01. WELCOME

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Estava em minha casa organizando todas as contas do mês, eram tantas dívidas que simplesmente não sabia como iria conseguir sanar todas. E como um desejo de contos de fadas o socorro chegou. Ouvi batidas na porta de minha casa, eram batidas fortes e constantes, o que me fez por um minuto temer quem poderia estar por trás daquela porta, até que então escutei a voz doce e suave de John Shelby por trás da mesma.

Fazia tanto tempo que não escutava o soar daquela voz familiar em meus ouvidos. Percebi um sorriso espontâneo surgir em meus lábios, não tinha como deixar de expressar minha alegria por tê-lo ali novamente, em minha casa, por mais simples que fosse no atual momento. De fato, não estava mais acostumada com um lar pequeno, passei tantos anos morando com conforto e riquezas, que por um período de tempo acabei me esquecendo completamente de como era desconfortável o aperto dos cômodos minúsculos.

Sem hesitar por muito tempo, fui até a porta em passos rápidos e a abri com um sorriso largo em meu rosto, demonstrando satisfação, era um prazer inigualável poder rever um amigo de tanto tempo.

━ John, meu caçula preferido! ━ exclamei ━ Que saudades! ━ estendi ambos os braços e o envolvi com força dentro de um abraço.

━ Ah... ━ suspirou ele após encaixar-se dentro de meu abraço ━ como é bom poder sentir um abraço familiar novamente. ━ sorriu enquanto retribuía com a força devida ━ E já esqueceu que não sou mais o caçula? Finn roubou meu lugar.

━ Claro que não esqueci. ━ confirmei ━ Finn usurpou o seu trono, não é mesmo? ━ expressei-me rindo e dei um largo espaço para que ele entrasse. ━ Vem, vou lhe servir um café. Só não repare a bagunça.

John adentrou a minha casa, com aquele jeito todo ''largado'' que só ele sabia fazer, e sentou-se na mesa da cozinha. Rapidamente averiguei se alguém o seguia e quando confirmei, fechei a porta e apressei os passos até a cozinha. Passei um café do jeitinho que sabia que ele gostava, forte e com pouco açúcar. Finalizei pegando duas xícaras e servi para ele e para mim.

━ Pois então, me conte. Tanto tempo que não o vejo, simplesmente me esqueceu. Você, Arthur e Ada, os três nunca mais me visitaram deste quando aquele tal de Campbell veio para Birmingham. O que te trouxe aqui, John? Depois de tanto tempo.

━ Não foi intencional, sabe que a nossa vida sempre foi uma correria por conta da casa de apostas e as outras coisas. ━ ele da uma pausa e toma um gole de seu café ━ Não vou mentir, precisamos de um favor!

━ Diga-me, como posso servir os Peaky Blinders? ━ revirei os olhos para provocá-lo e então dei um gole em meu café.

━ Ei, não revire os olhos para mim, é tudo pelo Thomas, bom, eu acho. ━ quando ele pronunciou essas palavras, meu semblante desfez-se imediatamente ━ Sabe, Thomas teve um filho e se casou com uma moça irlandesa, mas por um terrível acaso do destino, ela foi assassinada bem na frente dele.

━ Eu fico 4 anos ausente e acontece tudo isso? Nem sou chamada para o casamento de um dos meus melhores amigos. ━ cruzei os braços e arqueei a sobrancelha com extremo sarcasmo nas falas ━ A esposa dele morre e ele tem um filho, entendi. Prossiga, John.

━ Tenho certeza que o Tommy vai esclarecer os seus motivos. ━ pude sentir seu respirar profundo ━ Enfim, agora que a família Changretta está tentando nos matar, Thomas não está tendo tempo para cuidar do filho, o garoto anda meio triste, então ele pediu para você se poderia fazer isso por ele. ━ concluiu passando a mão por sua cabeça, o silêncio ficou quase insuportável.

━ Sabe que eu não me envolvo com as coisas de vocês John, por isso decidi morar afastada da casa de apostas. Não quero me envolver com as chantagens, nem as mortes, nada que seja do Thomas. ━ enfatizei ━ Por que a tia Polly não cuida do menino?

━ Tia Polly anda meio... chateada, é complicado. Não sei se você soube dos últimos fatos. ━ deu um gole generoso em seu café em seguida.

Respirei fundo e permaneci em silêncio por alguns segundos, o que pra John parecia ter sido uma eternidade por sua expressão. Precisava pensar, mas tinha certeza que o mais novo não me daria a chance para o mesmo, a resposta precisava ser imediata, me arrependeria.

━ É, eu soube dos problemas com o filho dela. ━ balancei a cabeça lentamente, em forma de negação ━ Tudo bem John, irei com você, mas acho que precisa me esclarecer muitas coisas ainda. ━ firmei a voz ━ Mas que fique claro que não quero e nem irei me envolver com nada errado.

━ Ahh, isso não vai ser problema. ━ respondeu ━ Eu acho. ━ sussurrou no finalizar.

Fui então até meu quarto e em uma mala separei algumas roupas e outras coisas que me seriam úteis usar na casa dos Shelby's. Depois de tudo pronto, desci juntamente com John e tranquei a casa, por fim, adentrando ao carro do Blinder. Fizemos poucos minutos de minha casa até a casa de Thomas, pelo caminho John foi me contando todas as novidades que surgiram na família, como a de Arthur casado e tornando-se pai, Polly encontrando seu filho perdido, e outras coisas não tão importantes. Quando finalmente chegamos ao local, pela janela da mansão observei literalmente toda a família reunida, comemorando algo que aparentemente era de grande importância.

━ Parece que cheguei em um momento de festa! ━ gritei deixando as malas pelo chão e erguendo os braços na direção de Polly ━ Mãezinha ━ corri até os braços também erguidos da mais velha ━ Quanta saudade senti da senhora.

━ Eu também querida, minha filha querida. ━ ela sorriu enquanto tocava meu rosto e o acariciava, como se fosse uma pedra preciosa.

Polly costumava me chamar de filha pois praticamente ajudou a criar-me. A considerava uma mãe realmente, já que meus pais nunca tinham sido os pais do ano, sempre preferi a casa dos Grays.

━ E eu não recebo abraço? ━ reclamou Arthur ao lado de Ada.

━ Venha cá você dois, estão tão lindos, meu Deus. ━ agarrei Ada e Arthur em um abraço apertado. ━ Muitas novidades John me contou no caminho, ainda estou tentando assimilar tudo, um filho Arthur? ━ ele apenas sorriu orgulhoso como resposta.

Todos então foram apresentados a mim, muitos dos presentes não conhecia. Thomas ainda não tinha aberto sua boca nem por um só instante para cumprimentar-me, ele mantinha seu semblante sério, com seu cigarro entre os dedos, o normal de Thomas Shelby. Se não o conhecesse tão bem, poderia comentar de forma depreciativa sobre sua falta de educação.

✓ ESPELHOS QUEBRADOS | Thomas ShelbyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora