06. Sim ou sim?

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Kim Dahyun sentia-se no fundo do poço.

Mas o fundo do poço era uma piscina azulejada com rabiscos, caricaturas, frases e, principalmente, Minatozaki Sana.

Embora parada, sua mente parecia girar e girar, como um carrossel, rápido o suficiente para deixá-la tonta. O que tinha acontecido, afinal? Geralmente, não era do tipo impulsiva, mas as circunstâncias, momentaneamente, fizeram-a ser. E ela não podia estar mais arrependida. Ter alguém tão perto de sí em um momento como aquele, em que estava nitidamente carente, fôra o que levou-a sair de seu estado normal. E, por um milésimo de segundo, cogitou beijar Sana.

Qual é, ela nem gostava de garotas. Aquilo não estava certo. Não é?

Suspirando, ela olhou para os desenhos, prendendo suas orbes acastanhadas em um em específico; o esboço que ela mesma havia feito. Por algum motivo, sentiu-se envolta de carinho. O desenho não chegava nem ao menos perto de ser uma obra de arte se comparado ao da outra garota, mas em contraste, transbordava emoções. Afinal, era ela. Sana e ela. A dupla mais improvável e duvidosa já criada dentro das paredes da JYP.

Se repreendendo por estar tão sentida, Dahyun se levantou do chão devagar, apoiando-se nos azulejos gélidos da piscina. Olhou em volta uma última vez, memorizou cada detalhe daquele ambiente, cada desenho – inclusive o seu –, e então, seguiu em direção a escada metálica. Com certa agilidade, subiu sem delongas, andando em rumo à saída daquele terreno. A grama alta se arrastava em seus joelhos, trazendo uma leve sensação de cócegas enquanto andava. Quando passou pelo portão e o fechou da forma que pôde, olhou para a casa mais uma vez, sentindo-se feliz pela experiência.

Sabia que estava sendo uma grande cabeçuda – para não dizer outra coisa – ao sair assim, sem avisar, já que tinha dito que esperaria Sana voltar do mercado com as coisas que elas queriam comer, mas estava muito confusa para permanecer ali. E nos primeiros minutos em que se flagrou sozinha, arrumou suas coisas e achou melhor se mandar.

Talvez até desistisse de ir no baile.

Sem que percebesse, por possuir pernas curtas e a incrível habilidade de andar depressa, Dahyun flagrou-se parada no jardim da casa de um de seus amigos, sem nem ao menos lembrar-se de como havia feito aquele trajeto até ali. Com seus passos presunçosos, ela arrastou-se até os poucos degraus que davam acesso até a porta de madeira acácia, que tinha uma enorme numeração metálica grudada, e bateu, apenas esperando que Oh Se-hun não lhe chutasse dali.

— Querida, quanto tempo! — Disse a mãe de Sehun, assim que abrira a porta.

— Quanto tempo! — Cumprimentou Dahyun, sorridente. — Como vai a senhora?

— Já disse que não precisa dessas formalidades. Mas estou bem, querida! — A mulher corrigiu, passando sutilmente a mão pela saia florida que usava. — Sehun está no quarto, você sabe onde é.

Com isso, se retirou, voltando para o jardim dos fundos da casa, onde cultivava suas rosas. Dahyun também se moveu, subindo as escadas para o quarto do rapaz. Pôde-se escutá-lo cantarolar baixinho assim que chegou ao andar de cima, visualizando através da porta entreaberta, o mesmo teclando alguma coisa em seu notebook.

Lentamente, ela caminhou na pontas dos pés, para não anunciar sua entrada, colocando as mãos abruptamente nos ombros do rapaz de deu um pulo assustado.

— Filha da puta! — Vociferou o rapaz, dramaticamente repousando a mão sobre o tórax.

— Eu também estava morrendo de saudades, Oh.. — Dahyun gemeu, sim, gemeu o sobrenome do garoto, vendo-o se levantar e agarrá-la desajeitadamente. — Sehun! — Completou, sorrindo, sentindo-o esmagar seu corpo contra a parede.

Anti-RomanticWhere stories live. Discover now