10. Eu deveria ir?

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Dahyun já tinha perdido as contas de quantas vezes viu o ponteiro do relógio dar voltas e mais voltas.

Além de exausta, entediada e irritada, a garota também estava com fome. Morrendo de fome. E isso significava que deveria contar com a ajuda de Deus, Buda, Alá e mais vários outros deuses catalogados em livros religiosos, para preparar algo para comer. Afinal, as comidas de Jihyo eram horríveis e Mina se recusava a pisar o pé ante o fogão.

— É mais fácil eu fazer um banquete do que a Mina escolher um filme. — Ela murmurou, mantendo seus olhos fixos a figura de Mina sentada no braço do sofá, compenetrada, apenas rodando para lá e para cá o catálogo do Netflix.

— Escolhe logo essa merda, Minari! — Exclamou Jihyo, como de costume, lhe sentando o tapa nas costas.

— Aí, que saco! — Reclamou a japonesa, jogando o controle sobre Dahyun. — Enfia essa merda no rabo.

Momentaneamente, Dahyun teve de respirar bem fundo para não ir na cozinha, pegar uma faça de açougueiro e matar todo mundo à base da facada. Céus, qual era dificuldade de escolher um filme? Um filme bom. De ação, aventura, terror, mistério ou qualquer outra coisa que não envolvesse a droga de um romance estilo High School Musical, cheio de músicas e frufrus.

Aquela era primeira vez depois de muito tempo que se reuniam na casa de uma delas para fazer uma programação normal, de amigas, e Dahyun já tinha perdido as contas de quantas vezes desejou sair no soco com uma das duas. Não era por mal, ela amava suas melhores amigas, mas eram tão insuportáveis que ela simplesmente tinha vontade de pegar uma arma e atirar em todas elas. Só não sabia se era porque Jihyo e Mina eram mesmo impossíveis ou se era porque andava bastante estressada, com qualquer coisinha que fosse.

— Não vamos assistir nada também não. — Afirmou Jihyo, levantando-se do sofá num impulso para desligar a televisão com um toque exasperado. — Vamos falar da merda que anda acontecendo com a bonitona aí. — E apontou o dedo para coreana, que arqueou uma das sombrancelhas e lançou-lhe uma almofada.

— É, vamos sim.. — Incentivou Mina, juntando-se a pequena guerra de almofadas que se iniciara. — Foi para onde quando saiu da detenção?

Rapidamente, a garota encara Mina, tentando mostrá-la todo o seu descontentamento com aquilo. Não havia mais sorrisos pequenos ou olhares compreensivos. De repente, as memórias do dia anterior pareceram acertar-lá em cheio. Ela tinha mesmo que falar sobre aquilo?

— Eu ia ir para casa, mas a chata da Chaeyoung saiu me gritando pelos corredores. Achei até que iria me bater de novo. — Deu de ombros, aproveitando que Jihyo e Mina estavam de pé, para deitar-se no sofá e esticar as pernas.

— E não bateu?

— Não, só me pediu calma e explicou algumas coisas. Inclusive, ela é a melhor da amiga da Sana. — Murmurou, indiferente. Não estava nenhum pouco afim de falar sobre aquilo.

— A gente sabe. — Disse Jihyo, pedindo para que ela se levantasse um pouco para que pudesse se assentar. Ela ergueu o tronco e, então, apoiou a cabeça nas pernas da morena. — A Sana chorou muito depois que você sumiu.

"Perdão?", ela pensou. Era só o que lhe faltava. Tomada de vertigem, Dahyun teve de se sentar para não desmaiar. Falta de oxigênio, concluiu. Era sério? Sana tinha mesmo chorado por sua causa? Ah não, não podia ser!

— Não foi culpa dela. — Acrescentou Mina, sentando-se ao seu lado. — A Chaeyoung te agrediu porque ela quis, porque tomou as dores da Sana. A coitada não mandou ninguém ir atrás de você, inclusive.. — Ela fez uma pausa dramática, erguendo o dedo indicador. — Ela disse que até planejava te pedir desculpas por ter tentado te beijar.

Anti-RomanticWhere stories live. Discover now