More & More, Twice

De acordo com a Lei de Murphy, se alguma coisa pode dar errado, dará

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De acordo com a Lei de Murphy, se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível. Trata-se da sensação de que o universo quer que tudo dê errado. Embasada no conceito de que tudo o puder acontecer, irá acontecer.

Acontece, que dificilmente o tal Edward Murphy irá assombrar as aventuras do Bear Grylls em mais um episódio de A Prova de Tudo. E por quê? Por causa de uma simples palavra: preparo. A equipe do Bear sempre terá todos os antídotos necessários caso ele seja picado por uma cobra venenosa do lado oculto de Marte ou qualquer outro animal infeccioso que lhe faça mal.

Com isso, sabe-se que preparação é uma boa opção para se evitar surpresas, certo? Certo, claro! Mas você pode garantir que um pneu irá permanecer intacto caso passe por uma rua repleta de objetos pontiagudos? Não! Por quê? Porque acontece! É óbvio. É o destino. Tinha que acontecer. Era nítido que resultaria naquilo.

Mas isso não se aplica somente a esses contratempos, trata-se também, de eventos maiores.

O fato de o pneu furar não implica na lei, mas sim no atraso em que você terá para chegar em determinado local em decorrência daquele imprevisto, entende? Então!

A Lei de Murphy é exibida, grandiosa, gosta de entradas triunfais e sempre será aplicada no mal maior que você terá por causa do imprevisto. Nada de coisa mínima, como um pneu furado, mas sim sua demissão por não ter comparecido à reunião graças ao maldito do pneu. Pois é, Murphy é do caralho.

E, naquele verão, ele nunca estivera tão certo.

A começar pelo fato de que vida não tivera sido tão legal com Dahyun quando decidiu colocá-la na família Kim, uma família composta só por homens. É, Murphy tinha acertado em cheio. O que podia ter dado errado, deu, e da pior forma possível. Afinal, tem coisa pior do que ser a única garota no meio de vários garotos?

E não, não é exagero dizer que ela é a única mulher da família. Afinal, por ser portadora de três irmãos mais velhos, dois tios, um sobrinho e quatro primos também do sexo masculino, Kim Dahyun é a quarta filha, caçula e única com um órgão genital feminino. Nada de cunhadas, tias ou primas. Todos os seus irmãos, primos, avós e tios são solteirões, ferrados em suas vidas amorosas. Até seus avôs possuem o "solteiro" em seu estado cívil.

Pois é, a família Kim é mesmo muito azarada. Além de só ter homem.. O que já é ruim por sí só. Precisa nem citar Murphy.

E tudo isso sobra para Dahyun, é claro, que nas datas comemorativas é obrigada a aturá-los. Argh! Como ela odeia datas comemorativas! Ir para casa de parentes comemorar deveria ser ótimo, mas para o Dahyun, essas coisas só lhe dão dor de cabeça. Afinal, a palavra diversão para aquele amontoado de homens era bem diferente do conceito de diversão para ela.

Enquanto eles preferiam ouvir músicas horríveis de pessoas sexualizando mulheres, assistir filmes de ação e falar mal de suas ex-namoradas, Dahyun optava por ficar quieta, na sua.

Sua diversão era ler um livro, assistir uma série de romance - nada de carros sobrevoando arranha-céus ou mutantes alienígenas -, tirar umas fotos, comprar umas roupas, sabe? Coisas comum! Nada de loucura. Entende?

Sim? Não? De qualquer, não importa. O que é mesmo necessário saber, é que Kim Dheyun.. Ops! Dahyun é o ser humano mais azarado do mundo, sem querer soar pessimista demais.

E Dheyun? Por que Dheyun? Bem, porque quando se é criada com três rapazes, um pai e um avô, a definição de mulher parece simplesmente desaparecer. Seus pais realmente não esperavam algum dia ter uma menina, já que só haviam gerado meninos e aquilo parecia ser uma espécie de gene próprio da família. Foi uma grande surpresa para todos, na verdade, quando os médicos disseram que havia um órgão genital feminino ali. Aquilo nunca tinha acontecido.

A questão, é que mesmo sendo mulher, a pobre da garota não tinha a aparência mais convincente da face da terra. Mesmo tendo uma pele extremamente esbranquiçada, baixa estatura, traços delicados, olhos compridos, lábios tênues e avermelhados em formato de coração, seus irmãos, pai e avô continuavam tratando-a - às vezes até sem perceber - como menino. E não importava o quanto ela tentasse, aquilo parecia não mudar.

Portanto, no meio de Kim Seokjin, Kim Namjoon e Kim Taehyung, Kim Dahyun era Kim Dheyun, outro garoto, o filho bastardo do papai e o neto favorito do vovô.

Vida difícil? Pois é, era a de Dahyun.

Mas, calma! Isso não é tudo. Não mesmo. Tem mais..

Kim Dahyun também nunca fôra muito fã do envolvimento romântico entre duas pessoas, ou seja, namoro.

Com toda a sua áurea repetitiva, desgastante e absurdamente mentirosa, os filmes de romance, sem sombra de dúvidas, eram os piores para sí. E por quê? Bem, porque não é necessário ter um QI elevado para saber que a carga dramática é três vezes mais intensa na vida fora dos televisores.

Nada de lágrimas sútis escorrendo pelo rosto enquanto No Air da Jordin Sparks com o Chris Brown toca no fundo à medida em que você se declarara para o crush, nada de pétalas de rosas voando enquanto você corre na estação para alcançá-lo e impedí-lo de ir embora para sempre, nada de jurar amá-lo até o último suspiro de sua vida ou seus amigos fazendo de tudo para que vocês permaneçam juntos, nada de nada.

Ninguém retrata os olhos vermelhos e inchados graças às noites sem dormir com medo de que ele vá te deixar, os soluços que você reprime porque não quer que às pessoas saibam que ele te largou, o nariz cheio de catarro porque você tomou chuva na hora de pegar o trem para ir vê-lo ou os pais que simplesmente desaprovaram o relacionamento.

Os filmes são ilusórios, não retratam as coisas como elas realmente são. E Dahyun.. Bem, Dahyun sabia disso. E por saber, detestava.

Para ela, não havia nada pior do que aqueles filmes estilo High School Musical - cheio de drama e cantoria - e aqueles que envolviam moças ou rapazes extremamente apaixonados, enfiando cartinhas de amor pelas frestas dos armários sem que ninguém visse ou intervisse. Esses, com certeza, eram os piores para sí. Até porque, para ela, tudo que envolvia música e carta era altamente romântico e ela, como já citado, não era fã de romance.

Mas, como se tratava dela, era óbvio, tão claro como um outdoor recém inaugurado, que alguma coisa fosse sair diferente do premeditado, do esperado.

E aquilo era só o prelúdio.

Anti-RomanticOnde as histórias ganham vida. Descobre agora