08. As descobertas da detenção

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Minatozaki Sana era como uma música que Kim Dahyun não conseguia tirar da cabeça.

Uma música repetitiva, emocionante e.. extremamente chiclete.

Enquanto passava os olhos sobre as páginas amareladas do seu livro, sem realmente ler alguma coisa, ela só conseguia pensar em quanto aquela maldita colunista estava enlouquecendo seus últimos neurônios já que suas amigas haviam fritado a outra metade.

O Morro Dos Ventos Uivantes não era um livro emocionante, cheio de aventuras e reviravoltas, como ela imaginou que seria. Era uma leitura mais pacata e clássica, que trazia algumas reflexões. E não que isso fosse ruim, no entanto. O fato, é que aquele monte de informação não era o suficiente para mantê-la longe de seu problema atual, consistido em: Sana, Mina e Jihyo, ambas machucadas, além da tal Son Chaeyoung, a garota misteriosa, que de mistério não tinha nada. Era só mais uma maconheira, ouvinte de Heavy Metal, amiga das piores gentinhas da JYP, com uma única exceção decente, mas não menos irritante: Sana.

Dahyun costumava ser uma garota paciente, é verdade. Mas nada nunca lhe afetara tão diretamente quanto a irritante Son Chaeyoung estava afetando. Ela nunca havia explodido com alguém antes, nem mesmo quando Joohyun grudara um chiclete em seu cabelo durante a quarta série e ela fôra obrigada a cortar metade do mesmo; ou quando seu irmão comeu seu precioso pedaço de bolo de morango; ou quando Jihyo e ela caíram no lago repleto de sapos, no acampamento de 2010.

Ela era paciente. Era mesmo. Mas, naquela tarde, descobriu que essa sua paciência tinha um limite. E esse limite tinha nome, sobrenome e coincidentemente era a garota mais antissocial de todo o colégio. E, como se não bastasse, era obrigada a manter-se centrada nas lamúrias que saíam da boca de Mina – ao mesmo tempo em que lia – dizendo que não era justo ela pegar detenção junto com as outras, já que não tinha feito nada demais senão tentar apartar a briga.

Aquele dia parecia ter sido programado para dar errado, e acabar ali, na detenção com suas amigas, Sana e companhia, só confirmaram suas teorias.

— Você quer parar? — Ela virou-se para trás e vociferou, visualizando a figura esguia de Chaeyoung erguer-se do banco e aproximar-se, ao ponto de conseguir sentir sua respiração, travando a mandíbula. Referia-se as inúmeras bolinhas de papel que a garota jogava em suas costas.

— Você acha legal abandonar as pessoas, não é, Patrícia? — A garota sussurrou, bem no pé de sua orelha, logo posicionando outra bolinha dentro de um canudinho e assoprando em sua bochecha.

Dahyun bufou, irritada, passando a mão sobre aquele bolinha pegajosa e se levantando.

— Do que 'cê tá falando? — Vociferou, empurrando a mesa. E como o esperado, para que não houvesse mais brigas, prontamente Jihyo e Mina a seguraram por trás. Sana fez o mesmo com Chaeyoung, que se levantou milésimos de segundos depois.

Mas, diferente do que esperou que fosse acontecer, Son não encheu a boca para dar-lhe uma resposta debochada, ela simplesmente virou-se em direção a amiga e deixou com que o cérebro de Dahyun assimilasse o resto.

E ela assimilou.

Todo aquele furdunço era por causa de Sana? Por tê-la deixado sozinha? Era isso? Tinha ido parar na detenção, e por pouco não era expulsa, por causa da colunista? Dá maldita colunista? Não podia ser.

Sem ditar uma sequer palavra, Dahyun jogou a mochila sobre um dos ombros e caminhou em direção à saída, voltando apenas porque esquecera seu livro aberto em cima da mesa. Ela olhou para às amigas, esperando que elas entendessem que não poderia mais permanecer ali, enfiou o livro debaixo do braço e, antes que caminhasse em direção à porta mais uma vez, levantou o dedo indicador em direção a Sana, que mantinha seus lábios trêmulos e os olhos lacrimejados. Parecia que ela sabia exatamente o que estava por vir.

Anti-RomanticWhere stories live. Discover now