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- Será que vai demorar muito? Eu... - a ruiva a sua frente diminuiu o tom da voz para um sussurro quase inaudível - eu realmente preciso fazer xixi!

Romina Shirley Reusser trombou em Luna enquanto compravam seus materiais no beco diagonal. Luna, que nunca foi muito habilidosa em coisas que exigiam muito de sua coordenação motora - como andar - ralou o cotovelo direito na queda. Como pedido de desculpas, a ruiva mais sardenta e magricela que Luna já havia conhecido lhe ofereceu um pedaço do seu chocolate mastigado e parcialmente derretido. Dali, até o dia primeiro de setembro as duas não desgrudaram mais. Luna adorava o jeito leve e espontâneo de Romina. Ela parecia se maravilhar com cada simples acontecimento ou descoberta. Tinha os olhos sempre arregalados e atentos, como se estivesse sempre encantanda com tudo que acontecia.

Com apenas dois dias de amizade, a ruiva já havia contado boa parte de sua vida pessoal para Luna. Desde seu nascimento, a sua alergia a gatos, ao desemprego de seu pai e adoecimento de sua mãe. Eles estavam passando por dificuldades e Luna não hesitou em pedir ao tio que lhes pagasse um jantar e comprasse para as duas colares-da-amizade-eterna, enfeitiçados para brilharem a pequena pedrinha roxa no centro ao toque do outro colar. Não que eles tivessem dinheiro de sobra, mas a venda de sua antiga casa lhes deu alguma folga, uma vez que o novo apartamento dos dois fora bem mais barato.

Luna tentava sempre ser discreta. Havia comentado que seu tio a criava junto de seu avô, e que os pais morreram em um acidente. Era assim que ela se justificava até para os trouxas. Mágicos ou não, ninguém precisava saber que seus pais foram assassinados a sangue frio em sua casa por serem considerados traidores de sangue, muito menos que o tio havia sido arranhado por um lobisomem enquanto tentava proteger a sobrinha.
Romina balançava as pernas olhava para a janela ao lado.

- Eu não sei, Rommy, mas tenho certeza que enquanto não sairmos da estação, a gente não vai chegar. - Luna respondeu enquanto abria uma embalagem de chicletes e tentava ler o que dizia a figurinha.

- A gente vai ficar na mesma casa, né?!
- Isso não seria maravilhoso?! - Luna se levantou e puxou as mãos da amiga para que se levantasse também. Logo estavam rodopiando e dançando dentro da cabine. - Imagina quantas possibilidades! Quantas histórias vamos viver! Poderíamos voar numa vassoura, ou... como o Peter Pan!

- Pense numa coisa bem booooaaaa! - Romina cantarolou um trecho do filme trouxa que haviam assistido no dia anterior, Peter Pan. Enquanto os personagens do filme cantam essa música, eles saem voando pelo quarto da garotinha do filme.

- Que num instante você voooaaa! - Luna completou e pulou de um assento para o outro.

- A gente tem que cantar essa música enquanto estivermos voando na vassoura! Será que a gente já vai aprender a voar esse ano? - ela rodopiava e girava a amiga segurando seus braços.

- Eu não sei! Mas sei que - Luna subiu no sofá do lado direito, onde estavam suas coisas - Luna Santiago e Romina Reusser serão as maiores e melhores bruxas de Hogwarts! - Luna ergueu sua varinha recém adquirida.

- Hahahaha! Nós vamos ser as melhores bruxas que o mundo todo já viu! E então, eu vou me tornar uma auror como seu pai era! E ganhar muuuuuito dinheiro! - as duas pulavam no estofado do assento de mãos dadas - e, meus pais nunca mais precisarão ficar preocupados, porque eu, Romina Shirley Reusser vou comprar todos os remédios do mundo que minha mãe precisar, e quando eu me casar, vou tirar esse "shirley" do meu nome e aí nós vamos viajar para o Alaska e adotar um pingui....

Do lado de fora, um garoto ouvia curioso os gritos e risadas dentro da cabine. Não pensou muito antes de arreganhar a porta, indo contra todos os seus sentidos e princípios. Ao abrir, viu duas meninas muito bonitas e sorridentes.
As duas meninas imediatamente se jogaram nos assentos, caindo sentadas e arrumando seus cabelos desgrenhados e que colavam nas testas suadas pela agitação.

Ran Before The Storm - Remus LupinWhere stories live. Discover now