(018). arya novachrono

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O REI MAGO era o pai de Arya Kira Clover.

A princesa estava sentada no telhado do prédio, seus pés balançando para frente e para trás no ar, tentando controlar suas lágrimas e o turbilhão de emoções que a assolavam.

O vento sussurrava suavemente ao redor dela, acariciando seus cabelos enquanto ela lutava para acalmar sua respiração agitada.

Arya sentiu uma presença se aproximar dela, e ela soube que era Julius Novachrono, que estava sentado ao seu lado, observando a lua.

Ela o encarou, os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar. – Você mentiu para mim por dezesseis anos. O que mais está escondendo?

Julius desviou o olhar, com um ar de culpa. - Eu não queria esconder isso por tanto tempo, estava esperando pelo momento certo.

- Temos um nariz parecido, o mesmo sorriso com covinhas... - murmurou Arya, limpando as lágrimas do próprio rosto. - Como não pude perceber isso antes?

- Eu sinto muito.

Arya soluçou, tentando controlar suas emoções. - Você sabe o que aconteceu comigo quando eu era criança. Todo mundo me chamava de ilegítima, eu e minha mãe éramos mal vistas pela nobreza, meu tio já quis nos expulsar da capital...

- Eu conheci sua mãe quando ainda era o Capitão dos Cervos Cinzentos. Daphne Kira Clover era uma mulher muito bonita, gentil e alegre, que encantava todos ao seu redor - explicou Julius, com um sorriso triste ao lembrar da sua falecida amada. - Nos tornamos amigos e meses depois, percebi que estava apaixonado por ela.

- Ficamos juntos por bastante tempo, e descobrimos que ela estava grávida de você. Apesar do desejo de nos casarmos, eu me tornei o Rei Mago, seria perigoso meus inimigos saberem que eu teria uma filha, então mantemos isso em segredo - Julius estendeu a mão para tocar no rosto de Arya, o polegar limpando as lágrimas dela.

- O dia que você nasceu... Foi o mais feliz da minha vida. Mesmo que eu estivesse com muito trabalho para fazer, vi seus primeiros passos, suas primeiras palavras, mas você me conhecia apenas como o melhor amigo de sua mãe. Quando Daphne faleceu, eu queria que você soubesse que não estava sozinha, que seu pai estava lá para te ajudar, mas você não podia saber até ser mais velha.

- Parece que tudo ocorreu como planejado, então - murmurou Arya, a voz trêmula. - Eu me senti sozinha por bastante tempo, as responsabilidades vieram cedo para mim como herdeira do trono.

- Eu estava esperando pelo fim dessa missão para contar a verdade. Você me odeia? - perguntou o Rei Mago, com um tom de preocupação na voz.

Arya balançou a cabeça, negando. - Ninguém respondia as perguntas que eu fazia sobre meu pai, ignoravam ou mudavam de assunto rapidamente. Então eu parei de tentar saber sobre ele, pois apesar de querer uma figura paterna, eu tinha minha mãe... E você.

- Eu sinto muito que tenha passado por tudo isso - antes que Julius pudesse dizer mais alguma coisa, ele ficou surpreso quando sua filha pulou em seus braços, e o abraçou.

- Pai... - sussurrou Arya, com um pequeno sorriso. - Eu posso te chamar assim, certo?

Julius riu. - É claro.

A princesa voltou ao lugar dela, parecendo mais animada. - Agora eu entendo por que dizem que não pareço tanto com minha mãe. É como se eu fosse uma versão jovem e feminina sua, mas com alguns traços dela.

- É verdade - ele concordou, igualmente feliz. - Você puxou ao melhor de nós dois, Arya.

- Quem escolheu meu nome? - perguntou ela, curiosa para saber mais do passado de seus pais. - E se eu fosse um menino, que nome seria?!

- De alguma forma, eu sempre soube que você seria uma menina, mas caso não fosse, sua mãe escolheu Atlas - respondeu Julius, alegremente.

- Um pouco incomum.

Ele sorriu. - Sendo sincero, eu não lembro de onde o nome Arya surgiu. Ele sempre esteve na minha cabeça, como se eu soubesse que fosse especialmente para você.

- Talvez, quando voltarmos do covil do Olho do Sol da Meia-Noite, nós poderíamos vir na Capital Real e passar um dia divertido, sabe? - disse Arya, as bochechas adquirindo um tom vermelho. - Como um dia de pai e filha. O que você acha?

- Eu adoraria.

- Ainda é perigoso as pessoas saberem que eu sou sua filha?

- Acredito que não. O Olho do Sol da Meia-Noite já sabe, e eles são nossos maiores inimigos. Então não vejo problema.

Arya suspirou, um pouco sonolenta. - Sabe, eu estou um pouco nervosa para amanhã, mas acho que tudo vai dar certo. Pode me contar mais sobre como você e a mamãe se conheceram?

- Claro, eu tenho ótimas histórias - Julius assentiu, contente. - Houve o dia em que nos conhecemos quando me perdi no castelo, ou quando minha capa pegou fogo em nosso primeiro encontro.

- Quero saber de tudo!

[...]

- ... E foi assim que terminamos nosso primeiro encontro desastroso. Eu sem minha capa e sua mãe com medo da loja - disse o Rei Mago, e ele e Arya riram com a história.

Recuperando o fôlego depois de tanto rir, a princesa olhou para o horizonte, o céu escuro da noite, e viu um feixe de luz surgindo, a primeira luz do amanhecer.

- Aquilo é o sol...? Pai, está amanhecendo?! Nós passamos a madrugada conversando e daqui a pouco preciso me reunir com os Cavaleiros Reais! - Arya arregalou os olhos, levantando abruptamente. - E eu não descansei nada!

Julius riu. - Bem, acho que precisamos ir.

Arya correu até a porta, porém antes que saísse, ela olhou para o Rei Mago mais uma vez. - Pai?

- Sim?

- Eu te amo.

Então ela correu antes que ouvisse uma resposta, com um sorriso iluminando seu rosto.

STARLIGHT ✷ black cloverWhere stories live. Discover now