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Cristal e Luna estavam apreensivas. Nesta sexta iriam até a festa secreta dada pelos marotos, exceto Sirius. James havia dado a ideia de uma festa surpresa para o melhor amigo. 

Whisky de fogo e cerveja amanteigadas seriam abundantes. Algumas bebidas alcoólicas trouxas e guloseimas trazidas diretamente de Londres também. James até conseguira convencer um elfo doméstico a fazer um belo bolo e alguns quitutes.

As três amigas prometeram ajudar na decoração. Ava iria à festa escondida, mas durante o dia, teria que ficar com seu irmão e seus amigos para não levantar suspeitas.

Seria tudo na recém descoberta sala precisa. E as três amigas, Peter e Remus caminhavam discretamente até lá. Luna havia encantado uma bolsa para que colocassem todos os enfeites dentro.

- Não sei porque a gente não usa a sala precisa mesmo. Tipo, é só pensar e tudo apareceria lá, não?

- Qual é, Peter! Isso vai ser divertido. Nada de magias para a festa! – Romina saltitava pelo caminho. – Eu adoro festas! Nunca fui em uma, mas uma vez eu li que elas são incríveis! Estou tão animada!!!

Era impossível não se contagiar com a alegria de Rommy e, embora com medo de serem pegas, Cristal e Luna se deixaram levar e tentaram se animar com a festa.

*

- Remus, pode pegar aquela tesoura pra mim, por favor? – Luna apontou. Estava em cima de uma escada amarrando alguns balões a frente de uma faixa que dizia “Feliz Aniversário, Sirius!”

Remus se esticou para entregar a tesoura para Luna. Ele estava segurando a escada para que não balançasse e a colocasse em perigo. Ele olhou rápida e inocentemente para cima para entregar-lhe a tesoura. Quando Luna se virou para cortar a fita, ele deixou um suspiro pesado sair de seus lábios.

Não foi intencional.

Mas seus olhos se viraram para as leggings apertadinhas que Luna usava. Ele sentiu suas orelhas queimarem. Estava vermelho como um pimentão e sabia disso. Não queria desrespeitar sua melhora amiga. Mas... céus, ela era atraente!

- Remus? Você tá passando mal? – Peter perguntou ao amigo enquanto enchia balões com Romina. Cristal estava terminando de pendurar algumas estrelas na parede.

- Não, eu... eu estou bem.

- Você tá vermelho... e ofegante. Tem certeza que está bem? – Dessa vez Cristal observou enquanto pregava a última estrelinha da parede lateral.

Luna ouviu e se virou para olhar o amigo. Mas com sua incrível falta de habilidade motora, acabou pisando em falso e indo de encontro ao chão.

Peter tentou pegar sua varinha para levitar a amiga, mas não fora suficientemente rápido. Remus estava atordoado demais para ter alguma reação. Por sorte, Luna aterrissou em alguns balões que amorteceram a queda, mas fizeram tanto barulho que Romina jurou que iria infartar.

Luna queria ter morrido na queda. Queria que um balão tivesse explosivos e a matasse ali. Ela caíra com as penas pra cima. Humilhante. Não era uma queda longa, ela não sentia que havia sequer torcido alguma parte do corpo – além das costas que doíam pelo impacto. Mas a sua frente estava Remus Lupin, com os olhos arregalados e o rosto rubro. Luna soltou um palavrão em sua língua materna.

Será que ela, algum dia, pararia de passar vergonha?

- Meu Merlin, Luna! Você tá bem?

- Sim. Eu... eu tô, Cris. Eu só... me desequilibrei.

Remus estendeu a mão e puxou. Luna logo sentiu uma fisgada no pulso direito e soltou um “Ai!” mais alto do que queria.

- Tá doendo? Melhor irmos para a enfermaria! – Remus pegou delicadamente a mão de Luna. Ela queria que eles não estivessem tão próximos. Queria que seu cabelo não estivesse do jeito que ela imaginava que estariam pela energia estática que os balões provavelmente causaram: como uma vassoura após vinte partidas frenéticas de quadribol. Queria se transformar em sua forma animaga e sair correndo. Ou em um avestruz para enfiar sua cabeça num buraco.

- Eu acho que não precisa... – Luna tentou puxar sua mão das mãos de Remus, que agora faziam uma concha em volta de seu pulso. Ele estava tão concentrado que sequer ouvir a resposta de Luna.

- Tá louca, é?! E se você tiver quebrado isso aí, Lu?! – Romina estava com a boca branca pelo pó do balão. Luna riu. Ela tinha a varinha segurando seus longos cabelos em um coque. Rommy havia enfeitado todo seu coque com alguns pedaços de estrelas com glitter que Cristal não usaria mais. Luna pensou que ela parecia Artemis, uma deusa grega que estava presente no terceiro ou quarto livro que elas leram juntas.

- E como é que nós vamos explicar pra ela que me machuquei?

- Ora essa, Lu! Você vive caindo e se machucando. – Cris riu de lado – Madame Pomfrey já está habituada com suas aparições.

- Vem, vamos. Eu vou te acompanhar. – Remus puxou Luna pelo quadril para evitar que puxasse sua mão e a machucasse. Luna prendeu a respiração. Perto. Eles estavam muito perto. Deram cinco passos e Luna olhou para trás.

Romina recebeu um olhar desesperado da amiga e piscou para ela, levantando o polegar em um joínha. Luna se obrigou a soltar o ar quando Remus abriu a porta da sala precisa para que eles saíssem.

- Eles são tão fofos. – Luna ouviu a voz de Peter ao fundo e se apressou em sair da sala.

Os dois seguiram lado a lado em silêncio.

- Nós podemos falar que eu escorreguei no banheiro... Aconteceu uma vez no terceiro ano... – Luna segurava seu pulso.

- Ótima ideia. E aí nos encontramos no corredor e, como monitor, estou te levando lá. – Remus brincava com as mãos, nervoso. – Eu sou um péssimo mentiroso. Mas essa é uma mentira plausível, não é?!

Luna riu com a cabeça baixa. Passara as férias trocando cartas com ele sobre os mais diversos assuntos. Também trocara cartas com Romina, que o tempo todo a aporrinhava falando de Remus. Nunca sentira o clima estranho entre os dois, mas agora ela estava com vergonha. E talvez, só talvez, Romina estivesse certa quanto aos sentimentos de Luna. Mas ela não admitiria, ainda não.

Ran Before The Storm - Remus LupinWhere stories live. Discover now