06. A DESCOBERTA

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Já era de manhã quando que me levantei da cama de Charlie

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Já era de manhã quando que me levantei da cama de Charlie. A criança ainda dormia, me fazendo ficar aliviada, daria tempo de preparar seu café tranquilamente.

Tirei o cobertor de cima de mim e cobri melhor Charlie, em seguida lhe entreguei um beijo em sua bochecha e sai de seu quarto. Por mais que ele não soubesse, queria o fazer sentir amado por uma figura feminina, não substituir sua mãe, era impossível, mas talvez dar-lhe o carinho de uma. Desci as escadas e chegando na cozinha da casa, avistei Francis realizando seus afazeres e não pude deixar de questiona-la em relação ao silêncio extremo na casa. Silêncio esse que não era nada normal para uma casa cheia de pessoas problemáticas.

- Francis, bom dia. Cadê Thomas? - Perguntei.

- Senhora Ana, bom dia. Ele saiu bem cedo, a senhora Lizzie está no quarto dele, talvez ela saiba com certeza onde ele está. Estou preparando seu café e de Charlie.

- Obrigada querida, já irei acordar Charlie para se alimentar.

Assim que obtive a resposta, subi novamente as escadas por fim chegando ao quarto de Thomas, e realmente, Lizzie estava lá.

- Bom dia Lizzie, onde foi o Tommy? - Apoiei meu braço na porta enquanto esperava sua resposta, com o semblante fechado.

- Bom dia querida, Thomas foi resolver o que tinha para resolver em relação ao maldito Changretta. - Ela respondeu acendendo um cigarro.

- Pera ai, você sabe do plano? Como ele saiu sem avisar? - Questionei enfurecida.

Podia parecer estranho, mas minha preocupação não era com Thomas em si. Já tínhamos resolvido nossas questões, e por mais que fosse difícil esconder o que meu coração sentia, a mente precisava agir de acordo. Charlie sentiria falta do pai, e se o plano desse certo, seria fatal.

- É claro que eu sei, sou secretária de Thomas e também a mãe de um filho ou filha dele, obviamente eu saberia. Aliás, você não é apenas uma babá? Por que tantas perguntas? - Ela debochou.

Senti o tom de deboche na voz da mulher mas decidi não me rebaixar a seu nível. Quando ela falou de filhos meu coração pulou praticamente pela minha boca, não poderia ser verdade. Rapidamente fui ao quarto de Charlie ao ouvir seus murmurinhos, adentrei ao lugar empurrando a porta e cheguei até ele.

- Ei querido, o que foi em? Me diga? - Enxuguei as lágrimas do menino. - O que aconteceu Charlie?

- Eu quero minha mamãe, cadê a minha mamãe? - Ele respondeu no meio de muito choro e soluço.

- Ah querido venha cá. - Puxei ele para dentro de um abraço.

Nunca senti tamanha opressão dentro do meu ser como senti nesta manhã ao ver aquele pequeno ser humano chorando, pedindo por sua mãe morta. Querendo ou não Thomas precisava estar aqui, ele estava perdendo todos esses momentos de crises do seu filho, isso não é certo!

Peguei Charlie em meu colo enquanto ele ainda berrava e se engasgava em suas lágrimas, desci as escadas novamente o levando até a cozinha, mandei que Francis preparasse guloseimas, apesar de Thomas não gostar que o menino comesse porcarias. Assim que Francis atendeu meu pedido, sentei-me ao lado do pequeno e acariciei seus pequenos fios dourados enquanto lhe entregava um biscoito doce.

- Coma, vai sentir-se melhor querido. - Disse colocando o biscoito na boca dele. - Isso, coma tudinho.

- Você é a minha nova mamãe? - Ele questionou logo assim que parou de chorar.

- Charlie, eu não sou sua mamãe, sou apenas a sua titia, ok? Mas eu sempre farei tudo por você, como uma mamãe. - Coloquei um sorriso simpático em meu rosto. - Como prometido, hoje nós vamos andar a cavalo mas primeiro você precisa terminar seu café, ok?

- Tá bom titia, vou comer tudinho. - O pequeno sorriu.

Enquanto Charlie terminava seu café, caminhei até a porta da casa e fiquei encostada na mesma, estava precisando respirar aquele ar puro, o céu estava nublado, o dia era frio. Minha vontade real era de sair correndo e gritar o mais alto que eu pudesse pra que toda aquela dor saísse de dentro de mim, imaginar que Lizzie poderia estar realmente esperando um filho de Thomas era demais pra mim.

Assim que Charlie terminou seu café, veio correndo até meus braços, peguei o menino e sai da casa depois de ter colocado um chapéu preto de Polly que estava pendurado próximo a porta.

Andei pela cidade até chegar ao estábulo de Thomas, não era muito longe. Estava no local: Charlie Strong e Curly. Ambos me cumprimentaram e me levaram até a égua preferida de Thomas, consequentemente, de Charlie. Ela era perfeita, totalmente escura e seu pelo brilhava de tão sedoso que era.

- Nossa, ela está muito bem cuidada e linda.- Elogiei. - Thomas deve ter muito orgulho da equipe que tem aqui.

- Obrigada senhora. - Curly respondeu.

Assim que arrumei a sela, coloquei o pequeno Charlie em cima da égua e logo em seguida subi juntamente com ele.

Iniciamos então um curto passeio pela cidade. Estava tudo vazio como uma cidade fantasma e meus pensamentos ainda estavam nos meninos, só queria que tudo isso terminasse e que eles voltassem salvos para casa, sem nenhum ferimento de bala para customizar suas roupas.

Depois que a noite começou a surgir, voltei para o estábulo com a criança. Assim que deixamos a égua, retornamos para a casa de Tommy, acompanhados por Strong e Curly, e para a minha surpresa a família estava de volta sã e salva.

Pude respirar aliviada. Nada tinha acontecido. Por mais que não quisesse me envolver, era difícil. Tínhamos um laço de irmãos, nossas famílias sempre foram unidas, como se o mesmo sangue corresse por nossas veias. Admitindo ou não, os peaky blinders ainda eram a minha família.

✓ ESPELHOS QUEBRADOS | Thomas ShelbyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora