02. Codinome M.S

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Naquela segunda-feira, a única coisa mais importante do que a chegada da nova diretora do colégio, era o enorme cartaz colado no mural avisos.

Disputando espaço com os convites para a festa de boas-vindas dos calouros, os anúncios para a audição das líderes de torcida e as cópias já desbotadas das principais regras da ambientação, as enormes letras garrafais chamavam a atenção de todos que passavam pelos corredores. Principalmente de Dahyun.

A garota parou diante do mural, analisando a peça gráfica impressa em papel colorido. O título dizia: "Seleção para o clube de música. Próxima segunda-feira, às 13h." Na fotografia que escolheram para estampar o folheto, as veteranas de JYP High School apareciam ajoelhadas sobre o palco do auditório, exibindo suas medalhas conquistadas graças ao clube e seus sorrisos orgulhosos.

O slogan do anúncio estava destacado em dourado, evidenciando o grande motivo pelo qual todas as pessoas entravam no clube e, ao mesmo tempo, convidando o seu público-alvo a juntar-se a eles.

Seja uma estrela!

Em questões de segundo, Dahyun mergulhou-se em lembranças muito vívidas de quando estava sentada na calçada de sua casa, em 2005, lendo a última edição de Lanterna Verde, um de seus personagens favoritos, quando erguera os olhos e encontrara um de seus vizinhos depositando um Silvertone no lixo. Aquele violão raptado da lixeira fôra o seu primeiro instrumento.

E fôra ele que trouxera sua verdadeira vocação.

A música.

Entretanto, apesar de compenetrada no slogan do cartaz, suas memórias não duraram muito e acabaram desmanchando-se com a aparição de determinada pessoa.

— Não é melhor você ir se inscrever ao invés de ficar babando no cartaz?

Dahyun sequer precisou virar-se para saber quem era. Não reconhecer a voz da própria melhor amiga era o cúmulo da falta de consideração.

— Não vou me inscrever. — Disse ela, olhando-a de soslaio por cima dos ombros.

Os cílios compridos, as madeixas perfeitamente simétricas na altura da curvatura de seu pescoço, a saia de pregas acentuada até pouco acima de sua cintura, os cadarços amarrados num mais impecável nó. Se Dahyun não estivesse acostumada desde a infância a ser tratada como irmã mais nova por Myuoi Mina, poderia facilmente achá-la atraente. Naquelas circunstâncias, entretanto, só conseguia vê-la como alguém que ela possuía um carinho enorme.

— Eu sei que vai.. — Mina tocou-a por cima do ombro esquerdo, forçando-a à se virar. — Agora vamos, a aula começa daqui à pouco.

Dahyun contentou-se em apenas assentir. Entrelaçou seus dedos aos dedos de Mina, como já lhe era costumeiro em todas às manhãs, deu uma última olhada no cartaz com as informações sobre a seleção e deixou com que a amiga saísse puxando-a até a extensa fileira de armários embutidos, amarelados, para que pudessem pegar seus materiais.

— Você viu que vai rolar um show aqui na cidade? — Comentou a japonesa, abrindo com quatro dígitos diferentes o seu armário.

— Ah é? Que banda? — Perguntou Dahyun, centrando-se nos números 1-9-9-8 para destrancar o cadeado.

— Não sei.. Alguma coisa relacionado à-

À partir daí, Kim Dahyun entrou em um estado catatônico, não escutando mais nada. Naquela manhã, para sua (in)felicidade, havia um pequeno papel enlaçado com uma fita vermelha caído entre sua pilha de livros e cadernos, soando exatamente como o tipo de clichê americano que ela tanto detestava.

Anti-RomanticWhere stories live. Discover now