04. Batatas, garotos e corações quebrados

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Dahyun era fraca.

Bastava um só aegyo para que ela desistisse de seus próprios ideais e caísse nas lábia dos outros. E quando isso partia de suas amigas então, só deus para ter misericórdia.. Mas, naquele dia, de uma coisa ela tinha certeza: não cairia mais naquele papo.

Suspirando, a garota desviou a atenção do smartphone que segurava por um milésimo de segundo, vendo suas duas amigas roubarem algumas batatas fritas da sua porção extra-grande na maior cara de pau.

— Ele tem olhos lindos. E pernas lindas também. — Myoui Mina comentou, suspirando alto assim que um dos quarterbacks, Jung Hoseok, passou perto da mesa delas, no refeitório. Era até esquisito ver uma garota como ela, típica patricinha esnobe, apoiando o rosto na palma da mão enquanto falava sobre essas bobagens românticas. — E quando ele está jogando, às vezes ele tira a camisa e a calça realça.. — Por um momento, ela sorriu. — Vocês sabem.

Ok, nem tão românticas assim.

— Uau! — Park Jihyo disparou, irônica. — Que tocante, Minari.

— Cala a boca, vai.. — Disse a japonesa, redirecionando seu olhar até Dahyun. — Você tem que pegar o número dele para mim, amiga. — Pediu, manhosa. E lá vinha ela com aquele aegyo de meia tigela.

Jihyo roubou outra batata da tigela de Dahyun, colocando-a entre os dedos, simulando um cigarro, levantando-se milimetricamente do banco só para ter o prazer de provocar Mina mais um pouco.

— Não, sério. Foi bem legal da sua parte reparar no pênis dele. Conta aí, era grande, pequeno, grosso? — Provocou a mais velha, sorrindo largo.

Aquilo foi a gota d'água para que Dahyun intervisse, batendo a mão na mesa. O impacto fôra tão forte, que as batatas levitaram por um milésimo de segundo.

— Caralho! — Vociferou, sentindo uma ardência na palma da mão. Naquela altura do campeonato, várias pessoas que estavam próximas fitaram-na boquiaberta. — Dá para parar de falar de macho e comer? Que saco!

Rapidamente, Myoui prendeu a respiração em seus pulmões, desviando-se do olhar fulminante da amiga. Ela não fazia idéia de que um "simples" pedido poderia levá-la à histeria. Mas, aparentemente, podia. E como.

— E não, eu não vou pegar o número de ninguém, Mina. — Completou a garota, cruzando os braços abaixo dos seios. — Pode ir tirando seu cavalinho da chuva.

Aish, por que está tão brava? — Questionou a garota, encabulada, vendo Jihyo assentir em concordância.

Dahyun suspirou. Aquilo não era bem um coisa cuja qual devesse contá-las, afinal, não acrescentaria em nada na vida das garotas, e elas tampouco poderiam amenizar sua dor, mas o olhar enraivecido de Mina era tanto, que não lhe restou opções.

— Estou no vermelho. — Murmurou, fisgando uma batata com a ponta dos dedos. — Satisfeita?

— Isso explica muita coisa. — Jihyo deu de ombros, desinteressada. Das três, era a que mais fazia uso do recipiente de katchup e maionese, comendo quase todas as batatas. E só viu-se na obrigação de parar, quando Dahyun puxou a tigela de sua mão e, quando curiosamente, seus olhos repousaram sobre a figura de Kang Daniel, seu suposto namorado, conversando com outra garota. — Mas o quê.. — Ela murmurou, levantando-se num impulso.

Dahyun e Mina sequer tiveram tempo de questioná-la, quando deram por sí, Jihyo já estava batendo boca com o rapaz e, é claro, com a garota.

Que não era ninguém menos do que Minatozaki Sana, a colunista.

Enquanto Jihyo falava, ou melhor, berrava, a colunista penteava suas próprias madeixas alaranjadas com os dedos e ajeitava os óculos arredondados, despreocupada. Eles não tinham lentes, então Dahyun, ao aproximar-se junto de Mina, supôs que eles servissem apenas para dar um ar de credibilidade a sua "profissão". E quando Jihyo resolveu sentar o tapa no braço de Daniel, ela quase não pôde conter o riso, chacoalhando a cabeça para manter-se séria, o que só fez com que seus cabelos se bagunçassem ainda mais.

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